Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 6 de outubro de 2008
EQUADOR
Quito atribui a erro da Folha crise com Bogotá
‘A Chancelaria do Equador divulgou no sábado uma nota em que atribui a um erro da Folha na transcrição da entrevista do presidente Rafael Correa, publicada na última quinta-feira, parcela de culpa pela decisão do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de cancelar sua presença na cúpula da Comunidade Andina (CAN), que será realizada no dia 14 na cidade equatoriana de Guayaquil.
Ao anunciar o cancelamento da viagem, na noite de sexta-feira, Uribe disse em comunicado que sua decisão se devia às declarações ‘ofensivas’ de Correa.
Na entrevista, quando questionado se considerava superada a crise com a Colômbia, após o ataque colombiano a uma base das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador, em 1º de março, Correa disse, segundo seus assessores: ‘(…) houve uma clara agressão deliberada, desleal ao território equatoriano não por parte de um país que consideramos irmão, mas de um governo que considerávamos amigo’.
No texto publicado pela Folha foi incluído um ‘não’ que mudou o sentido da frase: ‘Esse caso nunca será superado porque há uma clara agressão deliberada e desleal ao território equatoriano por parte de um país que consideramos irmão, porém tem um governo que não consideramos amigo’.
A reportagem voltou a ouvir a fita, e, apesar da fala rápida de Correa dificultar a audição do trecho, constatou que esse último ‘não’ de fato não foi dito por ele. O jornal, no entanto, não conseguiu detectar o primeiro ‘não’ que consta da nota equatoriana (‘não de um país que consideramos irmão’).
Na entrevista publicada, foi omitido trecho em que Correa diz que ‘em todo caso, temos que olhar para a frente e seguir’, dando a entender que poderia haver acordo com Bogotá. No sábado, o equatoriano reclamou de Uribe não ter telefonado para pedir esclarecimentos.
Na nota, a Chancelaria do Equador diz que ‘comunicou a reclamação aos meios de comunicação’, mas a Folha não recebeu nenhum pedido de retificação.’
TODA MÍDIA
Globo vs. Ibope
‘A nova tela, tirada da CNN, não funcionou bem.
Mas o problema da Globo foi outro, ontem no fechar das urnas. Chegou a entrar, cortando o ‘Domingão do Faustão’, mas sumiu e só retornou meia hora depois. E o Rio ficou para o final -quando William Bonner estranhou que ‘Gabeira aparece à frente de Crivella pela primeira vez numa pesquisa Ibope’. Alexandre Garcia até comentou que ‘a gente tem que considerar que foi uma boa base, seis mil’, mas então o Globo Online já abria foto de Gabeira para o enunciado, sem aspas, ‘Nada como uma pesquisa atrás da outra’.
De São Paulo, Garcia saiu explicando que Gilberto Kassab, ‘sendo do demo, teve apoio do governador Serra, que é tucano’. De Minas, saudou a ‘surpresa’ do candidato ‘apoiado pelo ministro Hélio Costa’.
Por fim, Bonner perguntou sobre a previsão de que Lula ‘elegeria até poste’ este ano e Garcia respondeu que ‘onde ele se empenhou, teve peso grande’.
Na manchete do ‘Valor Econômico’, na sexta-feira, ‘Receita alta explica onda de reeleições nas capitais’.
CRISE E A OUTRA ELEIÇÃO
Antes de se iniciar a torção interessada dos resultados, no fim do dia de eleição, Lula até posou com candidato em São Bernardo do Campo, mas parecia mais preocupado em comentar, como nos últimos dias, a crise financeira. ‘Ele reforçou que não afetará o PAC’, ressaltou a estatal Agência Brasil. Também Dilma Rousseff saiu espalhando que ‘não há dúvidas quanto aos recursos do PAC’.
Por outro lado, FHC falou ao votar, com destaque no Globo Online, que ‘as ondas vão chegar’, que a crise ‘já tem repercussão no país e vai continuar tendo’ no futuro. Falou do suposto efeito eleitoral da crise de 2002.
ALEMANHA SE MOVE
Na manchete on-line do ‘New York Times’, ‘Alemanha se move para erguer confiança na economia’, noticiando a garantia sobre depósitos, também ressaltada por ‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’. Que escolheram para manchete a informação de que o Tesouro americano já começa a desembolsar hoje os bilhões do pacote.
Ao fundo, na cobertura, a China anuncia que, contra a corrente de maior regulação, resolveu permitir operações financeiras de risco no país ‘apesar da crise global’.
POR AQUI, ‘LOBBY’
Entrou até na escalada do ‘Jornal Nacional’, ‘Europa decide punir os executivos de instituições financeiras por causa da crise’.
Por aqui, por outro lado, Lula abriu o verbo contra a ‘ganância’ e reclamou que o governo já sofre pressão do mercado, segundo a coluna ‘Painel’, sábado, ‘pintando um cenário de escassez de crédito que não condiz com a realidade’, ainda.
E ‘OPORTUNIDADE’
Marcela Sanchez, que trata da região no ‘Washington Post’, opinou ontem que a crise ‘é uma oportunidade para a América Latina’. No entender da colunista, chegou a hora de ‘derrubar subsídios universais’ por aqui.
Já Andres Oppenheimer, no ‘Miami Herald’, segue a ‘Economist’ e prevê que o impacto maior da crise deve ser sobre os ‘populistas’, Venezuela etc.
UMA VOZ NO QUINTAL latimes.com
Lula, o ‘pragmático’
O americano ‘Los Angeles Times’ publicou ontem longa reportagem, assinada por sete jornalistas, com a chamada de capa ‘Uma voz poderosa: O presidente do Brasil emerge como uma força na região’. O texto avalia que ‘a ascensão de Lula veio em paralelo ao declínio da influência dos EUA em seu quintal’ -e sublinha qualidades como ‘mediador’ e ‘pragmático’. Aborda de petróleo a armamentos.
De sua parte, o espanhol ‘El País’ publicou longo texto do correspondente Jorge Marirrodriga, de Buenos Aires, intitulado ‘Dios es brasileño’, sobre a imagem de Lula -com passagens como ‘a diferença fundamental entre o Brasil e seus vizinhos é que vê a jogada de longe’.
SARAH E MAIS SARAH
Sarah Palin explorou os contatos entre Barack Obama e um ex-membro do Weathermen, que fez atentados nos anos 60 e 70, e até a Associated Press reagiu. A agência deu ‘análise’, com repercussão por Huffington Post e Drudge, chamando o ataque de racista para baixo.
A vice, ainda sem impacto eleitoral, ecoa na sociedade do espetáculo e por colunas sem fim no ‘NYT’, com Frank Rich dizendo que eclipsa o próprio John McCain. Sábado, foi alvo de nova paródia de Tina Fey.’
ELEIÇÕES
Claudio Dantas Sequeira e Flávio Ferreira
Cercado de segurança, governador evita a imprensa, vota só e sai pelos fundos
‘O governador José Serra (PSDB) evitou a imprensa ontem ao votar no colégio Santa Cruz, em Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Chegou às 16h, uma hora antes do fechamento das urnas, disse apenas ‘oi’ para os vários jornalistas que o esperavam desde a manhã e entrou em passo acelerado. Votou sozinho por volta das 16h10 e saiu por uma porta lateral, nos fundos do edifício, sem dar declarações.
O assédio dos jornalistas foi repelido por cerca de dez seguranças que faziam a escolta do governador. Na confusão, alguns profissionais de imprensa acabaram caindo no chão, mas ninguém se feriu. A assessoria do governador não divulgou sua agenda e, ao longo do domingo, modificou pelo menos três vezes a previsão do horário de votação de Serra.
Primeiro, disse que o horário provável seria entre as 11h e o meio-dia. Depois informou que o governador só deveria votar por volta das 14h. Mas, vencido esse horário, disse que ele só chegaria ao local após as 15h. Segundo a assessoria, Serra retornou ao Palácio dos Bandeirantes depois de votar. Não havia previsão de participar de atos públicos no resto do dia.
Desde o início da campanha, Serra defendeu nos bastidores o apoio do PSDB à candidatura do prefeito Gilberto Kassab -que votou no mesmo local pela manhã-, polarizando os tucanos, entre alckmistas e kassabistas. Kassab herdou de Serra a máquina administrativa com secretários e subprefeitos, além dos vereadores da base governista, que o apoiaram nesses três meses de campanha. Isolada, a candidatura de Geraldo Alckmin perdeu força.’
Mônica Bergamo
Espelho
‘Uma sondagem feita na internet pelo site Comunique-se, voltado a jornalistas, deu resultado inverso ao das urnas. Marta Suplicy teve 19,8% dos votos dos 2.000 profissionais que responderam à consulta -e estava disparada na frente, com mais de 30%, nas pesquisas gerais. Já Gilberto Kassab teve os mesmos 27% de que gozava nas pesquisas gerais.’
TELEVISÃO
Jovens ignoram apelo de novela ‘surfista’
‘Lançada há três semanas com imagens de surfe captadas na Indonésia, ‘Três Irmãs’ era a aposta da Globo para tentar recuperar o público jovem que trocou a novela das sete por internet e DVD. Hoje, a emissora repete a tentativa com ‘Negócio da China’, estréia das 18h.
Com ‘Três Irmãs’, a cartada falhou. A novela só atraiu mais público jovem no capítulo de estréia, que marcou 33 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Aparentemente, crianças e adolescentes não se entusiasmaram com o que viram.
A audiência média da novela já caiu para 28 pontos. No capítulo de estréia, de cada cem telespectadores, 12 tinham de 4 a 11 anos. Esse número já caiu para 9 na média até a última quinta. Em ‘Cobras e Lagartos’ (2006), último grande sucesso do horário, de cada cem telespectadores, 13 eram crianças.
A participação do público de 12 a 17 anos e de 18 a 24 está entre 8% e 9% (de cada cem telespectadores, 8 a 9 estão nessas faixas de idade). Em ‘Cobras e Lagartos’, era de 10%.
Em contrapartida, a participação do público com mais de 50 anos aumentou. Há dois anos, 28% dos telespectadores da novela das sete tinham mais de 50 anos. Atualmente, são 37%. Isso não quer dizer mais gente idosa na frente da TV. Como a audiência absoluta do horário e a participação de jovens caíram, o que houve foi uma fuga de gente com menos de 24 da frente do televisor.
TSUNAMI 1
A cúpula da Globo ficou um tanto paralisada na semana passada com a crise no mercado financeiro global. Buscou a opinião de especialistas, como o ex-ministro Maílson da Nóbrega. E adiou decisões não urgentes, como a renovação do contrato de Fausto Silva, que só vence no final de 2009.
TSUNAMI 2
A disparada do dólar é especialmente preocupante para a Globo. Em junho, a empresa devia US$ 665 milhões.
GUERRA DAS VICE
O SBT continua festejando a vice-liderança no Ibope nacional. Em setembro, bateu a Record por 5,5 a 5,4 pontos na média das 24h. Mas na média que realmente importa para o mercado, das 7h à 0h, a Record ganhou (6,8 a 6,6).
CHAPÉU 1
Via COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Mário Vázquez Raña, presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), diz que leu ‘com surpresa’ notícia aqui publicada na última quinta, de que disputa política entre ele e Carlos Arthur Nuzman (presidente do COB) prejudicou a Globo e favoreceu a Record na compra dos direitos do Pan de 2011.
CHAPÉU 2
Raña afirma que ‘existem excelentes relações de colaboração’ entre COB e Odepa.
CHAPÉU 3
Na Globo, a pergunta que não quer calar é: se Odepa e COB têm excelentes relações, por que a emissora, que tem relações mais do que excelentes com o COB, foi a última a saber que a Record comprou o Pan?’
Folha de S. Paulo
Série recupera invenções do século 20
‘Exibida pelo The History Channel, a série ‘Maravilhas Modernas’ repassa as grandes invenções que propiciaram avanços para a humanidade ao longo da história, como as minas de ouro ou as redes elétricas -e outras nem tão essenciais à nossa sobrevivência, como as guloseimas-, entre perfis de grandes inventores.
Nesta semana, a série exibe programas temáticos, que revisam a evolução tecnológica da segunda metade do século 20. No programa transmitido hoje, a série dedica-se aos anos 60 e a popularização tecnológica que marcou a década: o surgimento da TV a cores, dos relógios digitais e dos telefones portáteis, além da chegada do homem à Lua, em 1969.
