Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Quem fala aos jornais?

As fontes são fundamentais para a compreensão dos fatos, auxiliando o jornalista na produção de uma notícia. Elas podem ser pessoas ou instituições que são a base e a comprovação das informações publicadas pelos jornalistas. Além disso, acrescentam credibilidade às matérias, pois o leitor quer saber de onde vieram as informações. É dever do jornalista contrapor os pontos de vista dos envolvidos, para que o leitor forme sua opinião diante do que foi exposto. Nesta edição, o Monitor de Mídia fez uma análise quantitativa e qualitativa das fontes nas edições do dia 21/5 nos três principais jornais catarinenses: A Notícia, Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina.

Foram contabilizadas todas as matérias e notas dos jornais. Por disporem de pouco espaço, as notas geralmente não apresentam fontes e não trazem informações detalhadas. Colunas e seções de opinião foram desconsideradas, pois o critério era usar o espaço essencialmente informativo. As sub-retrancas, ou seja, matérias ligadas a uma outra, foram registradas uma vez só, sob o título da principal.

Segundo Nilson Lage, em seu livro A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. As fontes podem ser classificadas em: oficiais, oficiosas e independentes. As fontes oficiais ‘são mantidas pelo Estado; por instituições que preservam algum poder de Estado, como as juntas comerciais e os cartórios de ofício; por empresas e organizações, como sindicatos, associações, fundações etc. As oficiosas são aquelas que, reconhecidamente ligadas a uma entidade ou indivíduo, não estão, porém, autorizadas a falar em nome dela ou dele, o que significa que o que disserem poderá ser desmentido. E as fontes independentes são aquelas desvinculadas de uma relação de poder ou interesse específico em cada caso.’

A Notícia

O jornal A Notícia surpreendeu ao apresentar um número superior de fontes ‘Pessoa Física’ em relação às institucionais nas matérias desta edição. De um total de 50 fontes identificadas nas matérias, 56% eram independentes.

Isso é um ponto positivo, uma vez que o periódico não priorizou somente fontes autorizadas, correndo o risco de se tornar um ‘Diário Oficial’.

O jornal apresentou 69 matérias, das quais 38 apresentaram fonte. As demais – que não publicaram a procedência dos dados – eram notas.

Confira a tabela do NA

Diário Catarinense

Na edição analisada, o Diário Catarinense apresentou um total de 79 matérias; dessas, 37 não apresentaram fonte. Em geral, matérias sem fontes são encontradas nos cadernos de lazer e na editoria de esporte.

Apesar disso, matérias ‘grandes’ como ‘Itaipu alcança hoje sua capacidade máxima’, ‘Quatro fogem pelo duto de ventilação’, e ‘SC têm três homicídios no fim de semana’ não apresentaram nenhum depoimento ou menção de alguma pessoa/instituição. Considerando que estes textos tratam de assuntos de interesse público – um dos mais relevantes valores-notícia – é indispensável que apresentem a procedência de seus dados.

A respeito das 42 matérias que apresentaram fonte, observou-se um equilíbrio entre ‘Pessoa Física’ e ‘Institucional’. Estas apareceram em maior número (das 80 fontes encontradas na edição, 51% eram oficiais).

Confira a tabela do DC

Jornal de Santa Catarina

No dia analisado, o Jornal de Santa Catarina apresentou fontes em 35,7% de suas 42 matérias e mais da metade sem fonte. Grande parte destas últimas eram notas. Em relação às matérias com fonte, 59,02% eram institucionais, ou seja, vinculadas a alguma instituição ou organização. O povo teve voz em somente 40,7% do total de textos.

De certa forma, as fontes mostraram-se equilibradas, porém não se deve sempre priorizar as fontes institucionais. Quando houver uma fonte física que apresente credibilidade e conhecimento sobre o assunto, deve-se dar preferência, pois é uma opinião independente.

