Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Seqüestrador de Santo André dá entrevistas a canais de TV

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 16 de outubro de 2008


 


SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Marcela Spinosa, José Dacauaziliquá, Daniela do Canto, Josmar Jozino e Vitor Hugo Brandalise


O mais longo cerco da história da PM


‘A Polícia Militar de São Paulo executava, no início da madrugada, a mais longa negociação de sua história, envolvendo um caso de cárcere privado, em um prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no Jardim Santo André, em Santo André. À 0h30, Lindembergue Fernandes Alves, de 22 anos, mantinha refém a ex-namorada, Eloá, de 15 anos, havia 59 horas. Os dois romperam no mês passado e ela recusou os pedidos para que retomassem o relacionamento. O caso mais longo anterior ocorreu em 2007.


Por telefone, num programa de TV, Eloá pediu ontem aos PMs que não tomassem nenhuma ação enérgica. ‘Ele está calmo. Eu estou bem. Mas minha vida está agora nas mãos dos policiais.’ Alves deixou de atender as ligações de PMs para seu celular na noite anterior, após ter soltado a estudante Nayara – ela e outros dois colegas foram dominados, ao lado de Eloá, às 13h30 de segunda-feira. Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) chegaram a tocar a campainha do apartamento, às 8 horas, porque o comandante do Policiamento de Choque, coronel Eduardo José Félix, temia que a garota estivesse morta. O invasor ameaçou atirar, como havia feito quatro vezes na terça-feira.


As negociações foram retomadas em clima tenso. Eloá apareceu quatro vezes na janela – numa delas, às 12h15, para puxar uma marmita por uma corda de lençol. De acordo com o comandante, o seqüestrador conversou com os negociadores às 14 horas e disse que iria se entregar sem ferir a ex-namorada. Mas, depois de uma entrevista a uma TV, ‘mudou de idéia e disse que iria se entregar no seu tempo, quando estivesse preparado’ (mais informações na página C4).


A polícia informou que Alves chorava durante todos os contatos: estava arrependido. A irmã dele, Susi Alves, de 26 anos, esperou o dia todo pelo fim do seqüestro. ‘Se pudesse, falaria para ele se entregar. Nós (a mãe e as duas irmãs) estamos sofrendo muito.’


Ontem, Nayara, de 15 anos, libertada às 22h50 de anteontem, prestou depoimento no 6º DP por sete horas. Segundo seus pais, a menina ‘está bem e mais calma, mas vai ser difícil relaxar até que tudo termine’. A jovem e os dois colegas mantidos como reféns confirmaram que Alves seqüestrou Eloá só porque queria se reaproximar dela.


Os moradores do bloco 24 do CDHU, cercado pela PM, foram orientados pela polícia a não deixar o local e também viraram ‘reféns’ da situação. Do lado de fora, só se observavam moradores circulando pelas escadas e nas janelas. Ninguém podia entrar nem sair. Nos prédios ao lado, até as garagens estavam ‘interditadas’. Policiais do Gate estavam posicionados estrategicamente nas escadas e dentro dos apartamentos.


Um jovem que mora ao lado do apartamento de Eloá, com os pais e a irmã mais nova, contou que a família só come, dorme e assiste a programas de TV. ‘Ouço ela gritando e pedindo para ele parar.’ O momento mais tenso foi quando se ouviu o barulho de tiros ao lado. ‘Estava no corredor e saí correndo. Nosso maior medo é de que a polícia invada a casa dela e tudo acabe em tragédia.’ O rapaz só se sente tranqüilo à noite, quando a família vai dormir e PMs ficam em seu apartamento. ‘Vai saber o que ele (Alves) pode fazer.’ Mas ficar em casa cria problemas. ‘Temos de pedir para as pessoas que passam do lado de fora para comprar comida.’ Os mantimentos eram amarrados em uma corda e puxados para cima.


O CDHU é, segundo a polícia, uma das áreas mais perigosas de Santo André. Um morador relatou ter receio de represálias de traficantes. ‘Eles não perdoam porque estão tendo prejuízo com essa movimentação.’


OUTROS CASOS


Março de 2007: Depois de 56 horas de tensão, o assaltante Gleison Flávio Salles, de 23 anos, que havia feito três crianças e a mãe delas reféns em Campinas, foi preso pela polícia. As vítimas foram libertadas. O assaltante havia libertado uma das crianças uma hora antes de ser preso e outra já no primeiro dia. Na época, a polícia informou que aquele era o mais longo caso de cárcere privado já registrado na história do Estado de São Paulo


Outubro de 2006: O marceneiro Gilberto Gomes de Lima manteve a mulher e a amante, grávida, em cárcere privado por 30 horas, em uma garagem em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo.


O desfecho do caso foi sangrento: Lima, que manteve as mulheres sob a mira de um revólver durante todo o tempo, matou a amante e se suicidou em seguida. A polícia, que cercava o local, invadiu a garagem após ouvir os quatro disparos’


 


 


Camila Haddad e Keila Jimenez


Gate queria impedir TV de falar com invasor


‘O telefone do Departamento de Comunicação da Polícia Militar disparou ontem, logo após a apresentadora Sônia Abrão, do A Tarde É Sua, da Rede TV!, mostrar uma entrevista ao vivo com Alves. Oficiais da tropa de elite da Polícia Militar pediam para a corporação intervir e pedir à emissora que retirasse a reportagem do ar.


A atitude da TV, para a PM, é ‘incorreta’, ‘atrapalha’ e coloca em risco o trabalho dos negociadores. Um capitão do Exército, que pediu para não ser identificado, estava inconformado. ‘Para esse tipo de ocorrência existem pessoas treinadas, especializadas. Às vezes, uma palavra errada da apresentadora coloca tudo a perder.’ À noite, a TV Globo também entrou em contato com o seqüestrador.


As entrevistas dividem especialistas. Para o presidente do Instituto de Estudos de Televisão (IETV), Nelson Hoineff, o ‘furo jornalístico’ foi um ato louvável. ‘Não tem nada de pernicioso em correr atrás de um furo desses.’ Já para o professor Laurindo Leal Filho, da Escola de Comunicação e Artes da USP e apresentador de um programa sobre ética na TV Câmara, a interferência da televisão em um caso como esse, além de perigosa, é inconstitucional. ‘Uma concessionária de serviço público não tem direito de interferir em assuntos das esferas policial e judicial. O compromisso deve ser só com informação, educação e entretenimento. Isso está previsto na Constituição. Em um país sério, a concessão dessa emissora seria cassada.’


