Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

O diploma e as platitudes

Decepcionado. Foi assim que me senti depois de ler uma série de absurdos escritas por um estudante de Comunicação Social da Universidade Federal de Roraima (UFRR) no site Fonte Brasil, a respeito da questão da exigência ou não de diploma universitário para exercer a profissão de jornalista.

Esse estudante já exerce a profissão há muito tempo e somente agora está se formando jornalista. Nada contra, afinal, eu também procurei a UFRR nove anos depois de iniciar a minha carreira, na Rádio Ponta Negra, em Santarém (PA) e somente oito anos depois é que consegui o meu diploma.

A luta continua

O que me causa estranheza é o fato de um jornalista por direito (e daqui a alguns meses, de fato) defender a não-exigência do diploma para o exercício da profissão. Ora, que alguns estudantes escrevem mal e alguns professores do curso deveriam estar noutra profissão, isso todo mundo sabe. Aliás, qual é o curso que não tem seu ‘calcanhar de Aquiles’? Mas, daí a defender os irregulares…

Se é assim, o que faz o dito jornalista no curso de Comunicação Social da UFRR? Sinceramente não entendi, já que o diploma não significa nada para ele. É por causa de opiniões medíocres desse tipo que a nossa categoria está empestada de maus profissionais. Qualquer ‘zé ruela’ acha que pode ser jornalista e começar a escrever, produzir ou falar os absurdos com os quais nos deparamos no dia-a-dia.

A questão ainda não está decidida, mas a luta continua no Supremo Tribunal Federal. Todo esse imbróglio começou quando a juíza-substituta Carla Rister, em 2001, não tendo nada mais importante para fazer, decidiu extinguir a exigência do diploma de curso superior em Jornalismo na obtenção do registro profissional para exercício da profissão de jornalista.

Ao Supremo

Não se trata de protecionismo, como disse o colega. Pelo contrário, é uma questão de justiça. Não podemos deixar que a nossa categoria seja ainda mais corrompida do que já está, com pessoas escrevendo e emitindo suas opiniões sem critério. Claro que, para ser jornalista é preciso, antes de tudo, ter vocação. Mas a formação acadêmica oferece base teórica e as técnicas necessárias para a construção de um texto limpo, ético, sem vícios, sejam eles de linguagem ou de caráter.

Dizer que o diploma de curso superior em Jornalismo não é importante para o exercício da profissão de jornalista é prestar um desserviço à educação do país, quando milhares de jovens estão há anos na universidade na batalha para concluir o seu curso de Comunicação Social, seja em faculdades particulares ou universidades públicas.

Respeito a opinião do colega, mas também defendo a tese de que, se não tenho respaldo para emitir opinião sobre determinado assunto que não domino, prefiro ficar quieto e, neste caso, esperar que o Supremo finalmente decida a questão.

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Jornalista, Boa Vista (RR)