O Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) vem a público manifestar seu apoio à proposta da Comissão de Especialistas para as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino de Jornalismo entregue no dia 18 de setembro de 2009 ao ministro de Educação, Fernando Haddad.
No entendimento do FNPJ, independentemente de aperfeiçoamentos pontuais que possam surgir, a proposta da Comissão de Especialistas atende às antigas aspirações não só de atualizar as diretrizes em relação aos novos cenários tecnológicos, sociais, políticos e culturais, mas, sobretudo, de promover a devida concentração na especificidade teórica e técnica do jornalismo. Ela está em perfeita sintonia com as aspirações das sociedades democráticas e coloca a interdisciplinaridade no seu devido lugar conceitual, ao evidenciar a importância e a especificidade da disciplina Jornalismo, o que propicia as condições para o diálogo com as demais.
Uma leitura atenta do documento permite verificar que o fato lógico de concentrar-se na profissão para a qual se pretende preparar os estudantes não prioriza a formação técnica e não separa o jornalismo da comunicação, como equivocadamente se entendeu inicialmente. A teoria e a técnica estão devidamente articuladas no texto e o jornalismo está fortalecido como o objeto natural do ensino, da pesquisa e da extensão, como uma forma de comunicação específica e fundamental para a democracia, dentro do conjunto das práticas de comunicação, que também se fortalece num cenário de respeito às naturais diferenças internas.
Com a criação do curso de jornalismo, abre-se o caminho para corrigir distorções históricas, dentre as quais merece destaque, neste momento em que as escolas se preparam para o Enade, o atual sistema de avaliação do ensino superior. Concebido pelo INEP sobre a estrutura formal de Curso de Comunicação (que não tem correspondente profissional), o Sinaes considera essencialmente iguais as teorias, as técnicas e as práticas laboratoriais de jornalismo, propaganda e publicidade, relações públicas e cinema, assim como os conhecimentos exigidos dos docentes e as estruturas gerais de ensino. Trata-se de um prejuízo imenso para a qualidade não só do curso de jornalismo, mas de todos os cursos da área da comunicação, equivocadamente classificados como habilitações.
A esperança do FNPJ é de que o ministro Fernando Haddad e a Secretária de Ensino Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci, enviem o projeto, sem alterações de conteúdo, ao Conselho Nacional da Educação, respeitando a vontade histórica de estudantes, jornalistas, professores e pesquisadores em jornalismo de todo o Brasil. A expectativa é de que o Conselho aprove rapidamente o projeto para que, no mais tardar, no início de 2010, os cursos de jornalismo possam iniciar a adaptação de seus projetos pedagógicos e suas matrizes curriculares.
O FNPJ enaltece o trabalho democrático, profundo e corajoso da Comissão de Especialistas do MEC, presidida pelo professor José Marques de Melo e integrada pelos professores Alfredo Vizeu, Eduardo Meditsch, Lúcia Maria Araújo, Luiz Gonzaga Motta, Manuel Carlos Chaparro, Sérgio Augusto Matos e Sônia Virgínia Moreira. [Brasília, 22 de setembro de 2009]
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Presidente do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ)