Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Representações da imigração na Folha de S.Paulo

Partindo da coleta e da sistematização de uma série de matérias jornalísticas publicadas entre 01 de janeiro e 12 de fevereiro de 2001 no jornal Folha de S.Paulo, o texto reflete sobre os modos peculiares em função dos quais o veículo narra e constrói o tema da imigração e a figura do imigrante.

1. Num mundo globalizado, sensivelmente marcado por avanços tecnológicos e alastramentos de mercado, proliferam, além de mercadorias e tecnologias comuns, as trocas e os fluxos culturais. A mobilidade dos cidadãos, facilitada formalmente (na flexibilização das fronteiras geo-políticas) e potencializada pela falência do imaginário do Estado-Nação, somada ao encurtamento do tempo e do espaço provocados pelos meios de comunicação de massa, provocam-nos a sensação de uma maior e progressiva ‘proximidade’ sociocultural entre os povos.

Aldeia-global e proximidade

Num mundo assim, transformado em ‘aldeia global’ (para referirmos à clássica concepção de Marshall McLuhan, que agora retorna à cena), os atores sociais estariam mais expostos uns aos outros. Os vínculos e os contatos sociais, além de mais estreitos, seriam também mais freqüentes. Para o antropólogo francês Marc Augé (1997), por exemplo, reside justamente aí o paradoxo atual: o ‘outro’ recompõe-se devido à multiplicação das redes de comunicação, à uniformização de certas referências culturais e à planetarização da informação e das imagens midiáticas; entretanto, esta proliferação exponencial das imagens da alteridade e este trânsito acelerado dos registros simbólicos da diferença cultural acabam conferindo dinâmicas novas e problemáticas à formação dos laços sociais e às negociações interculturais. ‘A categoria do Outro recompõe-se pelo fato de que, se esses fenômenos [mencionados acima] tendem a reduzi-la ou apagá-la, algumas das reações que provocam (xenofobia, racismo, crise de identidade) tendem, ao contrário, não apenas a cristalizá-la, mas a torná-la impensável, não simbolizável’ (AUGÉ, 1997: 144).

Na concretude das vivências sociais e dos confrontos culturais, nas micro-políticas do cotidiano, as representações mediadas das culturas e das identidades, apesar do excesso de suas formulações, revelam-se sempre parciais, redutoras e simplificadoras. Este descompasso inevitável, que se traduz superficialmente como impressão de familiaridade, provoca, de modo mais profundo, a sensação incômoda e permanente de um relativo e difuso desconhecimento do ‘outro’. Nos angustia a suspeita e a possibilidade de que a diversidade cultural, apesar de todas as ‘versões’ disponíveis no espaço midiático, possa revelar-se sempre mais surpreendente e complexa do que costumeiramente a codificamos.

Neste contexto de acentuada e problemática visibilidade da diferença cultural, de excessiva exposição ao ‘outro’ e ao ‘estrangeiro’, o tema das imigrações e dos fluxos migratórios tem se revelado de fundamental importância no quadro amplo e atual das Ciências Sociais. O imigrante, nos seus trânsitos sociais e nas tensões culturais que vivencia, incorpora agudamente a intrincada imbricação das dinâmicas sócio-culturais e das estratégias de mediatização contemporâneas.

Forjando-se no cruzamento e no tensionamento de espaços geográficos e midiáticos, na articulação das instâncias simbólicas (a ampla oferta da moderna indústria cultural) e das trajetórias vivenciais, o tema das imigrações mostra-se pertinente também, de modo substancial e mais específico, ao campo de estudos da Comunicação. Armand Mattelart, por exemplo, formula o conceito de ‘comunicação-mundo’, referindo-se à lógica pesada das redes tecnológicas de circulação da informação, que não só reestruturam a organização social mas imprimem novas dinâmicas integradoras, e, conseqüentemente, novas modalidades de segregação, novas exclusões e novas disparidades. ‘Os Estados e as relações interestatais não são mais o único pivô de ordenamento do mundo. As grandes redes de informação e comunicação, com seus fluxos ‘invisíveis’, ‘imateriais’, formam ‘territórios abstratos’, que escapam às antigas territorialidades’, diz ele (MATTELART, 1999: 166).

