Com o apoio do Sindicato Russo de Jornalistas e de centenas de veículos de comunicação nacionais e internacionais, colegas de Anna Politkovskaya publicaram, na quinta-feira, uma edição do Novaya Gazeta dedicada a ela. O tablóide de 16 páginas continha artigos sobre tortura, seqüestros e outros abusos sofridos por civis chechenos, além de homenagens à jornalista e uma lista com 211 profissionais de imprensa mortos na Rússia desde 1992. A mãe de Anna, Raisa Mazepa, também contribuiu, contando que pedia a filha que fosse mais cuidadosa em seu jornalismo.
Renegados
A veterana repórter investigativa foi executada a tiros no elevador do edifício onde morava, em Moscou, em 7/10. O Novaya Gazeta, em sua edição especial, afirmou que a polícia está seguindo três linhas principais de investigação para o assassinato, mas não entrou em detalhes. Em um texto encontrado no computador de Anna, ela descrevia como jornalistas eram tratados com renegados na Rússia – nunca convidados para eventos oficiais, forçados a se encontrar com membros do governo apenas clandestinamente.
Grande parte dos jornalistas do país era, afirmou ela, colocada em um jogo, onde sua única tarefa era fazer uma cobertura positiva do presidente Vladimir Putin. ‘O que eu fiz? Eu apenas escrevi sobre o que eu testemunhei, e nada mais’, diz o artigo, publicado na quinta-feira.
A edição também continha uma repreensão a Putin, que no dia do enterro de Anna diminuiu publicamente a influência de seu trabalho no cenário político russo. O Novaya Gazeta republicou instruções do governo para a correção de problemas causados pelas matérias dela. Segundo o jornal, cerca de 40 investigações criminais foram abertas com base no trabalho da jornalista. Informações de Judith Ingram [AP, 26/10/06].