Vinte e cinco jornalistas foram inocentados na semana passada da acusação de traição em um julgamento que envolve mais de 100 membros da oposição na Etiópia, informa Tsegaye Tadesse [Reuters, 9/4/07]. O caso, que revoltou grupos de direitos humanos e foi classificado por organizações internacionais de ter motivação política, teve início em dezembro de 2005. Na ocasião, 131 líderes da oposição, ativistas da sociedade civil e jornalistas foram indiciados por traição, incitar a violência e tentativa de cometer genocídio. As acusações seguiram dois protestos contra os resultados das eleições gerais de 2005, que deixaram pelo menos 80 mortos em conflitos entre manifestantes e forças de segurança.
Na semana passada, o juiz Adil Ahmed anulou as acusações de genocídio e traição, afirmando que a promotoria falhou em provar o caso. ‘A acusação não comprovou as acusações contra os 25 jornalistas’, teria dito o juiz antes de ordenar a soltura imediata dos profissionais de imprensa. Das 131 pessoas processadas, 45 já foram inocentadas e 36 são julgadas ‘in absentia’ (na ausência). Pela lei da Etiópia, condenação por genocídio pode levar à pena de morte.
A sansão severa à oposição acabou por prejudicar o primeiro-ministro Meles Zenawi, deixando dúvidas sobre seu respeito à democracia, e levou doadores como a Grã-Bretanha e a União Européia a interromper a ajuda à segunda nação mais populosa da África subsaariana. Meles já chegou a acusar a oposição de incitar a violência após as eleições com o objetivo de derrubar seu governo.