Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sanatório geral

Há ‘algo de errado’ é com a mídia impressa e a mídia eletrônica e está é ‘tudo errado’ com a televisão brasileira. O Estadão informou que embora pesquisas tenham indicado a preferência do telespectador brasileiro por filmes estrangeiros, os índices de audiência não confirmam isso. Infelizmente não posso matar a cobra e mostrar o pau porque não guardei o exemplar do jornal. Não tive a informação online. Ela ficou gravada em minha memória porque eu tenho um grande desprezo pela programação da TV brasileira . E também pela programação da TV americana, que nos serve de exemplo. Mas também por índices de audiência e pesquisas.

E aí o OI informa que ‘as cinco maiores audiências pertencem a filmes estrangeiros’! E este é só um exemplo da bagunça generalizada. Há as informações contraditórias em outros campos que não o do entretenimento. Ainda neste, como informa o OI, tem o caso dos fogos de artifício que ‘iriam ao ar’ à meia-noite na festa da Avenida Paulista, quando viraram fumaça por volta das 20h! Não que eu dê importância a fogos de artifício, mas fui informada pela mídia de que os chineses têm o costume de espantar os maus espíritos com o fumacê. Quer dizer, puxam a brasa para a sardinha deles ou o fogo para a pólvora, como preferirmos, já que eles a inventaram.

Capitalismo puro. E gente da mídia paulistana – FSP? O jornal pode se dizer nacional, mas tem a gente local – conclui que para espantar os maus espíritos é preciso que a população seja apanhada de surpresa. Ou seja, será através de um grande susto que cada transeunte espantará o mau espírito que lhe cabe, contribuindo assim para guardar a cidade de São Paulo aniversariante, já que os fogos que espocaram na avenida em 1º de janeiro foram programados, e os maus espíritos já estavam prevenidos e não arredaram o pé da cidade. Os do Rio de Janeiro também não, é preciso que se diga..

E já que estou a tratar de bagunça generalizada, que falei no Rio de Janeiro e o OI tem também matéria sobre o compositor Lamartine, quero dizer que não concordei quando uma repórter da TV Globo – contemporânea do compositor? – disse que ele gostava de ‘se divertir e de mulheres’. Uma coisa não exclui a outra, mas assim, juntas, fica parecendo que a repórter queria não informar sobre a preferência sexual do compositor, mas sim dizer que mulheres continuam a ser objeto de diversão. E isto sem falar no enaltecimento pela mídia de um ‘artista’ que diz que a cor da mulata não pega e que por isso ele aceita o amor dela.

Por muito menos outros indivíduos já foram condenados ao ostracismo. A mídia também tem este defeito, não se recicla. Não atualiza conceitos e costumes. Estampa mulheres peladas em capas de revistas e acha que ficou moderninha. Mas não é mulher pelada que sempre teve a ver com a tal da diversão? Comentários idiotas feitos na TV do início do século 21 provocam saudosismo nefasto em telespectadores também não concatenados com o seu tempo.

Mas o que eu quero agora dizer, deixando o entretenimento de lado, é que a política na mídia também está um hospício. O fenômeno então não está ocorrendo só na área da diversão, e todos se divertem muito em todas as áreas. Está faltando cada jornalista assinar sua matéria, ou sua informação, como Napoleão Bonaparte. E ainda nem se teve a assessoria de imprensa do premier convocando a mídia para uma grande entrevista de sua

excelência Napoleão Bonaparte! E não será entrevista com ’14 pequenas perguntas’. Será uma entrevista sem perguntas (!). Quando isto acontecer os portões do Brasil deverão ser abertos e todos sairão cantando e dançando. Mais ou menos como acontece quando chega a festa do Carnaval brasileiro. E não é que ela – a festa – já chegou! Escolas de samba indicarão a entrada na pista do desfile espocando fogos de artifício. Seria a chance dada ao mês de fevereiro. Mas como é tudo programado, os maus espíritos não arredarão mesmo o pé do Brasil. Nem no Rio de Janeiro, nem na Bahia, nem no Recife, onde ocorrem os mais famosos carnavais brasileiros. A não ser que a mídia nacional tenha uma brilhante idéia e pegue a todos nós de surpresa, nos dando um grande susto, sem nem mesmo precisar do artifício dos fogos de artifício. Aí os maus espíritos se mandam para os paraísos fiscais. Seria a redenção da nossa mídia!