Com uma média diária de 2 pontos de audiência no horário da entrevista, A Tarde É Sua chegou a registrar pico de até 5 pontos durante a conversa com Alves.’


 


 


Edison Veiga


No Orkut, solidariedade de estranhos e até propaganda


‘Enquanto as câmeras miravam a janela do apartamento em Santo André, milhares de pessoas acessavam o perfil no Orkut de Eloá – e ali deixavam recados. ‘Estou torcendo por você. E que esse idiota vá para a cadeia’, escreveu uma pessoa. ‘Não desanime, Deus está com você. Estamos orando’, postou outra. ‘Espero que você saia bem dessa, pois é nova e tem uma linda vida pela frente. Estou assistindo e até agora o que mais me marcou foi você aparecendo na janela e pedindo calma’, dizia um outro recado.


A maioria dos recados não parecia ser de amigos ou familiares, mas de gente que acompanhou o caso pela mídia. ‘Moça, sei você não me conhece, mas agora conheço você – não de uma maneira agradável, mas conheço como todo o Brasil’, escreveu um internauta.


Foram postados também xingamentos e piadas de mau gosto. Houve quem se aproveitasse da elevada audiência do perfil de Eloá para divulgar seu candidato nas eleições e até para tentar fazer negócio. ‘Vendo Opala 87 ?novinho?’, insistia um internauta. A farra virtual acabou às 15h30, quando alguém – provavelmente um amigo que tinha a senha – bloqueou os recados da página. Nesse instante, os 10.879 recados não puderam mais ser acessados e parte começou a ser apagada.’


 


 


ANNA POLITKOVSKAYA
AP, AFP E NYT


Russa diz ter sido envenenada


‘A advogada russa Karinna Moskalenko, que defende diversos adversários do Kremlin, denunciou ontem que ela e sua família foram envenenadas por mercúrio. Ela informou que desde domingo está sentindo dores de cabeça, vertigens e náuseas. A polícia da cidade francesa de Estrasburgo, onde Karinna mora, confirmou ter encontrado no carro da família traços de mercúrio e abriu investigação.


Como estava se sentindo mal, Karinna não viajou para Moscou para participar da primeira audiência do julgamento dos três suspeitos de assassinar a jornalista russa Anna Politkovskaya, morta a tiros em 2006 após sobreviver a um envenenamento anos antes. Anna fez reportagens sobre abusos cometidos pelo governo russo, especialmente na Chechênia, que incomodaram o Kremlin.


O juiz recusou-se a adiar o início dos trabalhos, mas marcou a próxima audiência apenas para o dia 17 de novembro.


Karinna, advogada especialista em direitos humanos de destaque na Rússia, além de representar a família da jornalista Anna, defende presos chechenos, o ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, detido no ano passado durante um protesto contra o governo russo, e o magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky, atualmente preso por evasão fiscal.


A advogada disse que o ato parece uma tentativa de intimidá-la, mas preferiu não apontar suspeitos. ‘Alguém pôs a substância lá, mas não sei quem pode ter feito isso, nem quais suas razões’, disse. ‘Com certeza ninguém põe mercúrio no seu carro para melhorar sua saúde.’


DIAGNÓSTICO


A contaminação por mercúrio pode causar danos a vários órgãos e ao sistemas imunológico e nervoso. Karinna informou que ela e seus três filhos, que apresentavam sintomas semelhantes aos seus, procuraram um hospital. O diagnóstico preliminar teria sido envenenamento. ‘Estou preocupada com meus filhos. Graças a Deus ainda estão vivos’, disse a advogada.


A polícia investiga como a substância foi parar dentro do carro, já que não havia sinais de arrombamento. Segundo um agente que falou em condição de anonimato, estuda-se a hipótese de a presença de mercúrio ter sido resultado de um acidente do antigo dono do veículo. Uma análise toxicológica feita no material recolhido indica que o tipo de mercúrio não é muito potente e não deve provocar danos mais sérios à saúde dos contaminados.


Para Karinna, a possibilidade de o mercúrio estar previamente no carro ‘não faz sentido’ porque o carro foi totalmente limpo antes de ser entregue à sua família, em agosto.


Seus colegas também descartam a hipótese de envenenamento acidental. ‘Todo mundo acredita que o incidente tem ligação com sua atividade profissional, pois ela está envolvida em vários casos importantes’, afirmou Anna Stavitskaya, que também representa a família da jornalista assassinada.


Outras figuras proeminentes que criticaram o Kremlin, incluindo o ex-espião Alexander Litvinenko, foram vítimas de envenenamentos nos últimos anos. Anna ficou seriamente doente em 2004 depois de tomar um chá servido em um vôo de Moscou para Beslan. Como passou mal, não pôde cobrir a crise dos reféns numa escola que acabou com mais de 330 mortos.’


 


 


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Uso de veneno é quase tradição


‘Versões indicam que Rasputin, homem de grande influência sobre o czar russo Nicolau II, teria envenenado diversos inimigos e também teria sido envenenado com cianeto, em 1916. Ele sobreviveu ao veneno, mas em seguida foi fuzilado e jogado em um rio. Já na década de 50, o protagonista de um caso de envenenamento foi Lavrentiy Beria, chefe da segurança e polícia secreta soviética no governo de Stalin. Ele teria confessado ao ministro Vyacheslav Molotov que assassinou Stalin com veneno de rato. O uso de veneno tornou-se prática comum da KGB (serviço secreto soviético), à qual pertenceu o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, assim como das agências que substituíram a KGB a partir dos anos 90.


CASOS SUSPEITOS


1957 – KGB usa tálio radioativo para matar desertor soviético


1978 – Jornalista búlgaro da BBC morre envenenado por ricinina


2002 – Senhor da guerra checheno morre logo após abrir uma carta


2003 – Parlamentar russo é envenenado enquanto investigava casos de corrupção no governo


2004 – Viktor Yushchenko, então líder da oposição da Ucrânia, fica desfigurado e quase morre por envenenamento por dioxina


2006 – O ex-espião russo Alexander Litvinenko morre em Londres três semanas após ter sido envenenado por polônio-210. Além Litvinenko, outras quatro pessoas que tiveram contato com ele foram contaminadas, mas sobreviveram’


 


 


AMEAÇA
AP E AFP


Jurado de morte pela máfia, escritor deixará Itália


‘O escritor italiano Roberto Saviano afirmou ontem que deixará a Itália ‘pelo menos por um tempo’, um dia após a polícia anunciar que estava investigando suspeitas de que a máfia napolitana planeja matá-lo até o Natal.