No episódio de terça, ‘Maravilhas Modernas’ se volta aos anos 70, década da disco music e da criação das discotecas, entre itens eletrônicos da época. O surgimento do CD e dos computadores domésticos, assim como consoles como o Atari e o Game Boy são assunto para o programa de quarta-feira, dedicado à década de 80.
Por último, na quinta, a série revisa a popularização da internet nos anos 90. ‘Maravilhas Modernas’ acaba por reafirmar a importância de invenções hoje mais do que estabelecidas e quase ultrapassadas em nosso cotidiano.
MARAVILHAS MODERNAS – SEMANA ESPECIAL
Quando: a partir de hoje, às 20h
Onde: The History Channel
Classificação indicativa: não informada’
CARTUM
Livro de Jaguar sai no Brasil após 36 anos
‘‘Sei que ninguém é perfeito, mas eu exagero.’ É assim, carregando na autocrítica, no bom humor e na concisão, que Jaguar, 76, conclui sua autodescrição no livro de cartuns ‘Ninguém É Perfeito’, que está sendo lançado no Brasil.
Há uma curiosidade sobre o livro: ele foi publicado inicialmente em 1972, na Argentina. A editora original faliu pouco depois do lançamento e só agora, em 2008, ganha sua edição brasileira. Apesar disso, seu conteúdo não envelheceu. Afinal, são cartuns, desenhos em que o humor está explícito, prescindindo de um contexto exterior -caso das charges.
‘Daqui a 15 dias, a charge perde a validade. Daqui a um ano, ninguém vai se lembrar do político, nem do que ele fez’, afirma Jaguar. ‘Cartum é como uísque: não tem prazo.’ E o cartunista direciona seu fogo para todo lado, a começar por si próprio, na introdução.
E há cartuns sobre mulheres feias, portadores de deficiências físicas, viciados em drogas, hippies, feministas, capitalistas, publicitários… ‘Se um humorista quer se preocupar em fazer piadas politicamente corretas, é melhor mudar de profissão’, diz Jaguar. ‘É condição sine qua non o humorista não ter respeito por droga nenhuma.
Ou as pessoas acham graça ou têm ódio.’ Jaguar desdenha da possibilidade de ser criticado por seu humor: ‘Quem nos acusa não tem senso de humor… É problema deles, não nosso!’. Sobre o que mudou de 36 anos atrás, quando criou os cartuns do livro, para hoje, Jaguar se mostra pessimista quanto ao espaço dado a trabalhos como o seu. ‘O cartum está em extinção.
Antigamente, proliferavam revistas inteiras no mundo todo, e hoje só há espaço para charges políticas. Por isso, faço um cartum sobre uma situação atual, e vira uma charge.’ Apesar da falta de espaço para o cartum nacional, Jaguar exalta a qualidade dos cartunistas daqui.
‘O Brasil é um país estranho. Subdesenvolvido, de terceiro mundo, com uma enorme quantidade de analfabetos… Mas quando o assunto é cartum, que é uma coisa de país sofisticado, o Brasil tem cartunistas absolutamente geniais. Angeli e Laerte, por exemplo.’
Sobre a possibilidade de deixar de desenhar cartuns, ou cartuns ‘disfarçados’ de charges, Jaguar é incisivo: ‘Como o marceneiro aprende a fazer cadeiras, eu aprendi a fazer cartuns. Eu faço cartum porque sei fazer cartum’, diz.
NINGUÉM É PERFEITO
Autor: Jaguar
Editora: Desiderata
Quanto: R$ 24,90 (96 págs.)’
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 6 de outubro de 2008
ELEIÇÕES
‘Estado’ e TV Cultura farão debate
‘O Estado e a TV Cultura promoverão, no próximo dia 13, um debate com os candidatos Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM), que vão disputar o segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo.
Os candidatos responderão a perguntas de eleitores e dos jornalistas Dora Kramer e Celso Ming, do Estado, e Lillian Witte Fibe e Alexandre Machado, da TV Cultura.
Haverá participação direta do público no programa. Os eleitores poderão enviar perguntas a Marta e Kassab por meio do portal do Grupo Estado na internet, no endereço www.estadao.com.br/debate2008.
Serão selecionadas dez questões sobre cinco temas prioritários para a população de São Paulo, segundo pesquisas de opinião: saúde, transporte, emprego, segurança e educação. Os autores das perguntas serão convidados a comparecer ao estúdio, onde se dirigirão diretamente aos candidatos.
Mediado pelo apresentador Heródoto Barbeiro, o evento será transmitido, a partir das 21h40, pela TV Cultura, pela Rádio Cultura AM e pela Rádio Eldorado. O portal estadao.com.br publicará flashes com as principais informações do debate.
O programa será dividido em quatro blocos. Nos dois primeiros, os concorrentes à prefeitura responderão às questões levantadas pelo público. No terceiro haverá a participação dos jornalistas. E, no bloco final, os candidatos poderão fazer perguntas um ao outro.
‘Após as sabatinas transmitidas ao vivo pela internet, o debate em parceria com a TV Cultura é mais uma contribuição ao processo eleitoral e solidifica a atuação multimídia do Grupo Estado, um jornalismo hoje presente em diversos meios de transmissão’, diz Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do Grupo Estado.
‘O debate promovido pela TV Cultura e o jornal O Estado de S. Paulo é importante como reinício da disputa eleitoral, com a certeza de que será pautado pelo equilíbrio, isenção e independência que caracterizam esses dois veículos de comunicação’, disse Paulo Markun, presidente da TV Cultura.’
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Lula reforça apoio a Marinho em jornal
‘As especulações sobre a candidatura de Luiz Marinho ao governo do Estado, em 2010, cresceram ontem após entrevista do presidente ao Diário do Grande ABC. Lula disse que Marinho é como um ‘filho’ e que faria o que fosse necessário para ajudá-lo a vencer’
TECNOLOGIA
Microsoft promete versão mais ágil do Windows
‘O presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, atingiu com força o circuito de imprensa europeu. Ele está divulgando uma nova versão do sistema operacional Windows que vai usar a chamada tecnologia de ‘cloud computing’ (literalmente, computação em nuvem), por meio da qual as pessoas usam um software que roda num centro de dados, e não na sua própria máquina.
Ballmer mencionou esse sistema operacional, apelidado provisoriamente de Windows Cloud, em eventos em Londres e Paris. O lançamento do nome ocorre antes da Conferência para Desenvolvedores Profissionais da Microsoft, mais para o final deste mês em Los Angeles.
Mas o que é exatamente o Windows Cloud? Bem, a Microsoft ainda não quer fornecer detalhes precisos. Mas Dave Cutler, um dos principais engenheiros de software da companhia, passou anos trabalhando num projeto com o nome de código Red Dog, que alguns suspeitam que servirá como suporte do novo sistema operacional.
Cutler costuma desenvolver códigos sofisticados, e ele pode aparecer com um sistema operacional sob medida para essa idéia de distribuição de software por milhares de servidores e deixar que os consumidores explorem todo esse poder usando diretamente os PCs de suas casas ou de seus escritórios.
Os vastos centros de dados do Google se apóiam numa versão modificada do sistema operacional de código aberto Linux e da base de dados MySQL. Com a adoção do software de código aberto, o Google pode ajustar os códigos de acordo com suas necessidades. Em particular, o Google tem sido capaz de criar versões leves do Linux e do MySQL que se propagam bem por muitas de máquinas.
A Microsoft agora poderá ter uma abordagem parecida com o Windows e sua própria base de dados SQL Server com o desenvolvimento de uma versão mais rápida e mais leve do Windows, que fabricantes como Dell e HP poderiam oferecer junto com seus sistemas.
‘Assim como temos um sistema operacional para PC, para o telefone, e para o servidor, precisamos de um novo sistema operacional que rode na internet’, disse Ballmer durante discurso na França, na quinta-feira. ‘Aposto que nós o chamaremos Windows alguma coisa. Vamos anunciá-lo daqui a quatro semanas. Até lá, poderemos até ter uma marca registrada. Assim, por enquanto eu o chamarei de Windows Cloud. E o Windows Cloud será um lugar onde você poderá rodar as aplicações que quiser na internet.’’
