Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Será o fim da ‘imprensa de papel’?

O jornalismo impresso, único meio presente em todos esses anos de história da comunicação, ao longo dos tempos e com o advento das novas tecnologias, em especial a internet, perdeu e continua perdendo espaço entre aqueles que buscam informação. Não é novidade afirmar que o jornal impresso traz notícias de ontem e, portanto, notícias que todos já devem estar sabendo. Enquanto isso, os jornais online são atualizados constantemente e trazem informações de todo o mundo em tempo real.

Outro fator que vem agravando ainda mais a crise diz respeito à receita de publicidade, que está perdendo território para as novas mídias. E não é só isso. A cada ano, os maiores jornais do país diminuem sua circulação em até 12%. Para alguns jornalistas, uma das causas do declínio da ‘imprensa de papel’ seria a chegada do jornalismo digital, ou web jornalismo, que é o responsável por deixar o público preguiçoso acostumado a ter acesso fácil a tudo o que precisa.

Mas nem todos pensam assim. A professora e pesquisadora Pollyana Ferrari acredita que o jornalismo digital introduziu novas formas de escrever, além de dar ao público a chance de participar da matéria, seja mandando comentários via feedback ou até sugerindo novas coberturas. Já aquelas pessoas que estão habituadas com o jornal impresso aceitam passivamente o que lhes é oferecido.

Cúmplices da reportagem

‘O jornal digital é a expressão máxima da realidade, paradoxal, mas verdadeiro. Não se encerra, está sempre em movimento, é a cores, tem imagens, é global e instantâneo. É a vida real, não tem horas fixas, matérias pré-destinadas, páginas fechadas’ (Luiz Delgado, diretor do Jornal Digital).

‘(…) A maioria dos jovens raramente tem o habito de ler jornal impresso, quando tem é porque o pai assina ou folheou na casa de um amigo, mas dificilmente desembolsa dinheiro pelo jornal, ele prefere acessar o site preferido para saber das noticias’ (Jornalismo Digital, Pollyana Ferrari, 2003:53).

Ricardo Noblat, jornalista conceituado que fez sua carreira no Correio Braziliense, diz em seu livro A arte de fazer um jornal diário que o atestado de óbito do jornal impresso já foi assinado e lavrado em cartório pelo menos umas quatro vezes no passado. A primeira vez, quando se inventou o rádio; a segunda, quando a televisão entrou no ar; a terceira, quando surgiu a internet e a quarta, quando a revolução digital juntou num único sistema o que antes existia em separado – a escrita, o som e a imagem. Para Noblat, não importa a forma que os jornais venham a tomar no futuro, pois o que o homem precisa é de informação.

O que diferencia o jornalismo impresso do online é justamente o dinamismo que torna o indivíduo comum participante da notícia, detendo a oportunidade de optar pelo conteúdo a ser exibido. Na verdade, a web permite que o jornalista e o público se tornem cúmplices da reportagem. E é por causa dessa cumplicidade que muitas empresas de notícias passaram a considerar a web como principal meio de comunicação.

Público hoje está mais exigente

Dentre tantas outras situações que diferenciam o jornal online do impresso, uma deve ser levada em consideração: a versatilidade dessa ‘nova mídia’, a potencialidade de atualizar notícias e quaisquer outras páginas simultaneamente, minuto a minuto. Enquanto isso, na mídia tradicional a publicação de uma notícia torna-se algo mais complexo, é um trabalho bastante complicado e exige horas de trabalho para o mesmo ficar pronto e depois de impresso não se pode fazer mais nenhuma mudança.

Um grande problema existente no jornalismo online é a falta de profissionais especializados na área. Apenas nos últimos cinco anos, a disciplina ‘jornalismo digital’ passou a ser ministrada em algumas das principais faculdades de comunicação do país. E a maioria das redações dos portais está sob os cuidados de jornalistas que migraram do impresso para esta nova área, mas não se dão conta que no online tudo é diferente, o que prevalece é a notícia enxuta, e a estrutura do texto é diferente.

Não acredito que o fim do jornal impresso esteja próximo. Na verdade, ele ainda terá uma vida longa até sua extinção. Apesar da grande importância que a chamada imprensa de papel tem na história da comunicação, não podemos fechar os olhos para a revolução midiática que transformou a internet em algo indispensável para qualquer jornalista. É preciso saber que o público hoje está mais exigente e não procura apenas se informar sobre os acontecimentos de sua região, mas sobre os fatos que ocorrem em esfera global e sobre várias categorias.

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Graduanda em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba