A pré-candidata à Presidência da República pelo Psol, senadora Heloísa Helena, em palestra no dia 15 de maio a estudantes de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, que a ‘mídia legitima no imaginário popular o poder econômico dominante’. Convidada para o primeiro dia do Seminário de Comunicação e Política da Faculdade de Comunicação da Ufba, a senadora discorreu sobre o tema proposto pelo evento, ‘Mídia e poder na CPI’. Heloísa Helena fez duras críticas à imprensa, uma forte instituição de consolidação da ‘verborragia neoliberal sofisticada’, que apresenta uma ‘farsa técnica, contábil e administrativa’.
A senadora entende que a imprensa brasileira se divide em quatro times. O maior deles é formado pelos ‘dono da mídia’: Globo, SBT, Bandeirantes, Record, Rede TV e CNT. No segundo time estão os outros veículos (mais de 600) controlados por essas redes; no terceiro estão as filiais, ligadas à cabeça de rede, que apresentam normalmente ‘políticos por trás’, e no quarto time está a imprensa alternativa.
Com essa compartimentação da imprensa brasileira, a parlamentar alagoana considera que os meios de comunicação apenas reproduzem a mesma correlação de forças da sociedade, o que significa apoiar a inclusão do Brasil na globalização econômica e a total adequação à lógica subserviente ao capital financeiro. ‘Quem forma a opinião é a estrutura de comunicação, sobretudo, a TV’, afirmou a senadora a ratificar a visão de que a mídia nacional é instrumento de legitimação do neoliberalismo.
Sustentando uma visão restritiva dos meios de comunicação apenas como ferramentas para consolidação de interesses neoliberais adequados aos empresários do setor, Heloísa Helena pouco se ateve ao campo jornalístico, que, como tal, tem características próprias, entre elas o papel de fiscalização do poder público, o que lhe acrescenta credibilidade, portanto audiência, portanto publicidade. Essa lucidez a senadora apresentou muito timidamente ao dizer que ‘ela (a mídia) não é impermeável às pressões populares’.
CPI e mídia
O instrumento mais autêntico de real fiscalização do Poder Executivo. Assim a senadora definiu a CPI, mostrando que às comissões parlamentares de inquérito foi conferido o poder de investigação, a priori de competência constitucional do Poder Judiciário.
A pré-candidata do Psol mostrou-se indignada com o relatório final da CPI dos Correios, que poupou o presidente Lula. Segundo a senadora, o resultado poderia ter sido ainda pior, já que esboçou-se no Congresso uma tentativa de acordão entre PT, PSDB e PFL para retirar do relatório o nome ‘mensalão’.
Questionada pelo jornalista Cláudio Leal, do jornal A Tarde, se a CPI não teria sido pautada pela imprensa, a parlamentar novamente teceu críticas. ‘A mídia dá visibilidade ao que quer’, disse. A senadora mais uma vez mostrou visão reducionista da imprensa, ao subliminarmente considerar a pauta jornalística como mero resultado de um processo arbitrário e unilateral.
Heloísa Helena classificou o presidente Lula de incompetente. Ela se disse surpresa ao perceber que o governo brasileiro tinha sido pego de calças curtas frente à nacionalização do gás pelo presidente Evo Morales, já que o líder boliviano tinha como promessa de campanha a nacionalização.
Segundo a senadora, deve haver o respeito à autodeterminação dos povos, por ser um princípio constitucional brasileiro, mas o interesse nacional deve ser preservado e o governo brasileiro deveria agir com firmeza na defesa do patrimônio nacional em terras estrangeiras. ‘Fiquei chocada ao ver na televisão as tropas do exército boliviano ao redor da refinaria da Petrobras’, afirmou.
A senadora defende
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redução do superávit primário para 2,3%, destinado não ao pagamento de juros, mas para reserva de caixa em uma eventual crise externa;**
desoneração da carga tributária à classe média;**
publicidade oficial educativa;**
controle de capitais – recaptar a saída de capital;**
Financimemento do BNDES às empresas brasileiras, mas para investimento e não como ajuda para capital de giro;**
fim do sigilo bancário e telefônico de parlamentares;**
fim da imunidade parlamentar;**
fim do voto secreto.Frases
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‘Nunca confie numa mulher que diz a idade, porque ela é capaz de dizer tudo. Portanto, 43 anos’. Citando Oscar Wilde ao revelar sua idade.**
‘Não vivemos numa democracia’. Ao dizer que a imprensa não dá espaço a todos na cena política.**
‘Não tenho uma visão elitista e preconceituosa do Lula. Ele é brilhante, não é um acovardado e analfabeto’. Ao criticar o presidente pela corrupção no seu governo e sua incompetência na crise do gás.******
Estudante de Jornalismo da Ufba