Confira a tabela do JSC

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Crítica de mídia: crescimento e planejamento

A crítica de mídia desenvolvida em universidades e faculdades brasileiras está em alta. Em diversas partes do país, professores e alunos têm implantado projetos de acompanhamento dos meios de comunicação. São projetos de extensão, que orientam o público a como lidar com a mídia e a como consumir informações de forma crítica. São projetos de pesquisa que investigam aspectos importantes da relação da sociedade com os meios de comunicação.

Muitas dessas iniciativas acadêmicas estão hoje reunidas numa rede nacional. Este coletivo foi criado no final de 2005 e recebeu o nome de Renoi, sigla que traduz isso mesmo: uma rede nacional de observatórios de imprensa. Este Monitor de Mídia compõe a Renoi e ajudou a criá-la, o que nos dá muita satisfação. Por isso, dedicamos este editorial à Renoi. Afinal, nesta semana, de 31 de maio a 2 de junho, a rede promove o seu primeiro encontro nacional, em Vitória (ES). O evento tem como objetivo principal juntar os principais projetos de crítica de mídia desenvolvidos em todas as regiões brasileiras. Juntar e fazer dialogar, trocar experiências, planejar os próximos passos da rede.

O organizador do encontro, professor Victor Gentilli, da Universidade Federal do Espírito Santo, tem afirmado que o evento será uma bem recheada reunião de trabalho, com a apresentação dos projetos mais consolidados, mini-cursos, discussões metodológicas, entre outras atividades. Este Monitor de Mídia não só participará do encontro, como também projeta nele grandes esperanças de uma maior articulação daqueles que se ocupam da crítica de mídia. A criação de uma rede nacional de pesquisadores não é uma tarefa fácil. Mantê-la produtiva e atuante muito menos. E possibilitar que haja expansão das atividades, de forma coordenada e estratégica, é uma preocupação só de quem quer dar perenidade a um projeto. É o caso da Renoi.

Sim, será uma reunião de trabalho. Mas a realização do evento já é uma grande conquista. A cidade-anfitriã não poderia ser outra. Tanto pela beleza quanto pelo que anuncia o seu nome: Vitória.

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Renoi promove seu primeiro evento

Acontece de 31 de maio a 2 de junho o 1º Encontro Nacional de Observatórios de Imprensa, promovido pela Rede Nacional de Observatórios de Imprensa, a Renoi.

O evento é voltado aos membros da rede, de todo o Brasil.

Veja a programação:

DIA 31 de Maio (Quinta-Feira)

Solenidade de abertura
20h Auditório do CEFD (Centro de Educação Física e Desportos)

Conferência de abertura
Prof. Dr. Luiz Gonzaga Motta UnB – Mídia & Política – impasses e desafios da crítica de mídia na nova realidade brasileira

Dia 1 de Junho (Sexta-Feira)

8h às 10h – Atividades, oficinas, mini-cursos voltados para estudantes, bolsistas (aplicações e atividades-piIloto de metodologias)

10h30 às 12h30 Mesa 1 (Cemuni V sala 3) – As experiências dos grupos mais consolidados
Rogério Christofoletti (Monitor de Mídia); Allan Novaes (Canal da Imprensa), Ana Prado – Unama e Luiz Martins – UnB (SOS Imprensa)

14h30 às 16h30h Mesa 2 (Cemuni V Sala 11) – Os grupos mais recentes: problemas e dificuldades
Marcos Santuário Feevale; (Mídia em Foco), Jussara Carvalho de Oliveira (Unilinhares), Kelly Prudêncio (UPG); Wellington Pereira (UFPB) e Angela Loures (Unitau)

16h30 às 18h30 Mesa 3 (Cemuni V sala 11) – A imprensa diante da crítica de dimensão nacional
Luiz Egypto (Observatório da Imprensa); Guilherme Canela (Andi) e Thaïs de Mendonça (Midia & Política)

Dia 2 de junho (Sábado)