Ana Paula Lacerda e Andrea Vialli
Empresas rastreiam imagem na web
‘A expressão ‘falem bem ou falem mal, mas falem de mim’ certamente não se aplica às empresas. ‘Se algum amigo seu falar mal de alguma empresa, você não comprará nada dessa marca’, diz o diretor de marketing da Penalty, Leandro Ramiro. ‘E se ele falar bem, você vai ao menos se interessar. É por isso que, com o crescimento das comunidades online, é muito importante ter ciência do que é falado sobre sua empresa.’
A Penalty contratou a BG Interativa para rastrear tudo o que é dito sobre a marca no Orkut, em blogs, sites de notícias, Twitters, e qualquer outro tipo de fórum ou comunidade na internet, como o Limão, do Grupo Estado. ‘Com as idéias dos internautas, oferecemos algumas cores novas para a linha de tênis Sylicon, por exemplo, e estamos sempre atentos ao peso de nossas bolas de futebol e outros esportes.’
A BG Interativa, especializada em mídia online, criou um departamento para fazer o monitoramento online da imagem de seus clientes. ‘Algumas empresas já viram o quanto é importante tomar conhecimento do público da internet, pois é um espaço onde qualquer um pode se expressar livremente’, diz o presidente da BG, Araken Leão. Em alguns casos, a agência divulga material sobre o cliente nas comunidades. ‘Não só por falar do cliente, mas sim dentro do assunto discutido.’
Ele cita que um grande avanço para o consumidor e as empresas são as lojas online que permitem postar opinião sobre seus produtos e o processo de venda. ‘Se o comentário for bom, atrairá pessoas. Se for ruim, é uma oportunidade de melhoria para a empresa.’
A agência de comunicação e relações públicas Imagem Corporativa, de São Paulo, também passou a oferecer, há dois anos, o serviço de monitoramento da imagem das empresas – mas ainda há resistência por parte das empresas. ‘No Brasil ainda não se dá a devida importância ao monitoramento da internet. Por isso a maioria dos nossos clientes são multinacionais’, explica Ciro Dias Reis, diretor da Imagem Corporativa. Hoje ele atende cinco grandes empresas, além de outras que contratam o serviço de monitoramento por períodos específicos – lançamentos de produtos ou campanhas, ou quando são acometidas por alguma crise.
Universos como comunidades do Orkut, blogs, hotsites e Twitter são investigados por uma equipe de jovens profissionais, de 18 a 24 anos. ‘No geral, as informações causam estranheza. As empresas se surpreendem com o que está sendo dito a respeito delas’, diz Reis.
Ele conta o caso de um funcionário de uma indústria que, indignado com uma comunidade criada no Orkut para detratar a companhia, resolveu se tornar membro do grupo. O objetivo era defender a empresa, mas o funcionário escreveu várias mensagens com xingamentos – impublicáveis – aos membros do grupo. ‘Foi ruim para a imagem da empresa. A motivação do funcionário era defendê-la, mas ele fez isso usando palavrões, o que foi pior’, diz Reis.’
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No exterior, casos de recall
‘Um dos casos mais conhecidos de ‘má fama online’ que acabou chegando à mídia tradicional foi a dos cadeados americanos Kryptonite. Em setembro de 2004, um post num blog dizia que uma das versões do cadeado para bicicletas podia ser aberto pressionando o fundo de uma caneta contra a fechadura.
Em poucos dias, a notícia se espalhou por outros blogs e fóruns, incluindo o Engadget, um dos blogs especializados em eletrônica mais lidos do mundo. No Youtube, surgiram vídeos de pessoas que conseguiam abrir os cadeados com a caneta.
O assunto chegou ao New York Times, e o gerente geral da Kryptonite na época, Steve Down, afirmou que a empresa faria o recall dos cadeados e os trocaria por um modelo sem o problema. Porém, o consumidor deveria enviar o cadeado frágil pelo correio, e receberia o novo em algumas semanas. Uma nova onda de críticas online dizia que ciclistas não podem arriscar suas bicicletas por semanas. A empresa trocou todos os cadeados solicitados e reformulou a estrutura do produto de forma que ele não abrisse mais. Porém, até hoje é possível encontrar vídeos e posts na internet relatando o problema.
