O nome atual é Curso de Jornalismo da UFSC. A maioria dos professores é do Departamento de Jornalismo. Quando foi criado, 25 anos atrás, o curso de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina tinha a maioria dos seus professores no Departamento de Comunicação.
As instalações hoje não são do outro mundo, mas não se comparam com outros cursos de universidades federais. Tais espaços e equipamentos, não faz muito tempo, eram carinhosamente chamados de ‘baiúca’. Era lá na baiúca que professores e alunos tinham suas aulas, faziam suas experiências, tocavam projetos.
Este ano, o curso sediou o Encontro da Rede Alfredo de Carvalho e o VII Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo. Muitos dos que compareceram maravilharam-se com o clima, a gastronomia e o astral da ilha e da cidade de Florianópolis. Os encontros foram num hotel. Os organizadores tomaram o cuidado de não oferecer visitas à baiúca.
Outra praia
Durante estes anos todos, o curso de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina apenas ofereceu a habilitação em Jornalismo. A maioria dos professores do Departamento era formada de jornalistas, que conhecia jornalismo e estudavam jornalismo. Foi de um deles, Adelmo Genro Filho, a ousadia de tentar, há mais de 15 anos, fazer uma ‘teoria do jornalismo’. A obra, O segredo da pirâmide – Para uma teoria marxista do jornalismo, hoje é um clássico. Adelmo morreu precocemente e não pôde dar continuidade às suas pesquisas. Seus colegas, porém, insistiram, persistiram e jamais desistiram da batalha de fazer um curso de Jornalismo que fosse um exemplo para o país.
Na semana passada, o curso ganhou o importante Prêmio Luiz Beltrão, chancelado pela Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação) como ‘Instituição paradigmática’.
O curso é um dos maiores vencedores dos concursos de atividades experimentais. Publica o jornal Zero, mantém o Universidade Aberta, projeto de extensão que produz regularmente noticiário sobre a universidade na internet, e tantos outros. As interlocuções são para todos os lados. Foram os primeiros a criar a Cátedra Fenaj de Jornalismo para a Cidadania, num acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas para o aperfeiçoamento profissional e para o conhecimento das visões da entidade. Foi pioneiro também na relação com o mercado: criou a Cátedra RBS, num acordo com a maior rede de comunicação do Sul do país. Diretores, editores, jornalistas do grupo apresentam e debatem com alunos suas experiências, desafios e problemas. A Rede Globo de Televisão tem pouquíssimos convênios com cursos de Jornalismo. O único deles que não é com escola do Rio ou São Paulo é o firmado com o curso de Santa Catarina.
O ‘grupo de Santa Catarina’ é bom de briga e sabe o que quer. A expressão ‘grupo de Santa Catarina’ já foi vista como pejorativa, não faz muito tempo. Eles batalhavam pela graduação em Jornalismo. Continuam batalhando. Jamais pensaram em abrir outra habilitação no curso de graduação. Nada contra, apenas não é a praia deles. Mas insistem e persistem a criação de um mestrado.
A ‘baiúca’, agora paradigmática, sabe o que quer.