Em sua coluna desta semana [9/10/05], o ombudsman do New York Times, Byron Calame, explica como a opinião dos leitores e como a maneira como eles são vistos pelos jornalistas e editores influenciam o trabalho da equipe do jornal. Para isso, Calame pediu a 50 funcionários do Times – do editor-executivo aos repórteres – para descreverem como eles vêem o público para quem escrevem ou editam. Mais da metade atendeu ao pedido de Calame e as descrições foram, em sua grande maioria, positivas.
O público, em números: a edição de domingo do Times tem 1.7 milhão de assinantes. Se for levado em consideração que o jornal é lido por mais de uma pessoa, o público total da edição impressa atinge um número muito maior. De acordo com a empresa de pesquisa Mediamark Research, aproximadamente 5.3 milhões de adultos lêem a edição de domingo do jornal.
A curiosidade do leitor foi a característica mais mencionada pela equipe do Times. ‘Eu acho que o leitor do Times é curioso, como alguém que vê a vida como uma contínua educação’, afirmou o editor-executivo, Bill Keller. Dan Wakin, repórter da seção de cultura, escreveu que os leitores que escolhem ler o Times ‘têm uma curiosidade inerente como parte de sua base intelectual’.
Além da curiosidade, Keller citou outros quatro atributos do leitor do Times: ‘Em segundo lugar, eu acho que nossos leitores são pessoas que usam as notícias. Eles são engajados. Em terceiro, acho que o nosso leitor típico é cético. Em quarto lugar, eu os considero ocupados e cuidadosos com seu tempo. Por último, acho que trata-se de alguém que ama a leitura’. Já o editor John Geddes acredita que, além de curioso, o leitor é também engajado e imprevisível. Jonathan Landman, editor administrativo, acrescenta que os leitores são inteligentes, sofisticados e bem educados.
Outros funcionários fizeram uma descrição mais específica do público a que servem. O editor da revista dominical do jornal, Gerald Marzorati, imagina seu leitor como ‘na faixa etária dos 30, do sexo feminino, uma advogada, professora ou empresária. Ocupada com a profissão e com problemas familiares, mas que na manhã de domingo se permite ler algo que não esteja relacionado ao trabalho ou ao dever de casa dos filhos’.
Muitos editores, incluindo a editora nacional Suzanne Deley, observaram que é preciso ter em mente dois tipos de leitores: ‘um é interessado em qualquer assunto que escrevamos e que vai ler a matéria, não importa do que se trata; o outro é aquela pessoa curiosa, mas sem muito tempo. Este segundo tipo é, na minha opinião, nosso grande desafio’.
Como um representante do leitor, Calame ficou satisfeito em descobrir que a equipe do jornal tem opiniões positivas sobre seu público e que há um grande respeito pela curiosidade, inteligência e sofisticação dele.