Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Toma lá, dá cá e o contra-senso de uma decisão

Assisto Toma lá, dá cá. E admiro Isadora Dassoin. É rebelde, namoradeira e sem muita inteligência, porém com excelente forma física. Suas palavras servem de estímulo a quem, muitas vezes, não tem inspiração. Ela aparece no programa toda produzida e diz uma máxima tão recorrente: ‘Temos que parar um pouco de sermos egoístas… E pensar um pouco mais em nós mesmos.’ Está correta. A redundância é o réquiem que embala o país.

Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal derruba a exigência do diploma de jornalista. Não me importo mais. É redundante discutir esse assunto, já esgotado em última instância. Isso já deu o que tinha que dar – os debates ficaram vagos, arredios, semi-translúcidos a ponto de se perderem numa fumaça de representação. Resta apenas lamentar. E pronto.

Longe de puxar a sardinha para a categoria, acredito que essa não obrigatoriedade foi um contra-senso. Se dizem que a educação é a melhor maneira de se levar o país pra frente, essa ausência de diploma serve de desestímulo ao estudo.

É lógico que ter um diploma não garante a ética da pessoa, nem muito menos a competência dela. Não existe nenhum atestado que garanta isso. Ética é forjada diariamente. E competência, bem… Que me desculpem os socialistas, mas o mercado dá conta. É ele quem seleciona e indica os que vão oferecer a mão-de-obra. Os diplomados podem cair no mercado, mas passam pela peneira fina da seleção.

À espera do próximo episódio

Porém, o que me toca – talvez por incorporar um pouco o pensamento de Isadora Dassoin a respeito do egoísmo e pensar no que é e foi bom para mim – é que ao se tirar essa obrigação dá-se um tombo no profissionalismo. Por mais que uma faculdade não passe todos os elementos para formação, de alguma forma ela auxilia numa visão mais humanística. E ser obrigado a ter o diploma ajuda nesse sentido: fazer um curso que abre a visão, faz aprender como é forjada a notícia e, acima de tudo, oferece técnicas, deixando o profissional mais próximo do mercado de trabalho.

Tirando esses detalhes, o jeito é confiar na competência do mercado para a seleção de seus profissionais. Ter ou não diploma já pouco importa num país onde as discussões caem numa redundância que nada acrescenta, servindo apenas para inflar egos e, acima de tudo, desestimular a educação. Por isso, prefiro assistir Toma lá, dá cá ao invés de tentar entender certas posições que nada melhoram ao país. Isadora Dassoin que me aguarde no próximo episódio.

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Assessor de imprensa, Piracicaba, SP