Quando iniciamos o Projeto Repórter do Futuro, há cerca de 15 anos, não tínhamos tamanha oferta de cursos de jornalismo. E a formação era, sem dúvida, melhor. Eram menos escolas, menos alunos e o contexto da comunicação, outro. Para mostrar como faz tempo, escrevíamos as matérias em velhas máquinas Olivetti, afundando o dedo no teclado. Nada desse fuzuê digital, com suas inúmeras possibilidades – para o bem e para o mal.
De lá para cá, muita coisa mudou. Uma, no entanto, permanece igual: a existência, ano após ano, de estudantes sérios e dispostos a serem bons jornalistas. Foi para eles que, naquela época, criamos, e nesse anos todos mantivemos – muitas vezes sem nenhum apoio – o Repórter do Futuro, um projeto pensado e feito para jovens que realmente querem ter um futuro na profissão.
A metodologia é a mesma do princípio da história: trabalhar aos sábados e nas férias. Aos sábados, realizamos palestras/entrevistas coletivas, que colocam os estudantes em contato com gente do primeiro time da vida brasileira. Nas férias, organizamos viagens para que esses futuros profissionais possam conhecer a realidade complexa, contraditória e indignante do Brasil.
A cidade em pauta
Esse jeito de fazer, que permite aos estudantes ‘brincar’ de jornalista – coisa que à época as escolas não faziam e que, mesmo com todo o discurso de ‘preparação para o mercado’ dos últimos anos, continuam a não fazer – marcou a vida de muita gente boa. E é assim, exatamente desse mesmo jeito, que realizamos os módulos do curso, com resultados extremamente satisfatórios.
Em quinze anos, atingimos um público que supera a casa do milhar. Não é pouca coisa, considerando que muitos desses estudantes hoje são profissionais bem posicionados. Alguns deles inclusive estiveram conosco no sábado (15/3), no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, quando fizemos mais uma seleção/confraternização de 20 estudantes para participarem do módulo deste semestre.
Em ano eleitoral, vamos discutir a cidade com os estudantes, no módulo ‘Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter’. Para o segundo semestre, estamos preparando várias atividades, entre elas a repetição do curso que realizamos em parceria com as Forças Armadas, no semestre passado, e que levou um grupo de 13 estudantes e 7 professores de jornalismo à Amazônia.
O curso, atualmente, é promovido pela ABI/SP – Associação Brasileira de Imprensa/Representação São Paulo, Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Cátedra Unesco de Comunicação, CNU – Canal Universitário de São Paulo, Oboré Projetos Especiais em Comunicação e Artes, Sinpro/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, TV Mackenzie, TV USP, WeDo Comunicação e conta com vários apoios.
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Jornalista, diretor da Oboré