O jornalista português Carlos Fino, que se tornou conhecido do público brasileiro pelo seu trabalho como correspondente da RTP durante a invasão americana ao Iraque, vem ao Rio no fim de abril para debater questões relacionadas ao jornalismo internacional. No dia 26, às 11h30, falará sobre ‘Jornalismo internacional e conflitos: o trabalho do correspondente de guerra’, no auditório do Centro de Produção Multimídia da UFRJ, no campus da Praia Vermelha. No dia 27, às 18h, estará na UFF para tratar do tema ‘Mídia e relações internacionais’, no auditório do ICHF, no Gragoatá (Bloco O).
Atual conselheiro de imprensa da embaixada de Portugal, em Brasília, Fino costuma ser lembrado como ‘aquele repórter do furo mundial’, por ter sido o primeiro a anunciar o bombardeio a Bagdá, levando a televisão estatal portuguesa a superar concorrentes muito mais poderosas, como a CNN e a BBC. É certamente uma simplificação, da qual entretanto é difícil escapar, e que eventualmente pode encobrir as qualidades mais relevantes do repórter, sobretudo sua capacidade de contextualizar as informações, desenvolvida ao longo de 30 anos de uma carreira marcada pelo trabalho como correspondente em Moscou e nos principais conflitos armados posteriores ao fim da União Soviética.
Porém, foi na esteira do interesse despertado pelo episódio do ‘furo mundial’ que Fino veio pela primeira vez ao Brasil, em maio de 2003, para uma série de debates, atraindo especialmente estudantes de Jornalismo. No fim desse mesmo ano, retornou para o lançamento de seu livro, A guerra ao vivo, um relato de sua experiência na cobertura dos três principais conflitos após o 11 de setembro de 2001 (Afeganistão, Palestina e Iraque), associando seu testemunho à análise política e à discussão sobre as condições de trabalho dos repórteres e cinegrafistas no local. É um exemplo da capacidade de reflexão do autor, que ultrapassa o nível empírico da narração de casos curiosos ou surpreendentes no qual os chamados ‘livros de jornalistas’ normalmente se esgotam, e que por isso confere especial interesse a encontros acadêmicos como os que decorrem na próxima semana.
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Professora da UFF, Niterói, RJ