Há cerca de dois meses, um caso semelhante envolveu uma lanchonete do Burger King em Ohio, nos EUA. Um vídeo divulgado no site MySpace mostrava um funcionário (que se identificava como Mr. Unstable, algo como ‘Senhor Instável’) tomando banho na pia da lanchonete para comemorar seu aniversário.
No dia seguinte, a vigilância sanitária local tomou conhecimento e todos os funcionários envolvidos foram demitidos. Um porta-voz da rede de fast food afirmou que os utensílios de cozinha haviam sido jogados fora e substituídos por novos, e todos os funcionários remanescentes inscritos em um treinamento sobre normas de higiene. A reação rápida do Burger King foi elogiada pela imprensa local.’
PREMIAÇÃO
Sala São Paulo abriga festa do Prêmio Cláudia
‘A Sala São Paulo será palco hoje, a partir das 19h, da festa do 13º Prêmio Claudia, que destaca a importância para o País da ação de mulheres em cinco áreas: Ciências, Cultura, Negócios, Políticas Públicas e Trabalho Social. Em cultura concorrem: a jornalista Patrícia Palumbo, apresentadora e produtora dos programas Planeta Eldorado e Vozes do Brasil, ambos da Rádio Eldorado; a diretora teatral Nitis Jacon, durante 32 anos responsável pelo Festival Internacional de Londrina (Filo), e Angela Gutierrez, empresária e empreendedora mineira inaugurou um laboratório de conservação de objetos antigos no Museu de Artes e Ofícios.’
TELEVISÃO
Drama ‘aborrecente’
‘Se a primeira a gente nunca esquece, é bom a Warner Channel aprender com sua primeira websérie. Completadas duas semanas de exibição no Brasil, Sorority Forever marca a estréia do canal fechado em produções exclusivas para a internet.
Com novos episódios (serão 40) de segunda a sexta-feira no site www.wbla.com, o seriado gira em torno da Phi Chi Kappa, uma fraternidade feminina e muito popular de uma universidade americana. Quatro novas garotas são recrutadas para a irmandade. Uma delas, Julie (Jessica Rose, dos vídeos lonelygirl15, do YouTube), sofre nas mãos da turma: meninas fúteis e ricas à la Gossip Girl.
Tal sinopse faria Sorority ser mais um drama adolescente, mas não é isso que acontece, pois a série é tão ruim que não tem cara de nada. Não há roteiro: parece que deixaram tudo no ‘fast foward’ a fim de colocar o máximo de informações no enxuto tempo de dois minutos que cada episódio possui.
Para ajudar, o site da Warner irrita. Apesar da opção de ver os vídeos em alta resolução, não há como assisti-los com a tela cheia, dificultando a leitura das legendas. Também não há como avançar e retroceder o vídeo.
Êpa êpa êpa
Livre do bigode de Juvenal Antena, Antonio Fagundes entra e sai de cena hoje mesmo em Negócio da China, novela que estréia na Globo às 18h. No leito de morte, Ernesto pede à mulher, Júlia (Natália do Vale), que conte para o filho que ele não é seu pai biológico.’
NOVA YORK
Capital dos altos e baixos
‘A folhagem que cobre o belíssimo edifício visível além da tela do computador dá os primeiros sinais do espetáculo de tons que ajudam a fazer do outono a estação mais elegante de Nova York. Respirando o ar fresco e mais seco, ainda não escondemos nossas formas sob casacos pesados. As estréias de música, teatro, dança e cinema acumulam-se de tal forma que uma consulta à revista Time Out pode gerar um ataque de ansiedade.
Mas, enquanto o capitalismo passa por seu mais severo teste, Nova York sofre uma crise de autoconfiança a ponto de ter cessado quase toda a resistência à lei de limite de mandatos para manter a cidade sob o comando do desapaixonado executivo Mike Bloomberg.
O colapso do sistema financeiro que conhecíamos até setembro chega num momento em que a reputação de Nova York como centro da cultura ocidental contemporânea tem sofrido arranhões.