Saviano é autor de Gomorra, best-seller que trata da brutalidade da máfia napolitana, conhecida como Camorra. Após vender 1,2 milhão de exemplares e ser traduzido para 42 idiomas, o livro foi transformado em filme, premiado no Festival de Cannes e indicado como o representante italiano no Oscar. Tanto sucesso fez com que os mafiosos decidissem punir o escritor, que vive escondido e sob proteção policial há mais de dois anos.


Ontem, o jornal italiano La Repubblica publicou um artigo de Saviano, no qual diz que deixaria a Itália para escapar das ameaças da Camorra. ‘Quero uma vida. Creio que tenho direito a um descanso. Nunca pensei que um livro, apenas um livro, pudesse causar esse terremoto’, escreveu o autor, de 29 anos. ‘Quero me apaixonar e beber uma cerveja em público. Quero tomar sol, caminhar e encontrar minha mãe sem sentir medo. Quero rir e não falar de mim mesmo como se eu fosse um doente terminal.’


Ontem, a polícia italiana voltou atrás e disse que o informante que havia dito que Saviano seria morto até o Natal agora nega a existência da ameaça. Franco Roberti, coordenador do setor da polícia de Nápoles especializado em operações antimáfia, admitiu que as informações passadas pela fonte não foram gravadas.’


 


 


TELES
Gerusa Marques, Michelly Teixeira e Renato Cruz


Regra que permite fusão Oi-BrT será definida hoje


‘Depois de oito meses estudando o assunto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) votará hoje a proposta de reformulação do Plano Geral de Outorgas (PGO), que representa a maior mudança no marco regulatório brasileiro de telefonia fixa desde a privatização do setor, em 1998. Quando for transformado em decreto presidencial, o PGO permitirá a compra da Brasil Telecom pela Oi.


Segundo analistas de mercado, o prazo necessário para que a Anatel conceda anuência prévia para a operação é o principal risco à concretização da compra. O contrato assinado entre as empresas prevê o pagamento de uma multa de R$ 490 milhões à Brasil Telecom caso não saia a aprovação prévia até 21 de dezembro.


‘Mesmo que não seja cumprido o prazo, não me parece muito provável que as empresas desistam’, disse a analista Beatriz Battelli, da Brascan Corretora. O prazo é apertado, mas não impossível. Depois do Conselho Diretor, o texto do PGO tem de passar pelo Conselho Consultivo da agência, para depois ser encaminhado para o Ministério das Comunicações. Do ministério, a proposta segue para a Presidência da República. Segundo Beatriz, caso o prazo contratual não seja cumprido, as empresas podem negociar uma extensão.


A Oi nega a possibilidade de mudança de planos. Por meio de sua assessoria, a empresa informou: ‘Não há nada desta natureza no horizonte. O negócio obedece a desígnios de longo prazo e enseja-se na estratégia competitiva também de longo prazo.’


Hoje, em Brasília, os cinco conselheiros da Anatel irão para a sessão pública de votação do PGO concordando com os principais pontos sugeridos pelo Ministério das Comunicações para permitir a fusão entre duas concessionárias. Mas até ontem à noite, segundo fontes do setor, persistiam as divergências em torno da proposta de exigir das concessionárias a criação de uma empresa separada para administrar os serviços de banda larga, sugerida pelo conselheiro-relator Pedro Jaime Ziller.


O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, e os conselheiros Antônio Bedran e Emília Ribeiro trabalham para convencer Ziller a desistir da idéia de manter a exigência da separação empresarial no PGO. Nesse assunto, o relator é acompanhado pelo conselheiro Plínio de Aguiar Júnior, resultando em um placar de três contra e dois a favor da separação, o que garante a retirada desse artigo.


A crise financeira também tem impacto no processo de compra da BrT pela Oi. Ontem, as ações ordinárias da Brasil Telecom Participações caíram 8,51% na Bolsa de Valores de São Paulo e fecharam cotadas a R$ 43. Em 24 de abril, um dia antes de a Oi anunciar oficialmente a compra da Brasil Telecom, elas valiam R$ 50,12. A oferta da Oi avalia os papéis nas mãos dos controladores a R$ 72,30, mais correção pelo CDI.


No mês passado, a Oi cancelou uma emissão de US$ 1,5 bilhão em eurobônus, por causa da crise. Segundo analistas, a empresa conseguiria concretizar a compra do controle da Brasil Telecom sem esse dinheiro, usando o próprio caixa. Ela teria de voltar ao mercado para captar recursos somente no ano que vem, por causa da oferta obrigatória aos acionistas minoritários, também chamada tag along. Eles têm direito a 80% do que será pago aos controladores.


RESULTADO


Ontem, a Brasil Telecom Participações divulgou um lucro líquido de R$ 164,1 milhões no terceiro trimestre de 2008, um crescimento de 9,2% sobre o mesmo período de 2007. A receita líquida avançou 3,4%, para R$ 2,841 bilhões.’


 


 


VIAGEM
Severin Carrel, The Guardian


Guia coloca SP entre melhores cidades para se visitar


‘O guia Best in Travel 2009, da Lonely Planet – especializado em informações turísticas -, colocou São Paulo entre as dez cidades do mundo que merecem uma visita. Ao lado da capital estão cidades como Beirute, Chicago, Lisboa e Xangai. Entre as qualidades que colocam São Paulo como uma ‘capital do mundo’ estão cultura e entretenimento.


Os paulistanos, segundo o Lonely Planet, trabalham pesado e diariamente fogem do trânsito e da poluição. Apesar disso, não poderiam sonhar viver em outra cidade. O guia diz que São Paulo pode parecer um lugar assustador mas, ao olhar em volta ou se lançar no desafio de conhecer a selva urbana, a cidade passa a merecer uma visita.


Uma das surpresas da lista foi a inclusão de Glasgow, na Escócia. Notória no passado por favelas, gangues e negligência industrial, a ressurreição como uma das cidades mais estilosas e aprazíveis do mundo foi confirmada. ‘Esqueça castelos, kilts, gaitas de fole e tartan (tecido xadrez de lã)’, declara o guia Best in Travel 2009.


Glasgow é a única cidade britânica incluída entre as dez mais, uma honraria abraçada por Steven Purcell, presidente da Câmara Municipal. ‘O guia Lonely Planet é mais um sonoro voto de confiança em Glasgow, que se estabelece como uma cidade com reputação mundial para turismo, grandes eventos, compras e lazer’, disse ele. As dez melhores, segundo o guia, são Antuérpia, Beirute, Chicago, Glasgow, Lisboa, Cidade do México, São Paulo, Xangai, Varsóvia e Zurique.’


 


 


TELEVISÃO
Etienne Jacintho


Rio Ink abre portas


‘Após um ano de pré-produção, casting, filmagens e finalização, o episódio especial Rio Ink, da franquia Miami Ink, da Discovery, chegará aos telespectadores no dia 26 de outubro, às 22 horas, no canal People + Arts. O capítulo, filmado no estúdio Banzai, na Barra da Tijuca, no Rio, vai viajar para os outros países da América Latina e também para os Estados Unidos.


Rio Ink é uma co-produção da Discovery com a recém-criada Stolnicki Produção Audiovisual, empresa que não existia quando o reality show começou a ser idealizado. O produtor Michel Stolnicki conta que, durante a realização de Rio Ink, outros projetos surgiram e, hoje, a produtora já tem novos realities em produção, para TVs abertas e pagas, em apenas seis meses de vida e, caso a audiência seja receptiva ao piloto de Rio Ink, o especial pode virar série. ‘Temos todo o interesse’, fala Fernando Medin, gerente-geral da Discovery Networks para o Brasil. Na internet, o Rio Ink foi sucesso: teve quase 25 mil inscritos interessados em fazer uma tatuagem. Destes, sete estão no episódio, incluindo Tico Santa Cruz, da banda Detonautas. O especial já tem um patrocinador e há outro em negociação.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 16 de outubro de 2008


 


CAMPANHA
Ricardo Melo


PT: passado e presente


‘AINDA NÃO se conhece a reação do eleitor à idéia de Marta Suplicy de bisbilhotar a intimidade do prefeito Kassab. Mas, tirando marqueteiros, a ex-prefeita e seu comitê de campanha, ninguém digno de nota apoiou de público estratégia tão infame.


Seja qual for o impacto nas urnas, a iniciativa de Marta já diz muito sobre o vazio programático do PT. Havia uma época em que os militantes do partido usavam os neurônios em reuniões para ao menos tentar melhorar a vida dos pobres, purificar a política e aprimorar a democracia no país.


Para os adversários, eram tertúlias inúteis, coisa de quem preferia filigranas ideológicas aos ‘problemas reais’. Por mundo real entenda-se ganhar eleições a qualquer custo, usar o erário em benefício próprio (de preferência sem deixar vestígios) e garantir o futuro após uma baldeação no governo.


A maioria do PT decidiu entrar no jogo pelos fundos -e desde então se vê isso que está aí. Seria injusto achar que o prestígio de Lula vem do nada, ou que suas iniciativas sociais são desimportantes.


Mas equivaleria a brincar de avestruz concluir que, hoje em dia, isto basta para diferenciar o PT a ponto de convencer um eleitor médio a votar na legenda sem pestanejar.


Tal cenário faz parte do passado por culpa do próprio partido e da desidratação política a que se submeteu. A pobreza das idéias aproxima a campanha em São Paulo de uma disputa de síndico de condomínio. Marta ataca Kassab acusando-o de copiar idéias como os CEUs e o bilhete único -mais ou menos como os tucanos faziam com os petistas, quando acusavam Lula de apropriação do que consideravam melhorias do Plano Real.


Mas quando Kassab responde que vai continuar com os programas que o PT criou (assim como o PT afirma que irá manter as AMAs que Kassab instituiu…), os petistas então escolhem como alvo a trajetória do prefeito -seu passado ao lado de Pitta e de Maluf.


Certo, não é um bom currículo, longe disso. Mas tampouco pega bem Lula idolatrar usineiros, freqüentar palanques com gente como Jader Barbalho, afagar Severino Cavalcanti e apoiar no Rio um candidato que até outro dia o chamava de chefe da quadrilha do mensalão. Para o eleitor, acaba sendo o velho jogo de soma zero.


Kassab, que de bobo não tem nada, aproveita a onda. Em sabatina da Folha, o antes obscuro assessor deu-se ao luxo de decretar o fim da direita e da esquerda para se vender como o candidato da ‘eficiência’. E estamos conversados.


Difícil era imaginar que, mesmo incapaz de inovar e de encontrar seu próprio caminho, o PT enveredasse para a baixaria pura e simples. Se o partido acha que o passado condena Kassab, o presente, sem dúvida, condena os petistas.


RICARDO MELO é secretário-assistente de Redação’


 


 


Painel do Leitor


Eleições


‘‘Em relação ao repúdio feito a este jornal pela senhora Isabel A. Santos (‘Painel do Leitor’ de ontem), devo esclarecer, como jornalista que sou, que não é a Folha que quer vender manchetes (embora isso seja legítimo). É a candidata Marta que insiste em abordar um assunto que não compete a ela. A Folha apenas registrou mais essa.’


BRUNO R. ANTONIO (São Paulo, SP)


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‘Quem primeiro insinuou a solteirice de Kassab foi Geraldo Alckmin. No seu programa eleitoral gratuito, usou o quadro ‘Na direção do coração’, no qual sua mulher, Lu, beijava seu rosto.


Laura Mattos, na Folha de 28/8, informou: ‘Alckmin negou que seu objetivo seja, com isso, buscar um diferencial em relação a Marta, que se separou do senador Eduardo Suplicy depois de 36 anos de casamento e se casou com o franco-argentino Luís Favre, e a Gilberto Kassab, solteiro’.


Com isso, revelou a jornalista, Geraldo Alckmin teve como objetivo evidenciar seu lado ‘família’.


Por motivo óbvio, tal estratégia não teve a mesma repercussão que essa de Marta. Mesmo assim, Geraldo Alckmin retirou-a do ar.’


JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE (Mogi-Guaçu, SP)


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‘Qual não foi o meu espanto ao ler neste conceituado jornal as malvadezas a respeito do doutor Kassab. Sendo conhecedor e admirador da biografia de ‘dona Marta’ e de sua capacidade intelectual, jamais poderia imaginar tão baixo nível em seu programa eleitoral.


‘Não vi, não li, não sei’ é uma peste que está atingindo todo político do PT.


Dona Marta precisa ser humilde e pedir desculpas ao senhor Kassab em seu horário eleitoral.’


ALDO PAVANELLO (Jaraguá do Sul, SC)


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‘O Kassab tem ou não tem uma família tradicional? Apesar de sempre ter votado no PT, estou indignada! Tradição, família e propriedade passaram a fazer parte dos ideais defendidos pelo PT?


Não há nada que justifique essa forma de abordar o candidato que concorre com Marta.


A história política de cada um deve fazer a diferença, e não as relações e opções pessoais.’


EUNICE DE PIERO (Campinas, SP)


 


 


Catia Seabra e Afonso Benites


Em escalada jurídica, Kassab ganha espaço de Marta na TV


‘Em mais um capítulo da guerra que travam na Justiça, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) conseguiu tirar as inserções da adversária Marta Suplicy (PT) do ar por dois dias.


Atendendo a uma série de decisões da 1ª Zona Eleitoral, Kassab ocupará, com um texto em sua defesa, 15 minutos de inserções de Marta em cada dia, tanto no rádio como na TV.


Esse cálculo é da própria assessoria jurídica da candidata, que ainda ontem recorreu ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para suspender a decisão.


O juiz auxiliar da propaganda da 1ª zona, Claudio Luiz Bueno de Godoy, concedeu ontem uma série de direitos de resposta a Kassab no horário destinado a Marta. As decisões dizem respeito a duas diferentes peças exibidas. Numa, pergunta-se ao eleitor ‘o que mais Kassab tem a esconder’. Em outra, se o prefeito é casado e tem filhos.


Segundo o advogado de Marta, Hélio Silveira, a campanha apresentou 18 inserções batizadas de ‘Esse é o Kassab’, o que garante 18 minutos de direito de resposta. Além disso, foram 13 inserções sobre o estado civil de Kassab. Com isso, serão dois dias de direito de resposta.


‘Estamos recorrendo. Se não conseguirmos, na sexta e no sábado pagaremos isso. No domingo, Marta estará de volta ao ar’, afirmou Silveira, apostando no envio do direito de resposta às emissoras apenas hoje.


Ontem mesmo, o advogado de Kassab, Ricardo Penteado, aprovou texto para distribuição às emissoras. Pelos cálculos da equipe de Penteado, Kassab terá direito a 89 aparições na TV e 72 em rádio. Isso porque as emissoras exibem as inserções em horários diferentes.


Ainda há ações em curso. De domingo para cá, Kassab e Marta transferiram sua batalha para o TRE. Até as 18h de ontem, tinham dado entrada a 55 processos na capital paulista.


Desses, 30 foram movidos pela coligação de Marta. Kassab, por sua vez, entrou com 25 ações.


A média de processos apresentados pelos dois é maior no segundo turno. No primeiro, em 85 dias de campanha, Marta entrou com 49 ações contra Kassab, uma média de 0,57 por dia. O prefeito entrou com 42, uma média de 0,49 por dia.


No segundo turno, a Justiça começou a ser acionada a partir do dia 12, quando a propaganda eleitoral voltou a ser veiculada. Até ontem, a média de processos movidos pela petista era de 7,5 por dia. A média de Kassab era de 6,5 ações por dia.


O coordenador-geral da campanha de Marta, Carlos Zarattini, criticou a decisão da Justiça. ‘Isso retoma as práticas antigas de censura, quando a Justiça impede que se questione quem é o candidato.’ Sobre a apreensão de panfletos de Marta, alegou: ‘Tiramos os dados do Movimento Nossa São Paulo. Aonde vamos parar? A Justiça quer interditar o debate’.


Colaborou RANIER BRAGON , em São Paulo’


 


 


Ranier Bragon


Acusar campanha de preconceito é ‘absolutamente indigno’, diz Marta


‘A candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) classificou ontem de ‘indigna’ a interpretação de que sua campanha tenha sido preconceituosa ao questionar aspectos da vida pessoal do adversário, Gilberto Kassab (DEM).


‘Vi hoje a peça e não achei que era abusada’, disse Marta em entrevista ao SPTV, da TV Globo, afirmando que foi uma das pessoas que mais lutou pelos direitos das mulheres, gays e negros. ‘É absolutamente indigno o que estão fazendo.’


Marta almoçou ontem com o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), que lhe prestou solidariedade, embora tenha considerado a propaganda um ‘equívoco’.


Mais cedo, Marta chorou ao ouvir um rap composto para ela por Jonattan de Oliveira da Silva, 11, e mais dois irmãos. ‘É por isso que vale a pena agüentar tudo o que tenho que agüentar em uma campanha’, disse, sob lágrimas, em cima de um carro de som no bairro Tucuruvi (zona norte).


Em seus eventos de rua, ela mais uma vez elevou o tom contra Kassab. ‘É esse o prefeito de São Paulo, que cria um ‘muro de Berlim’ e deixa essa gente carente nessa situação’, disse Marta, exaltada, na Vila Nilo (norte). Lá, um muro separa a parte urbanizada de outra, com barracos erguidos desordenadamente sobre o chão de terra.


Sobre a pesquisa Ibope, que aponta vantagem pró-Kassab de 12 pontos percentuais, ela comemorou, já que o Datafolha do dia 12 apontava diferença de 17 pontos. ‘No debate [da TV Band] mostrei com clareza a diferença entre o prefeito Kassab, que veta projetos bons, e o da propaganda, que promete fazer tudo o que vetou.’’


 


 


Contardo Calligaris


Marta com McCain


‘AS CAMPANHAS ELEITORAIS são facilmente sórdidas.


Claro, os candidatos mentem inchando seus feitos, omitindo suas inércias, atribuindo-se realizações que são de outros ou dos predecessores. Mas isso dá para agüentar, é quase normal.


Muito mais humilhante (para a gente) é quando as campanhas fazem apelo ao que há de pior em nós, ou seja, quando, na tentativa de desacreditar o candidato adversário, elas apostam em nossos preconceitos. Nesse caso, as campanhas supõem (com razão) que estejamos sempre prontos a transformar tal candidato em cabide de sentimentos e desejos que são nossos, mas dos quais nos envergonhamos.


Funciona assim. Digamos que eu sou ávido e venal e não gosto disso; prefiro me imaginar desinteressado e generoso. Como tirar vantagem dessa minha contradição?


O jeito ideal de me manipular não é denunciar um candidato porque ele se mostrou, em tal ocasião, interesseiro e cobiçoso. O método direto é o menos eficiente: ele permite, afinal, que a gente se interesse pelos fatos, verifique, concorde ou discorde.


A melhor maneira de manipular passa por dois tempos: 1) evocar um fato do qual são silenciadas a causa e as circunstâncias, 2) levantar uma pergunta quanto mais genérica possível, de modo que o ouvinte projete suas próprias tendências envergonhadas no candidato atacado e ele, o ouvinte, seja, assim, o único responsável pela calúnia.


Um exemplo? 1) Os judeus são quase todos comerciantes, 2) pergunta genérica: o que eles ‘realmente’ querem da gente? A propaganda anti-semita nazista acrescentava, para quem fosse burro mesmo, desenhos de garras aduncas surgindo da sarjeta, mas não era necessário. Detalhe silenciado: os judeus eram comerciantes porque, por exemplo, não lhes era permitido comprar terra ou exercer profissão liberal que atendesse à população em geral.


Na fase dois da manipulação (a pergunta), é crucial que algo nos sugira que houve a intenção de esconder uma falha, que deve ser revelada. Em ‘O que eles ‘realmente’ querem da gente?’, o advérbio instala em nós a suspeita de que estávamos sendo enganados. Agora, o véu será levantado. O problema é que, como nada foi dito explicitamente, será levantado não por uma denúncia, mas pela atribuição ao acusado de qualquer uma das tendências que mais receamos em nós mesmos.


Esse método básico de manipulação aparece de maneira idêntica na última fase da campanha presidencial dos EUA e no início do segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo.


A campanha de John McCain 1) encarregou a candidata a vice de evocar fatos ‘sugestivos’ sem explicitar as circunstâncias (por exemplo, Barack Obama encontrou o ex-ativista e terrorista William Ayers -de fato, Ayers era tudo isso nos anos 1960, mas hoje é professor de pedagogia na Universidade de Chicago e se ocupa de programas sociais educativos); 2) logo, perguntou: ‘Quem é o ‘verdadeiro’ Obama?’.


A campanha de Marta Suplicy apenas inverteu a ordem; criou um comercial que começa com ‘Você sabe ‘mesmo’ quem é o Kassab?’ e termina com a pergunta: ‘Sabe se ele é casado? Tem filhos?’.


É óbvio que as prisões do país estão cheias de indivíduos casados e com filhos (o estado civil não é garantia de nada). A pergunta só serve para que o eleitor médio pense em Kassab como diferente dele: ‘Não é casado? Então, tem uma vida diferente da minha’. Essa pensada dá força à interrogação inicial: ‘Você sabe ‘mesmo’ quem é o Kassab?’. Não, não sei, visto que ele é diferente de mim. O que ele está me escondendo?


A Folha de 13 de outubro relata o seguinte: a reportagem ‘perguntou a Marta se a propaganda não era contraditória com a sua biografia’ (Marta Suplicy foi uma campeã do direito à privacidade). E Marta respondeu: ‘O que você está insinuando?’. Mais uma manipulação: ‘Ninguém disse nada, o comercial só pergunta, é você que procura pêlo no ovo’.


As perguntas das campanhas de Marta e de McCain talvez funcionem com eleitores desavisados: eles imaginarão que Kassab e Obama sejam os perigosos porta-vozes de tendências obscuras que eles (os ditos eleitores) receiam, antes de mais nada, dentro deles mesmos.


Mas, para a maioria, menos desavisada do que parece, essas perguntas assinalam que as campanhas de Marta e de McCain estão dispostas a uma boa dose de indignidade moral para se manterem em vida.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Tarde demais


‘O site Drudge Report postou no meio da tarde o enunciado ‘Not again!’, de novo não.


O ‘New York Times’, à noite, procurou explicar o ‘mergulho’ de Wall Street pelos sinais de ‘desaceleração dramática’ da economia americana. E o ‘Financial Times’ justificou a ‘nova tempestade’ pelas evidências cada vez maiores de que o resgate dos bancos ao redor do mundo ‘veio tarde demais para evitar uma profunda recessão global’.


Por aqui, portais e sites noticiavam ‘a maior queda em dez anos’ na Bovespa, com registro paralelo para ‘a maior em 21 anos’ no índice Dow Jones. O UOL acalmava dizendo que, para analistas, ‘tombo foi só ajuste, não pânico’. Na manchete da Reuters Brasil, início da noite, ‘Recessão apavora’ ou, abrindo o texto, a economia americana ‘no caminho da recessão empurrou de volta ao desespero’.


NA LINHA DE TIRO


Os papéis emergentes -e do Brasil em especial- encabeçaram o movimento ontem na Bolsa de Nova York, segundo os relatórios on-line do ‘Wall Street Journal’. Tomaram a lista das principais quedas, com as ADRs de Vale, CSN, Gafisa, Unibanco, Gerdau, Petrobras, Gol, Bradesco, Itaú entre as 50 maiores, caindo mais de 20%.


TRÊS CONTRA OS RICOS


Em jornais da Índia e agências ocidentais, o que mais ecoou do encontro em Nova Déli, além da foto dos três líderes, foram as conclamações pela ‘reforma das finanças globais’ e as recriminações aos ‘países ricos’. No alto da busca de Brasil pelo Yahoo News, ‘Índia, Brasil e África do Sul atacam ricos’, dizendo-se ‘vítimas da crise gerada’ por EUA e Europa. Daí a urgência de ‘reformar’ instituições como a ONU e a G8, para incluir os três.


Não demorou e o G8, dos ‘países ricos mais a Rússia’, anunciou nova cúpula para novembro em Nova York. Gordon Brown, o primeiro-ministro britânico, saiu dizendo que precisa ser similar à conferência de Bretton Woods e ‘emergentes deveriam participar’.


POR PETRÓLEO


A agência Press Trust of India, PTI, ressaltou que o país quer ‘maior acesso às reservas de petróleo do Brasil, para enfrentar sua demanda crescente’. Companhias indianas como ONGC e BPCL já começaram a investir por aqui, inclusive em etanol.


POR URÂNIO


A agência indiana IANS e o jornal ‘The Hindu’ focaram a questão nuclear, ressaltando que ‘Brasil e África do Sul estão prontos para vender urânio à Índia’, aliás, com ‘apoio vigoroso’, e que os dois também defenderam o acordo nuclear indo-americano.


NOVA ORDEM


De sua parte, o estatal ‘China Daily’ publicou o artigo ‘Nações emergentes querem uma nova ordem, mais justa’, do chinês Wang Yusheng, citando ‘especialmente os Brics’, que questionam o Consenso de Washington, cobram a ‘democratização das relações internacionais’ e querem ‘liberdade na escolha de seus sistemas políticos’


FMI & DOHA


Gordon Brown, estrela da hora, apresentou propostas de ‘regulação e supervisão’ mundial do sistema financeiro, com a ‘reconstrução do FMI para os propósitos da economia global’, e voltou a pedir a retomada de Doha. Celso Amorim e o indiano Kamal Nath também, sublinhou a reportagem do ‘Financial Times’, para destacar porém que ‘Suspeitas mútuas’, principalmente entre EUA e Índia, ‘deixam Doha em suspenso’.


