Responsável por 27% do comércio exterior brasileiro, o Porto de Santos pode ter a sua capacidade de operação quadruplicada, se todos os planos da Autoridade Portuária saírem do papel até 2020. É o que mostra a reportagem principal do suplemento Porto-Cidade, idealizado pelos jornalistas recém-formados Edenílson Cruz, Fabiane de Castro e Victor Goya em trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Comunicação Social do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP, por mim orientado.
Entre os projetos, a reportagem cita a implantação de um terminal da Brasil Terminal Portuário S.A. em área de 292 mil metros quadrados do antigo lixão do bairro da Alemoa, com custos estimados em 300 milhões de reais. O projeto prevê a construção de dois berços de atracação – um para cargas conteinerizadas e outro para granéis líquidos.
Os jornalistas recém-formados ressaltam também a implantação de projeto da Associação Brasileira de Terminais para Líquidos (ABTL) para a ampliação do píer da Alemoa. Na área continental, está prevista a instalação do Embraport do Grupo Coimex, com investimentos de 1 bilhão de dólares. ‘O projeto de maior vulto, porém, é o Barnabé-Bagres, complexo que será erguido nessas duas ilhas na margem esquerda do porto’, observou Cruz. ‘A expectativa é de aumentar em 120 milhões de toneladas a capacidade do porto, com custo aproximado de 2 bilhões de reais’, acrescentou.
Segundo o repórter, o projeto prevê investimentos em shiploaders e guindastes, armazéns, silos, pátios e depósitos em tanques. ‘São seis milhões de metros quadrados de retro-água, 11 mil metros de cais e 50 berços de atracação, com 220 metros de comprimento médio cada um’, disse.
Perdas ‘colossais’
O suplemento, um projeto-piloto com formato standard para um jornal diário de grande circulação, tem seis páginas dedicadas só a temas portuários com entrevistas com especialistas, além de reportagens sobre a construção das avenidas portuárias e a questão da dragagem do canal do estuário e sua baixa profundidade.
Numa das reportagens, sindicalistas pedem às autoridades que olhem com atenção para a questão social. ‘Nos países em que foram feitos grandes investimentos na infra-estrutura portuária, os legisladores não se esqueceram da situação do trabalhador e isso tem de ocorrer aqui também’, disse Jair José Dantas, secretário-geral da Federação Nacional dos Estivadores.
Já o presidente do Sindicato dos Transportes Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), José Luiz Ribeiro, reclamou que, até agora, todas as providências para evitar o caos logístico no Porto de Santos têm se limitado a planejamentos. ‘O porto já trabalha no limite’, disse, em entrevista à repórter Fabiane de Castro.
Em entrevista ao grupo, Rubens Fortes, que trabalhou por 40 anos na área administrativa do Porto, reclamou das perdas salariais das categorias portuárias que ‘foram colossais’. Segundo o ex-administrador portuário, com a privatização, os atuais arrendatários da infra-estrutura pública vêm fazendo investimentos para dominar segmentos do mercado e rotas mais rentáveis, ‘procurando matar os concorrentes menores para estabelecer seus feudos’.
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Doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003)