Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Verlaine

‘Manchete do O Povo do último dia 8 diz: ´624 alunos de escolas públicas entram na UFC´. No dia seguinte, o editorial do jornal reproduziu a manchete, para celebrar o ingresso no terceiro grau desse contingente oriundo dos estabelecimentos oficiais de ensino. Eles passaram no vestibular da Universidade Federal do Ceará, o mais concorrido deste Estado, onde os alunos das escolas particulares ficam com a grande maioria das vagas.

O objetivo foi o de lançar um desafio ao poder público, porque, afora o heroísmo dos 624 alunos das escolas públicas aprovados este ano, não há grandes motivos para comemorações na esfera estadual.

Há motivo para lamentações. Ano passado, houve 861 aprovados, isto é, ocorreu em 2008 uma significativa diminuição do número de estudantes da escola pública aprovados no vestibular da UFC. Queda acentuada: 237 a menos.

Fábio Campos, na Coluna Política, há muito chama a atenção para o problema, exortando o Governo do Estado a divulgar na imprensa a relação dos alunos da escola pública aprovados na UFC, como uma maneira de valorizar a escola pública.

´Poderia a atual administração traçar a meta de, pelo menos, mil aprovados para este ano?´, indaga o texto apresentador do editorial. Pelo quadro desalentador que se observa na educação básica pública no Ceará, esta meta está muito longe de vir a ser alcançada. Um dos objetivos da educação básica é o de proporcionar ao aluno condições de continuar os estudos em campos específicos em fases posteriores, de acordo com os anseios e preferências de cada um. É obrigação.

Princípio da divergência

A propósito do comentário ´E o princípio da divergência?` (coluna Ombudsman, do último domingo, 10/2), recebemos do editor de Opinião do O Povo, Valdemar Menezes, os seguintes esclarecimentos: ´Os artigos publicados não foram pautados, mas enviados espontaneamente. Você poderia reclamar se houvesse uma deliberação da Editoria de Opinião de não publicar artigos favoráveis ao aborto. Estamos ainda na fase do fluxo normal e espontâneo do assunto, deixando florescer a movimentação na sociedade, que termina fluindo para as páginas de Opinião. Chegará em breve o momento de fazer uma página de debates, específica´.

Provincianismo

Artigo ´Infidelidade tem preço` (Opinião, página 4, 12/02), da professora e jornalista Adísia Sá, toca na mania dos vereadores de Fortaleza – de políticos em geral – de trocar nomes de ruas consagrados pelo de pessoas famosas falecidas.

A ´homenagem` a dom Aloísio Lorscheider, pretendida pelo vereador Paulo Mindello (PSB), de dar o nome do cardeal à avenida Beira Mar, terminaria sendo um desserviço, porque a população nem sempre aceita novos nomes para vias com denominações já consagradas.

Por que não batizar de D. Aloísio Lorscheider a próxima grande avenida a ser construída na capital cearense ou a próxima grande obra da Prefeitura ou do Governo do Estado (algumas já estão anunciadas). É preciso acabar com o nome Beira Mar?

A avenida – inaugurada no final da gestão do prefeito Cordeiro Neto – já teve seu nome mudado para Presidente Kennedy logo depois do assassinato do presidente norte-americano, em 1963. A população simplesmente desconheceu a inovação e continuou a chamá-la de Beira Mar até que, por volta dos anos 80, se não me engano, a antiga denominação voltou. D. Aloísio merece uma homenagem melhor.

Informação escondida

O título da coordenada (matéria subordinada à manchete) do último sábado (9/02, Política, página) diz: ´Governo deixa perguntas sem resposta´. Mas a informação mais importante está no final da matéria, bem discreta: ´ O Povo apurou que o avião foi fretado da TAF Linhas Aéreas, empresa que o chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho, disse que não mais seria contratada pelo Governo depois de um acidente, no ano passado, que obrigou a um pouso forçado um helicóptero da companhia em que viajava o governador Cid Gomes´.

Mapa das multas

Manchete ´Saiba onde mais se multa em Fortaleza` e a reportagem ´O mapa das multas em Fortaleza` provocaram reações diferentes em dois leitores.

O advogado Carlos Mourão acha que o jornal reforçou o que ele considera ´indústria das multas` ao ouvir somente a versão da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC). Ele lamenta que pessoas multadas não tenham sido entrevistadas pelo repórter. Indaga ainda se O Povo checou os números apresentados pelo presidente da AMC, Flávio Patrício: ´Os gastos com engenharia de tráfego consomem 54% desse valor. A fiscalização fica com 8%, enquanto 8% vão para projetos educativos´. Diz também que o cruzamento mostrado na foto da matéria é uma verdadeira ´armadilha` e reforça a idéia da ´multa pela multa´. Ele é de opinião que as autoridades devem orientar antes de multar.

Opinião totalmente contrária tem o professor Paulo Marcelo Farias Moreira, da UECE: ´O jornal traz uma boa notícia para os que acatam as normas estabelecidas pelo CBT e para os pedestres, mostrando que a AMC não dá trégua aos infratores´.

Carnaval x Verão Vida & Arte

Leitor Antonio Estevam Neiva estranha a diferença entre as coberturas dadas pelo O Povo aos acidentes na avenida Domingos Olímpio (domingo de Carnaval, durante o desfile dos maracatus, promoção da Prefeitura Municipal de Fortaleza) e no Castelão (Verão Vida & Arte, evento promovido por este jornal). ´Estará O Povo trabalhando com dois pesos e duas medidas?´. É a indagação de Neiva.

Até domingo.’