O outro e a comunicação-mundo

Assim, a experiência migratória expõe à discussão o processo constitutivo de um certo imaginário social duplamente afetado: as ‘versões do outro’ (e portanto o horizonte de expectativas necessário para dialogar com ele e para supô-lo) são apanhadas tanto na variedade das mídias quanto nos fragmentos das experiências vividas e dos suportes (valores, hábitos…) culturais herdados. O imigrante ‘administra’ estes imaginários sociais mediados e não-mediados, orientando-se no espaço social, construindo projeções, dando vazão a desejos e frustrações, no momento mesmo em que lhes torna rasos ou elásticos, em que lhes seleciona, recorta e absorve.

Preocupado com os veios e os meandros desta constituição das imagens do outro (nas tensões sócio-midiáticas), o pesquisador argentino Néstor Canclini se pergunta: ‘o incremento da informação e a abertura do horizonte transnacional de referências complexifica e torna mais sutil a compreensão dos outros ou leva a repetir esquemas binários, maniqueístas, que dividem o mundo entre dominantes e dominados, modernos e tradicionais, centros e periferias?’. A dúvida de Canclini sintetiza a complexidade imposta às sociedades contemporâneas por uma das principais experiências socioculturais da atualidade: a experiência migratória.

Ainda outros autores, em distintos contextos acadêmicos, como Stuart Hall, Manuel Castells e Octávio Ianni, também referem aos processos de imigração como eixo de reconfiguração dos vínculos entre nações e territórios, capaz de conduzir também à ‘pluralização das culturas’ no interior mesmo dos Estados-Nação. Ou seja: no seio deste processo reordenado de interdependência entre as nações, caracterizado pela internacionalização da economia e pelas novas tecnologias da comunicação, cristaliza-se, provocando-o e sendo provocado por ele, um certo cenário de multiculturalidade repleto de processos migratórios intra e extra-comunitários.

Ao intenso movimento de mercadorias, imagens, ‘estilos de vida’ e identidades de consumo, passa a corresponder um amplo movimento populacional, configurando o que Stuart Hall caracteriza como ‘um dos períodos mais longos e sustentados de migração não planejada da história recente’ (1997: 87).

Migração não planejada ou transmigração

Cunhado pelo sociólogo brasileiro Octavio Ianni, o termo transmigração parece sugerir, em grande medida, a complexidade que assume no cenário da globalização essa experiência da heterogeneidade. Aos que migram pela primeira vez, se somam os migrantes descendentes de migrantes, intensificando tensões, crises, conflitos e também, simultaneamente, significados, vivências e horizontes que vão impondo, ampliando e multiplicando os sentidos dados à transculturação e à pluralidade.

2. Em acordo com essas reflexões – sobretudo provocado por elas –, este ensaio busca entender como a imigração ‘é anunciada e se faz’ no corpo de um dos principais jornais impressos brasileiros (o jornal Folha de S.Paulo). Assim, desejamos definir como as estratégias de enunciação desse veículo vão atribuindo especificidades a uma dinâmica sociocultural para agendar e propor ‘modos de ver’ e ‘modos de entender’ uma das experiências centrais de vivência da interculturalidade no mundo contemporâneo.

