Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Para uma história da mídia digital

O Grupo de Trabalho de História da Mídia Digital reuniu 18 pesquisadores de seis estados brasileiros, representando 13 universidades, no II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, realizado em Florianópolis entre os dias 15 e 17 de abril. Os cinco trabalhos, apresentados no GT revelaram que o grupo está se consolidando por meio de um perfil multidisciplinar. Os temas foram os entraves no ensino dos conceitos digitais, as múltiplas possibilidades da intranet, narrativa dos meios de comunicação analógicos e digitais, o estudo comparativo entre os jornais online Terra Notícias e Diário Catarinense e a evolução da informação online e a sua contínua adaptação à prática do jornalismo.

Para o coordenador nacional da Rede, professor José Marques de Melo (USP/Umesp), o GT da História da Mídia Digital, apesar da área pesquisada ser muito recente, tem como função criar uma consciência conservacionista, ou seja, escrever a história do cotidiano digital. ‘O GT deve preservar a memória para ir construindo a história’, afirmou.

Papers

O trabalho exposto pelo professor Walter Lima (Unifiam/SP) teve como preocupação central os entraves para a consolidação dos conceitos digitais no ensino do jornalismo e mostrou que as principais dificuldades estão no medo do novo, a falta de informação e, principalmente, na formação de muitos professores com o embasamento nas teorias difundidas pela Escola de Frankfurt – que é contrária, em muitos princípios, aos pensamentos de Marshall McLuhan.

Já Maria Patrícia Borges (PUC/SP) explanou sobre a investigação e o resgate dos elementos e códigos comuns, presentes na narrativa dos meios de comunicação analógicos e digitais, visando compreender as características entre suas divergências e convergências e, também, o conceito atribuído por Lev Manovich ao denominá-las ‘novas e velhas mídias’. Para ela, a nova mídia define-se como mídia analógica convertida em representação digital. A pesquisadora afirmou que a mídia existente pode ser traduzida em informação numérica, que gera cópias sem degradação de qualidade, enquanto que a ‘velha mídia’ é analógica, contínua, que gera cópias com diferentes qualidades. Maria Patrícia questionou a razão de se chamar a mídia tradicional de ‘velha mídia’, pois ela se vale das novas tecnologias, tanto na produção quanto na edição.

Técnicas variadas

O pesquisador André Quiroga Santos (Feevale/RS) mostrou que as modificações sociais impactam as empresas, pois elas buscam estar sintonizadas com os avanços tecnológicos de forma a se manterem competitivas. Por meio de um recorte mais especifico e do posicionamento histórico da intranet, o autor apontou para as transformações que os instrumentos tecnológicos trarão às organizações e aos profissionais envolvidos em sua utilização.

A internet móvel é o tema da pesquisa do mestrando Paulo Henrique Oliveira Ferreira (ECA/USP) apresentada no GT. Ele mostrou que há relação entre a evolução da informação online e a contínua adaptação da prática do jornalismo a cada novo ciclo de inovação tecnológica. No estudo, Paulo Henrique mostra que desde o telégrafo de Morse, quando foi inaugurada a informação online, até os dias de hoje, o jornalismo tem absorvido estas inovações para a difusão do conteúdo produzido, tendo em cada suporte midiático suas próprias características de exploração da notícia – seja por intermédio de uma linha telegráfica, de um computador pessoal ou em um celular.

Para finalizar os trabalhos do GT, Sandro Lauri Galarça (Univali/SP) apresentou um artigo que é o resultado do estudo comparativo de casos, representados por dois jornais online: Terra Notícias e Diário Catarinense. O estudo teve como ponto de partida o estabelecimento das seguintes categorias: conteúdo disponível, ergonomia do sistema hipermídia e recursos de interatividade, levantados a partir de uma revisão bibliográfica sobre o tema. No trabalho foram utilizadas técnicas variadas de pesquisa, como o levantamento bibliográfico, aplicação de questionário para obtenção de dados quantitativos e observação estruturada a partir de categorias pré-estabelecidas, com a finalidade de verificar a avaliação dos internautas catarinenses em relação aos dois jornais on-line em questão.

Todos os trabalhos apresentados durante o II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho estão disponíveis no site (www.jornalismo.ufsc.br/redealcar) .

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Coordenador do GT da História da Mídia Digital