O evento não tinha caráter deliberativo, nem foi convocado com essa finalidade. Mas o fato de, pela primeira vez, as políticas de comunicação no Brasil merecerem um espaço institucional de discussão – promovido e apoiado pelo governo federal, e reunindo mais de 1600 delegados democraticamente escolhidos – causou um tremendo mal estar nas principais entidades empresariais representativas da indústria da mídia no país. Noves fora a cobertura enviesada dos veículos jornalísticos mais importantes.
A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), encerrada na quinta-feira (17/12), em Brasília, contou com apenas duas representações empresariais – a Associação Brasileira de Televisão (ABRA) e a Telebrasil, que reúne empresas de telecomunicações. A Abert (das emissoras de rádio e TV), ANJ (dos jornais) e Aner (das revistas), além dos empresários de internet, TV por assinatura e jornais e revistas do interior, abandonaram, já em agosto, a organização da conferência.
Debate público
Deveriam se arrepender dessa atitude. Demonstraram, com isso, uma anacrônica aversão ao diálogo. Estiveram, assim, voluntariamente alijados de um processo no qual o diálogo venceu a intolerância, a negociação impôs-se à democracia do grito. Tanto isso é verdade, que logo no segundo dia da conferência, a constatação de uma falha no processo de sistematização das propostas oriundas das conferências estaduais provocou imediata reação dos empresários participantes. Resultado: o impasse foi superado e os trabalhos retomaram seu curso.
E o resultado final das propostas indicou, no mínimo, que o debate público sobre a mídia ganhou um espaço importante com a realização da Confecom. E desse diálogo o empresariado não poderá se abster.