Segundo novas regras impostas pelo Hamas, anunciadas na semana passada, jornalistas só podem trabalhar na Faixa de Gaza caso se submetam a severas restrições, noticia Sarah El Deeb [AP, 14/11/07]. Dentre as exigências, estão a necessidade de credenciais e a proibição de divulgar qualquer informação que ‘cause prejuízo à unidade nacional, incite crimes, ódio ou dissidência religiosa’.
Tais restrições fazem parte de uma lei palestina que existe desde 1995, mas que até agora não havia sido colocada em prática. Ihab Ghusssen, porta-voz do Ministério do Interior, informou que o governo planeja também impor restrições – ainda não definidas – para ‘qualquer evento público, passeata ou manifestação’ em Gaza.
Repressão
Sob pressão cada vez maior da opinião pública, a facção tem tentado aumentar o controle sobre qualquer manifestação ou notícia contrária a ela. Com isso, sobrou para a imprensa, censurada. ‘Isto mostra o quão profunda é a crise do Hamas’, opina Hani al-Masri, analista político na Cisjordânia.
Na semana passada, uma manifestação em homenagem a Yasser Arafat, no terceiro aniversário de morte do antigo líder do Fatah, terminou com o confronto entre membros dos dois grupos e com a prisão de centenas de ativistas do Fatah. Oito civis foram mortos e dezenas ficaram feridos por tiros de policiais. A passeata, que contou com mais de 250 mil pessoas, foi o maior desafio ao Hamas desde que seus membros tomaram o controle do território, em junho. O fechamento de Israel às fronteiras de Gaza, após a tomada do local, encerrou o funcionamento de fábricas, causou demissões e elevou os preços – o que vem gerando descontentamento da população.
Depois que as medidas foram divulgadas, Sawwah Abu Sayefum, cinegrafista palestino que trabalha para a emissora alemã ARD, foi detido na cidade de Khan Younis por não ter credencial, sendo liberado posteriormente. A Associação de Jornalistas Estrangeiros, que representa correspondentes em Israel e na Palestina, condenou a perseguição a jornalistas palestinos em Gaza pelas forças de segurança do Hamas. ‘As autoridades em Gaza devem respeitar a liberdade de imprensa e permitir que jornalistas possam trabalhar sem intimidação ou interferência’, declarou a organização.