O jornalismo está em evolução constante. Desde o processo gráfico à linguagem utilizada, a profissão nunca esteve em efervescência como na última década. Apoiado na internet, o jornalismo mundial quebrou as barreiras de espaço-tempo. Se com os aparelhos de fac-símile a transmissão de informações havia se tornado quase imediata, com a internet ela passou a ser instantânea.
Porém, se a forma como as histórias são contadas se modificou, o mesmo não pode ser dito a respeito do processo de produção. Basicamente, as notícias ainda são formadas pelo conjunto de seis elementos que compõem o lead: 1) quem; 2) o que; 3) quando; 4) onde; 5) como; e 6) por quê. É verdade que com o tempo tornou-se impossível que todas estas informações fossem utilizadas em apenas um único parágrafo. Dividiu-se então o texto em subleads, pés etc.
Mas o conjunto de perguntas permanece inalterado desde a Guerra Civil Americana, quando o diretor da Associated Press Melville E. Stone recomendou a seus repórteres que enviassem essas informações antes das demais, de modo que, caso a transmissão – onerosa e precária – dos telégrafos caísse, a matéria poderia ser concluída por outro jornalista.
Com a necessidade de informações cada vez mais expressa na velocidade e na dinamicidade, porém, o leitor (ouvinte, espectador, internauta) anseia estar à frente dos fatos. Isso é crucial num mundo cruelmente competitivo, no qual a informação é, sem dúvida, a mercadoria mais importante.
Completando a estrutura
Tendo esta análise em vista, o c-leading (ou consequence leading) – termo criado pelo autor em sua monografia de conclusão de curso – surge justamente para selar o vácuo existente entre o fato (o que), a justificativa (por que) e a conseqüência (c-leading). Em suma, o elemento c-leading resume a frase ‘qual a conseqüência disso?’. A expressão foi utilizada porque proporciona a possibilidade de aproximação entre o veículo de comunicação e o receptor da notícia, valendo-se para isso apenas de uma pequena alteração: ‘Qual a conseqüência disso para meu estado?’ ou ainda ‘qual a conseqüência disso para minha cidade?’. Mesmo fatos com proporções globais atingem a vida de pessoas comuns e esta aproximação torna a notícia mais familiar a um leitor que se acredita distante dos acontecimentos mundiais. Atrai, portanto, a atenção do público.
Ao partir do pressuposto de que toda ação tem sua reação, logo, todo fato tem uma conseqüência. É bem possível ainda que se um fato não produz nenhuma conseqüência, não tem relevância suficiente para ser veiculado. O jornalista deve saber explorar essas conseqüências da melhor maneira possível para que sejam abordadas as mais prováveis, com a finalidade de orientar o leitor ao futuro.
O c-leading é o elemento que tenta encerrar o ciclo temporal de um fato, ao considerarmos que ele reúna um passado/motivo (por que), um fato propriamente dito (o que) e, ao menos, uma conseqüência (c-leading).
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Jornalista, Florianópolis