‘OS PRAZERES SECRETOS’


Anteontem na Bloomberg, o ‘Sr. Apocalipse’ previu que os EUA vão enfrentar ‘a pior recessão em 40 anos’.


Mas Nouriel Roubini, professor na New York University, tem outro lado. Foi o que deu o site Gawker, proclamando que ‘economistas são as novas celebridades’, com eco no blog de Sérgio Dávila, no UOL. Diz que ele ‘é tudo menos amargo’. Por prova, vasculha seu perfil no Facebook, ponto de reunião para ‘festas em seu loft no TriBeCa’, ‘performances’ etc.


ESPETÁCULO


Há dias na televisão, o seqüestrador de Santo André decidiu entrar ao vivo com Sonia Abrão na Rede TV!, depois ‘SP Record’, ‘SPTV’’


 


 


ANNA POLITKOVSKAYA
Folha de S. Paulo


Advogada de opositores russos é envenenada na França


‘A advogada russa Karinna Moskalenko, que representa a família da jornalista assassinada Anna Politkovskaya e diversos oposicionistas em seu país, foi hospitalizada na França com suspeita de envenenamento e faltou ontem à audiência de instrução do processo sobre a morte de Politkovskaya em Moscou.


Cápsulas de mercúrio, um metal tóxico, foram encontradas no carro da família Moskalenko no domingo, segundo relatos feitos à polícia de Estrasburgo, cidade francesa onde funciona o Corte Européia de Direitos Humanos (CEDH).


‘Alguém colocou aquilo ali, mas não sei quem pode ter feito isso ou qual seu objetivo’, disse Moskalenko. Ela foi hospitalizada para exames anteontem com os três filhos, que tiveram dores de cabeça e enjôo.


Co-fundadora de uma ONG dedicada à investigação dos desaparecimentos forçados na Tchetchênia, região separatista russa de maioria muçulmana, e à defesa dos direitos dos detidos na Rússia, a advogada passa grande parte do tempo em Estrasburgo, onde já apresentou dezenas de casos contra o país na CEDH.


Moskalenko representa familiares de vítimas da tomada dos reféns do teatro Dubrovka de Moscou (2002) e da escola de Beslan (2004), episódios ligados à insurgência tchechena. Advogou também para opositores célebres, como o bilionário Mikhail Khodorkovsky, ex-presidente da gigante petrolífera Yukos hoje encarcerado, e o enxadrista Garry Kasparov.


Casos de envenenamento de dissidentes atraíram a atenção internacional durante a Presidência de Vladimir Putin, atual premiê russo. No final de 2006, o ex-espião Alexander Litvinenko foi assassinato em Londres por envenenamento com polônio 210, uma substância radiotiva rara e altamente letal.


Julgamento


Sem a presença de Moskalenko e do acusado de atirar contra a jornalista, Rustam Makhmudov, que está foragido, foi realizada ontem a primeira audiência de instrução do caso Politkovskaya. Ninguém foi apontado como autor intelectual do crime.


Conhecida pela oposição às ações do Kremlin da Tchechênia, a jornalista foi morta em 2006 com três tiros no peito e um na cabeça. Na época, Putin afirmou que ela não tinha ‘nenhuma influência na vida política’ e seu assassinato provocava ‘mais dano [ao governo] do que os textos que publicava’.


Contrariando o desejo da família de Politkovskaya, a audiência de ontem ocorreu a portas fechadas. Os acusados são dois irmãos de Makhmudov e um ex-policial moscovita, Sergei Khadzhikurbanov.


O quarto investigado, um agente do serviço secreto acusado, não foi indiciado, mas terá de depor no processo. Seu envolvimento embasou a decisão de julgar o caso em um tribunal militar.


O relatório da ONG Repórteres Sem Fronteira registra 21 assassinatos de jornalistas russos entre 2000 e 2007. Em pelo menos 13 casos, há indícios de morte encomendada.


Com agências internacionais’


 


 


ELEIÇÕES NOS EUA
Andrea Murta


Campanha de Obama soterra a de McCain com anúncios


‘Com arrecadação recorde e à frente nas pesquisas, a campanha do candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, tem superado a do rival republicano, John McCain, em número de comerciais de TV em proporção de mais de 160 para 1, neste mês, em alguns dos mercados mais críticos para a vitória nesta eleição.


Apenas no mercado publicitário de Washington D.C., que atinge o norte de Virgínia, foram veiculados 1.342 comerciais pela equipe de Obama nas três últimas semanas. No mesmo período, McCain levou ao ar 8. Os dados são do centro de mídia Nielsen Company.


Outro grupo de pesquisa, o Projeto de Propaganda da Universidade do Wisconsin, diz que, entre 28 de setembro e 4 de outubro, os gastos de Obama com TV foram o triplo dos de McCain na Flórida, o dobro em New Hampshire e oito vezes na Carolina do Norte.


Até a semana passada, o democrata havia gasto aproximadamente US$ 195 milhões em comerciais incluindo a temporada de prévias partidárias, contra US$ 99 milhões de McCain e o Comitê Nacional Republicano. Os dados são do grupo Competitive Media Analysis (CMAG).


E ‘desde a Convenção Democrata, ambas as campanhas vêm aumentando o ritmo de gastos’, afirmou à Folha Jacob Neiheisel, vice-diretor do projeto de Wisconsin.


Em Washington, o gasto semanal médio com TV do democrata passou de US$ 700 mil para US$ 2 milhões. No total do Estado de Virgínia, Obama gastou US$ 13 milhões desde junho, ante US$ 5,5 milhões de McCain, segundo o CMAG.


‘Obama está gastando US$ 3,5 milhões por dia em comerciais de TV’, afirmou ao site de notícias Politico Evan Tracey, gerente do CMAG.


Arrecadação


O candidato republicano aderiu ao financiamento público de campanha, em que o governo oferece cerca de US$ 85 milhões para gastos nacionais, e está impedido de arrecadar entre doadores privados. O Comitê Nacional Republicano, porém, pode arrecadar e tem feito esforços frenéticos nesse sentido. No mês passado, diz ter recebido US$ 66 milhões.