Pretende-se aqui mapear as ‘grades discursivas’ em função das quais o jornal ‘captura’, narra e caracteriza a experiência migratória. Que imagens ou que discursos midiáticos são comumente associados à imigração – a imagem da clandestinidade, o estigma da mão-de-obra barata, informal e inculta, a pecha da criminalidade e da contravenção ou os estereótipos do exotismo cultural -? Como a imigração é construída (ou caricaturizada) no corpo dessa mídia impressa? Que atores sociais são alçados ao espaço público midiático quando o tema é invocado (atores institucional e politicamente investidos de legitimidade ou submetidos à experiência vivida da imigração)? Que dimensões da experiência migratória são salientadas pelo jornal? O movimento migratório é colocado, mais freqüentemente, sob que perspectivações ou enquadramentos expositivos (econômicos, culturais, políticos, policialescos, anedóticos etc)? Que movimentos e fluxos migratórios acabam privilegiados (as imigrações processadas nos mercados comuns, a imigração Brasil-Portugal, Brasil-EUA, a imigração rural-urbano)?

Salienta-se assim a necessidade de entender e esmiuçar o papel central que assume a mídia – e o paradigma comunicacional – nas sociedades contemporâneas, fazendo com que se tornem cada vez mais tênues e complexas as distinções entre condições reais e condições representacionais no campo discursivo. Longe de serem um espelho, os meios de comunicação se tornam os lugares onde se elaboram, se negociam e se difundem os discursos, os valores e as identidades. ‘Ao oferecerem uma mise-en-scéne multicultural da sociedade, os media contribuem para talhá-la’, diz o teórico italiano Andrea Semprini (1997).

No que se refere à mídia como campo de construções e disputas simbólicas, agregam-se à fala de Semprini outras reflexões de estudiosos da comunicação. Reafirma-se a idéia de que os meios não apenas atribuem visibilidade às realidades de outros campos sociais, como também propõem e asseguram modos próprios de existência e estruturação de determinadas realidades. Tal síntese encontramos, por exemplo, no trabalho do pesquisador brasileiro Antônio Fausto Neto, que aponta para a importância das mídias como dispositivos instituidores do espaço público. ‘Pela sua ação ritualística e cotidiana, as mídias vão não só anunciando a noção de realidade mas convertendo-se, elas próprias, como lugar pelo qual a realidade não só passa, mas também se faz‘, diz Fausto Neto (1999).

3. Na forma de uma pré-observação, uma primeira abordagem de uma amostra composta pelas edições do jornal Folha de S.Paulo de 01 de janeiro a 12 de fevereiro de 2001 permite que façamos, a título de ‘ensaios interpretativos’, algumas especulações (orientadoras talvez de hipóteses exploratórias) sobre os modos de ‘captura’ e representação da experiência migratória no espaço específico deste jornal impresso.

Chama atenção, por exemplo, a formalização das falas sobre a imigração. O tema é apanhado sempre, ou ao menos na grande maioria das vezes, num discurso ‘oficialesco’: é saliente a visibilidade dada a porta-vozes oficiais, ministros, diplomatas, acadêmicos, policiais e representantes de órgãos especializados. Trata-se também de uma retórica eminentemente quantitativa: a vivência da imigração, suas conseqüências e repercussões sociais são aferidas por quotas estatísticas, índices comparativos, taxas de mercado, variações anuais, etc.

Discurso ‘oficialesco’

O discurso do jornal Folha de S.Paulo, ao menos neste momento de nosso trabalho, e no restrito corpus aqui observado, apresenta-se como tendencialmente ‘objetivo’ e ‘neutro’ no enfrentamento de um problema sociológico atual, conferindo pouco ou nenhum espaço à ‘subjetivação’ ou à ‘pessoalização’ da imigração e dos imigrantes. Raros são os ‘casos’ tratados naquilo que podem aludir a problemas e situações sociais mais amplas. O tema constrói-se como ‘generalidade sociológica’, cuja grandeza exclui a importância de qualquer referência a episódios, situações e histórias (de vida) específicas. A imigração apresenta-se sem nomes próprios. O imigrante real, de carne e osso, submetido ao sub-emprego, à economia informal e à ilegalidade é um personagem inóspito também na geografia do jornalismo impresso, sendo sempre citado mas nunca efetivamente protagonista. A marginalização portanto é dupla: na concretude social vivida e na representação simbólica do mundo vivido. Mais do que aposta e risco (seja infortúnio e/ou sucesso) individual, a imigração é sempre ampla e social; mais do que isso, são Nações envolvidas, não apenas ou meramente cidadãos. A opção pela aventura migratória é sempre a contingência de políticas econômicas; o indivíduo é ‘dessubjetivizado’ num contexto de ‘crise’ e instabilidades sociais. Mais do que atores genuínos, são imaginários em confronto que falam: de um lado, o Eldorado projetado (seja o mundo do consumo, do salário digno, das possibilidades profissionais, da integração à ordem hegemônica global – ‘o mundo que funciona’); de outro, o contexto da falta de perspectivas, da subordinação e da marginalidade. Centro e periferia, integração e desintegração em confronto.