A revista New York nasceu no emblemático ano de 1968 e acaba de comemorar a meia-idade com uma edição especial, um catatau de mais de 300 páginas. Como a cidade homônima, a revista teve seus altos e baixos, chegou a ser comprada por Rupert Murdoch (que também foi brevemente dono do Village Voice) e abrigou alguns dos mais divertidos cronistas da metrópole mais importante do século que passou. Ao contrário da venerável New Yorker, com sua justificada reputação literária e indiferença ao imediatismo jornalístico, a New York Magazine está sempre com o dedo ao vento para sentir o que consome a atenção da cidade. Na sua bem-sucedida nova fase, sob o comando de Adam Moss, a revista publica regularmente um delicioso quadrante cultural, uma seleção arbitrária sobre o que é brilhante e desprezível em alta e baixa cultura.
O transporte público é mais eficiente e limpo em outras cidades. Em Washington, os garçons não são ressentidos roteiristas ou atores de cinema à espera do telefonema de um agente. Os motoristas de táxi de outras metrópoles não nos expulsam do carro quando descobrem que moramos num endereço inconveniente.
O editor Adam Moss lembra que não só a revista New York, mas a carreira de Woody Allen, o mais nova-iorquino dos cineastas, começaram há 40 anos e conversa com ele sobre o que é habitualmente definido como o amor irracional por Nova York. Woody Allen chega ao extremo de dizer que, enquanto morava num apartamento alugado da Avenida Madison, à espera da townhouse onde vive hoje, passava a noite ouvindo as sirenes de ambulâncias e carros de bombeiros. ‘Eram quase uma berceuse’, diz ele.
Kurt Andersen, jornalista, colunista, romancista, apresentador de um dos melhores programas da rádio pública (Studio 360), um dos fundadores da finada e satírica revista SPY, ex-editor-chefe da New York na década de 90, contribuiu para o número comemorativo da revista com o artigo Boom Bust Boom Town. Ele ainda publica na revista a coluna quinzenal A Cidade Imperial, um dos epítetos de Nova York, mas é o primeiro a admitir que a tradicional ansiedade característica dos interioranos, o medo de não estar no centro dos acontecimentos, diminuiu.
Em seu ensaio sobre as últimas quatro décadas, Andersen chama atenção para o fato de que o flower power ensolarado associado ao final dos anos 60, em Nova York não tinha vez. ‘Aqui, o modelo era mais República de Weimar, a utopia distópica.’ Cabaret, afinal, estreou dois anos antes de Hair.
Telefono para Andersen no Brooklyn, a nova meca yuppie, onde ele vive com sua mulher, a escritora Anne Kreamer (Meus Cabelos Estão Ficando Brancos) e duas filhas. Pergunto a ele, que chegou a morar no West Village por um aluguel de menos de US$ 200, se a ‘gentrificação’ ou enobrecimento urbano, depois de ter expulsado tantos talentos jovens promissores de Nova York, vai, aliada ao crash de 2008, selar o caixão da primazia cultural da cidade. ‘Ainda há muito espaço por aqui’, diz ele. ‘Nova York continua a ser um ímã para quem quer ser visto e ouvido.’
Logo após a Segunda Guerra, Nova York oferecia mais empregos em fábricas do que qualquer outra cidade americana. E nesta época a cidade nutriu e acolheu não só os Beats, como o primeiro movimento modernista na pintura fora da Europa, o expressionismo abstrato de Willem de Kooning e Jackson Pollock.
‘Lembre-se’, argumenta Andersen, ‘de que agora há três vezes mais nova-iorquinos nascidos em outros países do que americanos nativos. Os próximos 15 ou 20 anos serão decisivos para redefinir o papel da cidade na cultura global.’
‘Sabe qual a cidade mais parecida com Nova York e mais capaz, a meu ver, de tomar o nosso lugar?’, continua. ‘Pequim. Acabei de passar um período lá e me lembrou da energia americana, da abertura de cem anos atrás. Este caos mestiço, meio vira-lata que ajudou a fazer Nova York.’
Estamos em animação suspensa. As doações para as artes vão secar, e os turistas continuarão a encher Times Square? Nova York sobreviveu à sordidez das vizinhanças decadentes, à quase guerra civil do crack, à epidemia da aids. Pode ser destronada não porque está limpa, segura e ordeira, mas porque os caprichos da globalização e a mobilidade tecnológica ameaçam, num futuro não distante, reduzir a cidade a um luxuoso bazar.’
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