Enquanto isso, espera-se que Obama relate doações de US$ 100 milhões apenas em setembro -o que superaria o recorde de US$ 67 milhões em agosto.


Os números são significativos porque indicam o quanto a vantagem de arrecadação de Obama o ajuda a manter uma presença publicitária longa e constante em várias áreas. ‘Tradicionalmente, campanhas investem mais em Estados sem preferência partidária definida e disputas acirradas, mas isso pesa mais neste ano para McCain, pelo simples fato de que ele está limitado pela verba menor’, disse Neiheisel.


Um dos poucos Estados onde os gastos estão equilibrados é a Pensilvânia, Estado-pêndulo onde Obama lidera: ambos gastaram US$ 16,5 milhões em comerciais desde junho.


Pesquisas


Corroborando pesquisas da véspera, um levantamento da rede CNN, da revista ‘Time’ e do centro Opinion Research Corporation divulgado ontem mostra que o democrata está consolidando a vantagem sobre McCain em Estados-pêndulo.


Na Virgínia, que não vota em um democrata há mais de 40 anos, Obama está dez pontos à frente do rival republicano (53% a 43%), segundo o estudo. No Colorado, que elegeu republicanos nos últimos 16 anos, Obama está vencendo por 51% a 47%. O democrata também está à frente na Flórida (51% a 46%). Missouri registra empate técnico, com 49% para McCain e 48% para Obama.


Apenas na Geórgia, Estado que o presidente George W. Bush conquistou com vantagem de 17 pontos em 2004, McCain vence por 51% a 45%.


A pesquisa foi conduzida entre o último sábado e anteontem e tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais em qualquer direção. Foram ouvidos por telefone 762 prováveis eleitores no Colorado, 765 na Flórida, 718 na Geórgia, 763 em Missouri e 698 na Virgínia.’


 


 


PARCERIAS
Mônica Bergamo


Dupla do barulho 1


‘Gilberto Gil, que participou da homenagem a Paulo Coelho na Feira do Livro de Frankfurt, combinou de compor uma música com o escritor.


Dupla do barulho 2


Vereador mais votado em São Paulo, com 102.048 votos, Gabriel Chalita (PSDB-SP) prepara para 2009 um livro com o padre Marcelo Rossi. Vão escrever parábolas sobre valores.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Ministro suspende classificação indicativa


‘O ministro da Justiça, Tarso Genro, cedeu às pressões das TVs e suspendeu parcialmente o cumprimento da classificação indicativa no Brasil durante a vigência do horário de verão, que começa neste sábado.


O ministro, entretanto, condicionou sua decisão à concordância do Ministério Público Federal (que tende a ser contra). Ou seja, em época eleitoral, Genro agradou às redes de TV e jogou eventual desgaste político para o MPF.


Se a decisão for mantida, afiliadas do Nordeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não terão mais que atrasar a exibição de programas impróprios para antes das 20h. As novelas das 21h da Globo e da Record (impróprias para antes das 20h), por exemplo, poderiam ser exibidas nesses Estados às 19h.


Genro deferiu solicitação da Abert, que representa Globo, SBT e Record. A entidade argumentou que horário de verão é diferente de fuso horário e que a portaria que instituiu a classificação indicativa as obriga a cumprir os fusos, mas não aborda o horário de verão.


As redes afirmaram ao ministro que respeitar integralmente a classificação indicativa durante o horário de verão geraria ‘dificuldades operacionais’ e aumento de custos. A Globo, porém, já divulga em seu site uma grade para o Sudeste, outra para os Estados com uma hora a menos que Brasília e outra para os com duas horas a menos (AM, AC, RO e RR).


GAME OVER 1


A Endemol Globo, formada pela emissora e pela produtora de reality shows holandesa, está passando por reestruturação. A diretora-geral, Carla Affonso, foi afastada da operação. A tendência é a empresa se limitar a uma estrutura enxuta para gerenciar contratos com a Globo, como os de ‘BBB’.


GAME OVER 2


A Endemol Globo foi criada em 2001, para que a Globo tivesse preferência por todos os formatos da Endemol. Mas o negócio não evoluiu como os holandeses esperavam.


DIÁRIO OFICIAL


Diretor da Globosat, Alberto Pecegueiro informa que as negociações com a Record pelos direitos da Olimpíada de 2012 evoluíram muito, mas ainda não foram fechadas.


LADEIRA


O reality show ‘Ídolos’, da Record, está em franca decadência no Ibope. Anteontem, teve sua pior audiência, 8,7. A média mensal caiu três pontos em relação a setembro.


ESTRÉIA


Homem que pouco fala, Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de Lula, será o primeiro entrevistado do ‘É Notícia’, programa apresentado pelo jornalista Kennedy Alencar, da Folha, que estréia domingo, às 23h30, na Rede TV!, no lugar do ‘Show Business’.


OPÇÃO


A Globo deixou de exibir ontem a novela das sete, ‘Três Irmãs’, por causa do jogo do Brasil e da classificação indicativa, nos Estados com fuso de menos uma hora. No mês passado, a sacrificada foi ‘A Favorita’.’


 


 


Lucas Neves


Fim de ‘Reaper’ frustra expectativas


‘Depois de um começo promissor, em que um jovem era cooptado pelo Diabo para reconduzir ao inferno almas fugitivas, a série ‘Reaper’ chega ao fim de seu primeiro ano sem corresponder às expectativas. No episódio ‘Cancun’, que o Universal Channel exibe amanhã, o protagonista Sam descobre que Tony, um dos líderes da ala dos demônios que deseja pôr fim ao domínio do Diabo, está construindo uma jaula para aprisionar este. Ao mesmo tempo, Sam testemunha uma discussão acalorada entre seus pais e é incumbido por seu ‘chefe’ de recapturar uma cartomante. O problema é a justaposição de enredos -e o tempo exíguo para amarrá-los a contento. Sim, porque os roteiristas ainda perdem parte dos 42 minutos de ação com um flerte bobo do coadjuvante Sock com uma beldade demoníaca. Mas ao que interessa: lá pelas tantas, Sam se dá conta de que é ele que a turma de Tony pretende encarcerar -já que seus laços com o Diabo podem ser mais estreitos do que se imaginava até então. Quem dá a dica é a tal cartomante. Depois de ler as figuras do tarô, ela identifica a filiação de Sam e, vendo-se em perigo, foge. É a última notícia que se terá dela -os roteiristas parecem esquecê-la na conclusão.


REAPER


Quando: amanhã, às 21h


Onde: no Universal Channel


Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos’


 


 


 


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