As imagens da fronteira e do território também são marcos fortes nesta discussão. Os mapas geográficos são freqüentes no discurso midiático formulado. Existem fluxos e pontos perigosos, zonas de risco, dignas de vigilância e policiamento ostensivo, de políticas aplicadas e, logo, da atenção do público. Sugere-se a doxa: romper as fronteiras geo-políticas é estratégia básica (e arriscada) para o rompimento das fronteiras e das amarras de classe. O cerceamento da fronteira (tematização usual nos jornais impressos, e na Folha particularmente) é ironicamente nuançado na forma do controle da ascensão sócio-econômica.

A questão da ilegalidade é motivação também encontrada largamente nesta mídia. Grande parte das matérias referem-se aos problemas dos (e provocados pelos) imigrantes ilegais, colocados à margem (dos índices inclusive, sempre aproximativos e hipotéticos) e sujeitos à toda sorte de despistes e desamparos do sistema. A violência, a criminalidade, o contrabando e o tráfico gravitam em torno do perfil construído para o ilegal latino ou africano em solo norte-americano ou europeu.

Esterótipos e caricaturas

Parece haver na Folha ainda uma certa reincidência de ‘estereótipos culturais’. Alguns textos caricaturizam a experiência da imigração como coleção e confirmação de imagens pré-prontas: a latinidade confrontada à frieza européia ou ao pragmatismo americano. Bom exemplo é a matéria assinada pelo colunista Álvaro Pereira Jr.: ’13 coisas estranhas sobre os EUA’. No texto, a ‘ginga’ e a ‘criatividade’ (tipicamente brasileiras) são apresentadas como contribuições possíveis ao mundo da ordenação e da funcionalidade americana.

Um número considerável de matérias situa-se na editoria de esportes. Seja o futebol, seja o boxe, constituem espaços de trabalho legitimamente ocupados pela mão-de-obra ‘estrangeira’. Vejamos alguns títulos:

‘Italianos suspeitam do passaporte do jogador Cafu’.

‘Ministra francesa pede fim dos passaportes para atletas’.

‘Boxeador cubano ilegal nos EUA só permanece no país se continuar vencendo’.

Assim mesmo, ancorada nas factualidades, ronda permanentemente a ameaça da ilegalidade ou do sucesso extra-ordinário (incomum, e, logo, objeto do interesse jornalístico).

No campo da produção artística, o êxito é apresentado também como inusual e exótico: o sujeito é apresentado como artista de relevo apesar da adversidade da imigração e de sua condição de imigrante (nos casos do escritor chileno Ariel Dorfman, do judeu, também escritor, Saul Bellow ou do músico colombiano Juanes). É o reconhecimento no código (não só no sentido lingüístico, mas no sentido cultural e de legitimação econômica) da internalidade que dá visibilidade àquele vindo do exterior. Fala-se distanciada e acomodadamente, antes como artista ou como ex-imigrante. A exotização, no entanto, permanece; agora atenuada, descriminalizada, tolerada mediante à incorporação das habitualidades domésticas. A imigração parece ser aceita e ‘desproblematizada’ quando ‘docilizada’ nos espaços da cultura, do turismo ou das frugalidades gastronômicas. De resto, é reduzida à problema de infra-estrutura (a redução do tema à discussão sobre a assimilação de ‘mão-de-obra’), à necessidade de controles e ajustes políticos ou coerções policiais (a ilegalidade e as deportações).