Napoleão Bonaparte, por Marli Ribeiro, São Paulo

 

Realmente deplorável

A qualidade da grade de programação da TV brasileira é realmente algo lastimável. Concordo com o autor quando diz que o público está julgando a televisão brasileira, quando medimos a audiência das redes de TV abertas (por mais que os empresários da mídia contrariem isso). A culpa é sem dúvida dos gestores das emissoras, que não enxergam um palmo adiante de seus narizes e são incapazes de detectar que o público quer boa programação, e os anunciantes também.

Quem tem um pouco de grana ainda se salva assinando uma TV a cabo ou por satélite, mas a maioria se irrita na frente da TV com coisas bizarras na programação. Ontem, ao chegar do trabalho, estava zapeando a TV e me deparei com o Brasil Urgente e seu famigerado helicóptero sobrevoando a Zona Leste de São Paulo, onde, numa casa humilde, uma dona de casa havia caído da laje e estava sendo atendida pelos bombeiros. Ora, daqui a pouco a unha encravada do Tião Severino, do bairro Trololó, vai ser assunto de cadeia nacional (façam-me o favor!).

Como estudante de Jornalismo, fico revoltado em ver que o SBT, segunda rede do país, tem como âncoras de seu principal telejornal Analice Nicolau (com seu penteado anos 80) e Cíntia Benini (ex-Casa dos Artistas), é realmente deplorável, sem comentários.

Do jeito que a coisa caminha, com os filmes estrangeiros liderando a audiência da maioria das redes, as quais povoam sua programação com enlatados americanos (principalmente SBT e Record), fica mais fácil elas retransmitirem a programação de alguns canais americanos, como Fox, Sony e Warner. Ao menos assim o povo brasileiro vai ter a chance de assistir a bons sitcoms, seriados e programas, evitando vomitar frente à TV ao ver casos como a mulher que vai confessar em rede nacional que faz programa pra sustentar o filho, ou mais um motoqueiro morto em acidente na Marginal, ou ainda aquela terrível dupla de apresentadoras do Jornal do SBT, que mais parecem atendentes de sexshop de periferia.

Rodrigo de Proença Guidi, publicitário e estudante de Jornalismo

 

A pior de todas

É a pura verdade. Desde que moro no Brasil, nunca vi uma televisão tão ruim. Hoje assisto o programa de vocês, algum que outro telejornal (de vez em quando), futebol ou um filme (pouco). Mas eu não reclamo muito porque estou pretendendo voltar a ler… e isso é bom, é melhor do que assistir a essa nossa televisão. Gosto de viajar na internet, leio muitas coisas boas, como os artigos de vocês. No exterior também tem muita coisa boa para ler e conhecer. A internet é um grande veiculo, hoje eu prefiro mais do que a TV. Continuem firmes com seus bons comentários. Um abraço.

Juan Carlos Bosco

 

Parabéns sincero!

Esse texto está alucinante. Parabéns mesmo, aquele parabéns sincero, dito com o maior gosto!

Priscilla Luparelli

 

Degradação assustadora

Realmente é lamentável o atual quadro da televisão brasileira. A degradação moral e cultural propagadas na televisão tupiniquim é simplesmente assustadora. E o que é pior: a aspiração da Constituição, no que tange à concessão das emissoras não passa de um conto-de-fadas. Cultura não existe, salvo raríssimas exceções, a saber, TV Cultura. De resto, um programinha razoável ali, outro aqui… mas nada muito interessante. ‘Eles’ subestimam a inteligência do nosso povo, que não assiste a outras coisas porque lhe são oferecidas somente porcarias.

Julio Cesar S. Rodrigues, 27 anos, advogado, São Paulo

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