Há treze anos um evento nacional tem incentivado – e muito – a melhoria da qualidade da produção laboratorial nas faculdades de Comunicação no Brasil. Trata-se da Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), promovida pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom) e coordenada desde o início pelo professor Paulo Rogério Tarsitano, da Universidade Metodista de São Paulo. A Expocom é uma mostra competitiva que anualmente reúne o que há de melhor na criação universitária no país, promovendo um intercâmbio muito interessante entre estudantes e professores-orientadores de diversos estados brasileiros.
Para se ter uma idéia, nesta edição a Expocom mobilizou milhares de estudantes de dezenas de faculdades de todo o Brasil, que foram estimulados a produzir uma grande quantidade de material para competir na mostra nacional. Aproximadamente 200 trabalhos de 42 instituições de ensino superior foram selecionadas na primeira fase da competição. Toda essa produção universitária de alta qualidade será exibida no Campus da Universidade de Brasília (UnB), a partir do dia 6 de setembro. Dessa forma, na solenidade de premiação, que será realizada no dia 8, estarão reunidos no mesmo anfiteatro os melhores alunos de Comunicação do país e, conseqüentemente, alguns dos grandes profissionais que em breve estarão atuando nos órgãos de Comunicação. Isso não é pouca coisa.
Minha experiência como professor de Comunicação Social mostra que a Expocom é a maior contribuição concreta de uma associação acadêmica para incentivar a qualidade na produção laboratorial no país. Ao serem incentivados a competir com os colegas de outras faculdades, os estudantes se entusiasmam e procuram dar o melhor de si para produzir excelentes jornais-laboratório, revistas digitais, vídeo-reportagens, fotografias, charges, programas de rádio e TV, campanhas publicitárias e outras peças nas 62 categorias das oito modalidades da exposição. Com esse estímulo os estudantes ficam visivelmente mais interessados em dedicar-se com afinco às exigências curriculares do curso. E alunos motivados são um prêmio para os professores!
Para o futuro
Além disso, a cada ano a Expocom consolida-se como um termômetro confiável para medir alguns aspectos da qualidade das faculdades de Comunicação do país. Cursos bem equipados e com um corpo docente qualificado tendem a levar mais alunos à final. Como o julgamento é realizado por equipes descentralizadas de diversas instituições de ensino, consegue-se um alto grau de independência. A meritocracia é o critério.
É por tudo isso que causa certa apreensão alguns comentários que vez ou outra circulam nos congressos da Intercom, afirmando que a Expocom não tem validade e deve ser ‘repensada’, porque não é ‘científica’. Ora, esse evento é uma motivação para a criatividade, para a inteligência e para a vontade de fazer bons trabalhos. Essa motivação é o primeiro passo para que os alunos valorizem o conhecimento, a disciplina e as teorias que fundamentam as práticas em comunicação. A Expocom contribui para formar o estado de espírito de pesquisadores apaixonados pelo que fazem. Ao aproximar alunos e professores-orientadores em um projeto em comum, o evento incentiva também o despertar dessa relação intelectual de confiança e aprendizagem mútua. Finalmente, a o evento da Expocom, por si só, acaba aproximando os estudantes das centenas de pesquisadores que participam dos núcleos de pesquisa no congresso, e assim contribui mais uma vez para instigar o interesse pela pesquisa acadêmica.
Portanto, além do incentivo à produção laboratorial, podemos dizer que a Expocom é também, direta e indiretamente, um dos maiores estímulos à futura produção científica em Comunicação Social no Brasil. Se não o maior.
******
Professor da Universidade de Uberaba, MG