Uma questão de logística da cobertura do jornal Folha de S.Paulo: quase metade das matérias, publicadas invariavelmente na editoria Mundo, são enviadas por agências de notícias ou são reproduções de textos publicados originalmente em grandes jornais no exterior (The Independent, The New York Times, Le Parisién…). Há uma uniformização ou uma ampla homogeneização das representações identitárias circulando globalmente nas mídias? O que se perde neste processo simplificador de ‘apropriações’ de representações (e tematizações) culturais construídas ainda por outras culturas? Em que medida o olhar que nos é ‘emprestado’ adequa-se ao nosso olhar pessoalizado sobre o outro? A industrialização da informação faz convergir e compatibilizar as ‘percepções’ do outro?

Interferência da logística

Mais um detalhe: o Mundo reduz-se a uma certa Europa (francesa e italiana) e, sobretudo, muito mais amplamente, aos EUA. Pintado como Grande Eldorado, os EUA figuram numa alta porcentagem de matérias. Entretanto, representam não apenas um país, mas a lógica de um sistema, uma certa funcionalidade e organicidade global. No seu extremo encontra-se um genérico e disperso Terceiro Mundo, digno de disciplina.

São apontados ainda, num tom ‘alarmista’, o risco da latinização global (leia-se americana), o crescimento da população de imigrantes como elemento de desestabilização da organização produtiva. As políticas de legalização, as ameaças de deportação, os planos de ‘limpeza’, no caso, visam sustentar ordens econômicas, mais do que preservar culturas ou cidadãos. As matérias ‘EUA passam pelo segundo grande ‘boom’ da imigração em sua história’, ‘Imigrantes nos EUA são 10% da população’ exemplificam aqui este procedimento.

4. Parece ‘fria’ a cobertura da Folha de S.Paulo dada ao tema das imigrações. Primeiro, por fundamentar-se largamente em material de ‘segunda mão’; depois disso, tem-se a impressão de que o tema está resolvido no país (porque, hoje, mais emigramos do que recebemos imigrantes; porque, histórica e antropofagicamente, canibalizamos e deglutimos bem o outro num caldo cultural pouco dado à normatização e muito simpático à orgia carnavalesca e sincrética).

Na Folha, tendencialmente, o tema parece reduzir-se às alegorias das imigrações históricas, com suas peculiaridades e contribuições pontuais, ou à evocação de uma cultura mundializada (emblematizada pela indústria cultural, pela música pop novidadeira e por uma interculturalidade de trato acadêmico). Contudo, talvez ainda seja arriscado e demasiadamente apressado afirmar que o jornal apenas ‘sociologiza’ o problema no cumprimento de uma agenda e de uma cartilha midiática mundial, numa remissão a um ‘estado’ sócio-político global, a uma contemporaneidade sociológica que só indiretamente parece afetar o país.

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(*) Professor da Unisinos, doutor em Comunicação pela UFRGS

Bibliografia

AUGÉ, Marc. Hacia una Antropología de los Mundos Contemporaneos. Barcelona: Gedisa, 1998, 2 ed.

CASTELLS, Manuel. La Era de la Información. Economía, sociedad y cultura. Madrid: Alianza, 1998.

CANCLINI, Néstor. La Globalización Imaginada. Buenos Aires: Paidós, 1999.

_______. América Latina entre Europa y Estados Unidos. Mercado e interculturalidad. Halle (Alemanha), 1998, Conferência apresentada no II Congresso Europeu de Latino-Americanistas.

_______. Imaginarios Urbanos. Buenos Aires: Eudeba, 1997.