Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

O jornalismo na era da convergência tecnológica

Recentemente, me deu na cabeça fazer um blog. A princípio pensei ser uma tarefa fácil. Mas, não. Por trás da simplicidade com a qual podemos criar um login, publicar textos, vídeos, imagens e ainda mudar cores e formatos, se esconde uma ferramenta complexa e de potencial assustador.

Weblog, etimologicamente falando, é uma ‘espécie de registro na web’ (Aguiar, 2006), que vai desde diários pessoais a importantes fontes de informação e entretenimento. Possuir um blog significa passar de consumidor a produtor de notícias. É poder informar a sua própria versão dos acontecimentos para um número jamais imaginado de leitores. É compartilhar as notícias da sociedade, da família, da empresa e até da própria vida. No blog, somos todos editores, escritores, independentemente da formação intelectual. Podemos escrever sobre política, criticar celebridades, contar sobre o dia-a-dia, divulgar a empresa e também noticiar de forma especializada determinados acontecimentos.

A rede aumentou a possibilidade de sermos informado e também de informar. Surgiram sites, salas de bate-papo, chats e blogs. Estes caíram na graça da ‘galera’. Crianças, jovens, adultos, velhos, professores, estudantes, médicos, empresários, personalidades públicas, enfim, muita gente aderiu ao que chamamos de blogosfera. Hoje, a arte de informar não é mais exclusividade dos jornalistas, que vivem em constante batalha com as tantas informações que surgem a cada dia.

Aguçar os ‘instintos jornalísticos’

A partir daí, pode-se dizer que a blogosfera surge como ruptura da antiga forma de se produzir informação. Anos atrás, as notícias eram produzidas apenas profissionalmente. Algo só ‘acontecia’ quando era publicado nos tablóides ou nos veículos radiofônicos. Os jornalistas, ou um grupo reduzido de intelectuais, e somente eles, eram responsáveis por todo o conteúdo divulgado nas rádios e nos impressos. Hoje não é bem assim.

Francisco Karam (2005, p.3) chama a atenção para certas mudanças que estão ocorrendo sob os nossos olhos, mas que nem sempre nos damos conta. Segundo ele, vivemos na era da convergência tecnológica, em que a Rede Mundial de Computadores (internet) pode incorporar todos os meios de comunicação até hoje desenvolvidos, como jornal, revista, rádio, TV, cinema e imagem fotográfica.

A partir desta concepção, Karam (2005) revela as mudanças que envolvem a prática jornalística frente a essa nova realidade. Afirma que a informação especializada, com a convergência tecnológica, vem sofrendo forte concorrência com informações de outros tipos. Essa análise nos leva, a princípio, à seguinte questão: estamos assistindo ao fim do jornalismo? Karam (2005) conclui que não. Estamos, na realidade, presenciando o nascimento de uma nova forma de fazer jornalismo. Um jornalismo mais dedicado à busca de informações, mais investigativo, profundo nas abordagens e com mais apuração.

É por estes e outros motivos que considero um grande desafio a produção de um blog. Para embarcar nesse novo mundo, desconhecido talvez, se faz necessário aguçar todos os ‘instintos jornalísticos’ – de uma só vez e em um só lugar.

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Estudante de Jornalismo, Faculdade Dois de Julho, Salvador, BA