Os profissionais da área têm que buscar conhecimentos além dos que a prática do trabalho e a teoria das faculdades lhes deram, caso contrário sua visão de mundo vai ficar cada vez mais limitada. Por isso, devem procura pensar um novo tipo de jornalismo que possibilite atualizar conhecimentos para produzir conteúdos de melhor qualidade.
Em todas as profissões a dicotomia teoria e prática está presente. No jornalismo, não pode ser diferente. Ser jornalista não é apenas saber escrever, isso qualquer um com habilidade pode fazer. É preciso mais. É preciso uma formação universitária que lhe dê o embasamento cultural necessário para ampliar a visão do mundo que o cerca e aprender que a habilidade em usar as palavras pode informar e construir, ou desinformar e destruir. Na faculdade o futuro jornalista tem contato com as disciplinas específicas do curso, além de noções gerais de outras matérias, inclusive ética, de que vai se valer para o seu sucesso profissional.
A prática é outra condição essencial para a formação do jornalista. É no dia-a-dia que ele aprende a distinguir o que é notícia, já que ‘(…) as notícias são a matéria-prima do jornalismo, pois somente depois de conhecidas e divulgadas é que os assuntos aos quais se referem podem ser comentados, interpretados e pesquisados, servindo também de motivos para gráficos e charges’, de acordo com Mário Erbolato (Técnicas de codificação em jornalismo, 1991, p. 49). A rotina das redações mostra os caminhos para o jornalista situar os acontecimentos no espaço, no tempo ou no contexto social.
Tais argumentos, porém, dividem opiniões até hoje entre os profissionais da área de comunicação. Um exemplo, é o proprietário da revista Carta Capital, Mino Carta. Em entrevista à revista Caros Amigos (ed. 105, 2005, p. 34-39), ele não só se posiciona contra o diploma de nível superior, como diz não enxergar o jornalismo como matéria de curso universitário. Na sua opinião, o jornalismo não deve ser estudado como se estudam as profissões tradicionais. ‘A meu ver, não cabe. Acho que o jornalista aprende nas redações, nós sabemos disso, foi como aprendemos, e não fomos de todo mal no nosso trabalho’, declara.
Visão limitada
A opinião do empresário não encontra amparo no ponto de vista do jornalista Jorge Calmon (Apontamentos para a história da imprensa da Bahia, 2005, p. 150), professor emérito da Universidade Federal da Bahia e ex-diretor-redator do jornal A Tarde. Segundo ele, os veteranos da profissão desempenham bem seu trabalho, mas ignoram quase tudo que esteja além do seu campo de visão, porque sua única escola é a rotina diária. ‘Se os cursos de Jornalismo são falhos, o certo não é condená-los ou postular sua extinção; sim, exigir que sejam colocados à altura de sua importante função, pois hoje deles, exclusivamente deles, depende o suprimento da mão-de-obra à imprensa’, afirma.
É tudo uma questão de bom senso e equilíbrio, declara o jornalista Amarildo Augusto, professor do curso de Jornalismo do Unasp. Na sua opinião, grande parte dos alunos entra na faculdade sem saber, sem querer e não gostar de pensar, por isso é preciso o ensino da técnica e também da teoria. ‘Hoje em dia se debate muito sobre teoria e prática. Mas a questão é menos complexa do que aparenta. Como tudo na vida, é só uma questão de equilíbrio’, diz.
A sociedade da informação que está se implantando no mundo não permite mais a um jornalista se limitar apenas às redações de revistas e jornais, aos estúdios de rádio e televisão, tampouco à simples graduação de um curso de Jornalismo. O profissional moderno tem necessidade de se especializar nos diversos campos do saber e atualizar seus conhecimentos para produzir conteúdos de melhor qualidade nas diversas mídias: rádio, jornais, televisão e internet. Caso contrário, sua visão de mundo vai ficar cada vez mais limitada.
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Jornalista