8h às 10h – atividades, oficinas, mini-cursos voltados para estudantes, bolsistas (aplicações e atividades-polito de metodologias)

10h30 às 12h30 Mesa 5 (Cemuni V sala 3) Apresentações de trabalhos de IC, TCCs, Projetos Experimentais Apresentação de posters

14h30 às 16h30 Mesa 5 (Cemuni V sala 3) – Os novos desafios metodológicos para a crítica de mídia
Josenildo Luiz Guerra – UFS, Fábio Henrique Pereira – UnB; Rogério Christofoletti – Univali; Victor Gentilli – Ufes

14h30 (auditório pequeno) Reunião plenária
a) avaliação da reunião
b) a consolidação da rede – laços com SBPJor e outras redes
c) Próximas atividades (treinamento e capacitação para a primeira grande pesquisa nacional da rede)
d) Institucionalização da rede
e) O que houver

Mais informações no site do evento.

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Táticas de uma pesquisa esportiva

Fabíola Obadovski da Rosa

A pesquisa Jornalismo Esportivo no Vale do Itajaí – O perfil dos comunicadores da região teve início em agosto de 2006, com a orientação do professor Sandro Lauri Galarça. O objetivo do estudo é traçar um diagnóstico da cobertura esportiva respondendo a questões como: quem são os comunicadores? Como os veículos trabalham essa editoria? Qual o espaço dedicado a ela?

O primeiro passo foi ler e fichar o livro Jornalismo esportivo, do jornalista Paulo Vinícius Coelho. Através dele foi possível entender um pouco da história recente do jornalismo esportivo e ter um panorama de sua situação no Brasil. No início esta área enfrentou preconceitos nas redações, mas superou, ganhou espaço e notabilidade. Com isso, surgiram cadernos e jornais dedicados somente ao jornalismo esportivo, com leitores, ouvintes e telespectadores assíduos.

Mesmo com o destaque dos últimos anos, este campo ainda tem muito que crescer, principalmente no interior. Além disso, o mercado de trabalho tem espaço e carece de especialização. Os profissionais mais antigos e com maior experiência aprenderam o ofício no dia-a-dia, uma prática tradicional até então. Para comprovar tudo isso, as idéias são construídas com o recolhimento gradativo de depoimentos de jornalistas atuantes na área.

Cada meio tem suas especificidades – como nas emissoras de rádio, em que o mais freqüente é encontrar profissionais sem formação acadêmica em Jornalismo. Eles começaram na rádio em funções longe das redações, por paixão, pela voz bonita ou por agarrar uma oportunidade foram parar no departamento de jornalismo.

Na televisão e no meio impresso, é mais comum encontrar jornalistas com formação acadêmica. São repórteres que cobriram algumas matérias e migraram para o esporte, ou iniciaram a carreira na área e não saíram mais. Paulo Vinícius Coelho já diagnosticou em seu livro: ‘É para ela que seguem os focas, novatos que chegam sedentos de trabalho e de crescimento profissional. É assim desde que o jornalismo escreveu sua primeira página. As portas de entrada para os novatos são a editoria de esportes e a de cidades’.

A cobertura do esporte na região, como em todo o país, ainda é pautada pelo futebol, isso porque a modalidade é paixão nacional e sinônimo de audiência. Contudo, as outras categorias conquistam aos poucos espaço e prestígio, principalmente nos jornais locais onde o esporte amador ganha destaque. Nas emissoras visitadas até agora foi possível perceber a divulgação de esportes prestigiados na região, como esportes ligados ao mar, por exemplo.

A pesquisa está em andamento, mas já é possível perceber a importância de mapear o perfil dos comunicadores de esporte da região. Com um diagnóstico final será possível definir os espaços a serem conquistados no mercado e abrir oportunidades para os novos jornalistas. Além disso, as carências dos profissionais que já trabalham na área poderão ser entendidas. Esta pesquisa é apenas um dos inúmeros passos que precisam ser dados para aperfeiçoar e melhorar a comunicação na área esportiva.

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É só clicar no play
Joel Minusculi

Enquanto os estudiosos ainda desenvolvem os conceitos de uma internet 3.0, os usuários já aproveitam as vantagens da versão atual. Nesta segunda geração da grande rede, o internauta não é mais um mero espectador, mas, sim, um protagonista. A participação é cada vez mais intensa, principalmente com o desenvolvimento de serviços que permitem a transposição do cotidiano para o meio eletrônico. Este fenômeno virtual, junto com a natural curiosidade humana pelo próximo, cria uma espécie de reality show e uma disputa pela popularidade.

Os primeiros blogs foram diários abertos para o mundo. Neles, as pessoas relatam seu cotidiano, para outros lerem e comentarem os fatos. Depois vieram os fotologs, com a mesma estratégia, só que apoiados em imagens. E, desde 2005, o YouTube é a principal referência ao oferecer hospedagem de vídeos – e, talvez, a realização do sonho das pessoas de se verem em uma ‘telinha’.

Em 2006, a revista americana Time elegeu o YouTube como a melhor invenção do ano por, entre outros motivos, ‘criar uma nova forma para milhões de pessoas se entreterem, se educarem e se chocarem de uma maneira como nunca foi vista’. Além disso, a diversidade de temas disponíveis é tão grande quanto a quantidade de usuários, cadastrados ou não, do serviço.

Como um canal disponível para qualquer um, o site virou uma plataforma para a fama. O conceito de ‘uma câmera na mão e uma idéia na cabeça’ é aplicado em seu sentido mais inusitado, para com isso conquistar público e número de acessos. Surgem com isso verdadeiras pérolas, que vão desde recordações de família, até flagras indiscretos.

O YouTube é um fenômeno transformador, desde a política até a cultura pop. O site é uma das melhores soluções para veiculação de conteúdo, justamente por seu caráter popular e de fácil navegação, através da busca por tags dos assuntos relacionados. Iniciativas virtuais, como a Good Magazine, usam desta vantagem para apoiar seu conteúdo em multimídia, no sentido mais prático da construção coletiva do conhecimento. Porém, nem todos usam com esta consciência.

Como qualquer outro serviço, há o uso indevido, apoiado no fútil e supérfluo. Nesta categoria, estão os vídeos em estilo ‘paparazzo’, em que muitas celebridades temem os ‘micos’ propagados. Com isso, entram em cena os dispositivos legais e institucionais, que tentam controlar o fluxo de informações vindo de todos os cantos do mundo. Exemplos disso são o bloqueio feito na China e a proibição dos soldados americanos de acessarem o serviço.

Diferente das estrelas que temem flagras indiscretos, as pessoas ‘comuns’ oferecem um cardápio variado de atuações para impulsionar na corrida pelo sucesso. O resultado disso são produtos que viram motivos de piada, replicados por todos os meios. Há aqueles que vêem nestas categorias humoradas uma forma de alcançar a popularidade. Não que estejam errados, pois existe audiência para esse tipo de conteúdo.

Seja qual for a plataforma, cada vez mais o conceito de ‘fama’ ou importância de um conteúdo parece descartável, em conseqüência da avalanche de informações recebidas pelos usuários a cada minuto. A questão é o tempo que isso dura e a representação dos fenômenos instantâneos dentro da sociedade. Isso, ou até as pessoas esquecerem com o próximo vídeo que ficar popular.

Confira uma seleção de 10 vídeos que chamam a atenção no YouTube:

** Free Hugs Campagn

** Campanha Dove pela beleza Real

** Os perdidos de Lost

** O apresentador Silvio Santos e o bambu

** O jornalista Lasier Martins toma um choque elétrico

** Confissões de um Emo

** Sanduíche-íche – Rute Lemos

** Tapa na Pantera

** Vai tomar no…

** Raspadinha da LoteRJ com o humorista Costinha

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