Saturday, 30 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Uma análise da rotina produtiva

O jornalismo vive uma nova tendência mundial, a regionalização da informação. Este trabalho propõe uma análise desta realidade no Vale do Paraíba paulista, por meio de um estudo que busca entender a rotina produtiva do jornal Tribuna do Norte, de Pindamonhangaba. Temos por objetivo confrontar a rotina de produção jornalística do referido veículo com os modelos propostos e sistematizados por Wilson da Costa Bueno na tese "Caracterização de um objeto-modelo conceitual para análise da dicotomia imprensa industrial/artesanal no Brasil", afim de descobrirmos se a Tribuna é um jornal industrial ou artesanal. Na região do Vale do Paraíba paulista percebemos o fazer jornalístico industrial (baseado em uma estrutura pré-definida) e o artesanal (resultado de baixos e precários investimentos).

Para abrir o diálogo

Quando observamos pela primeira vez um jornal regional, temos a impressão de que aquele veículo é resultado do trabalho de inúmeros jornalistas em uma redação. Grande engano, na maioria das vezes, o material apresentado é desenvolvido por poucos profissionais, que fazem algumas coberturas, mas que usam o que assessorias ou agências enviam para preencher as páginas. Tal realidade pode ser explicada pela falta de recursos, pois, na grande maioria dos veículos, inúmeras pautas ficam sob responsabilidade de um único repórter.

Uma estrutura inadequada promove alterações no produto final e nos faz refletir sobre a real essência do fazer jornalismo, que prima por seguir uma série de etapas. Entre elas: jornalistas fazem a apuração dos fatos, questionam a parcialidade dos textos e desenvolvem uma linha editorial independente de interesses.

A sociedade brasileira passa por diversos problemas sociais, que de certa forma, são provocados por uma política isenta de cobranças. A informação é o caminho da mudança, deixar o leitor bem informado, sobre os fatos do mundo e da região onde mora, é a melhor forma de ensinar as pessoas a ter opinião. Este processo pode ser visualizado numa nova tendência do jornalismo mundial, a regionalização da informação.

Os jornais regionais, por sua vez, possuem características diferentes e podem ser caracterizados de duas formas. O professor Wilson da Costa Bueno divide, em sua tese de mestrado, a produção dos jornais em industriais (aqueles produzidos por uma redação) e artesanais (aqueles abastecidos por releases de assessorias e agências).

O jornalismo regional

A prática do jornalismo regional é algo corrente desde que os primeiros veículos nasceram. Todos começaram suas atividades atingindo um raio de abrangência local ou regional, para depois desenvolverem um potencial de alcance nacional ou internacional.

Tempos mais tarde, pensou-se no fim da comunicação local, mas Peruzzo (2005) corrobora alertando para a revalorização da mesma períodos depois.

Com o desenvolvimento da globalização, da economia e das comunicações, num primeiro momento, chegou-se a pressupor o fim da comunicação local, para em seguida se constatar o contrário: a revalorização da mesma, sua emergência ou consolidação em diferentes contextos e sob múltiplas formas (PERUZZO, 2005, p. 70).

Hoje, o mundo e o Brasil apresentam um novo cenário no que se refere à produção jornalística, valoriza-se o regionalismo como fórmula para conquistar leitores ou espectadores. Esta perspectiva é alvo de diversas pesquisas e, de acordo com Peruzzo (2005), desde os anos 1980 e 1990 o fenômeno já é estudado na Europa. No Brasil começou-se a explorar esta alternativa por volta de 1995.

Aproximadamente na segunda metade dos anos 1990, no Brasil a mídia regional e local começa a chamar a atenção pelo interesse demonstrado pelos segmentos de públicos locais e regionais. Ela passa a ampliar os espaços para programas produzidos nas regiões e difundir conteúdos antes restritos aos meios de comunicação comunitários engajados em lutas sociais nas localidades (PERUZZO, 2005, p. 73).

Percebe-se que boa parte do material acadêmico disponível sobre mídia regional aponta para análises no campo televisivo, mas todas as fundamentações também podem ser validadas quando o assunto são os jornais. Jornais que, por sua vez, são conceituados por Costella (2002, p. 35) como sendo "a publicação informativa dotada de atualidade, periodicidade e variedade de matéria, que foi durante séculos imprensa tipograficamente, surgiu pela convergência de vários fatores históricos".

Entende-se por jornalismo impresso regional a opção pela cobertura noticiosa dos assuntos locais e regionais. Conforme diz Pimental (2000), "a conceituação do que venha a ser jornalismo regional passa, necessariamente, pelo alcance espacial do periódico".

Alternativa de sustento

Wilson Bueno (apud COSTA, 2002, p. 46) diz que:




"Jornal do interior é um veículo de comunicação impresso que circula em um determinado espaço geográfico […], localizado no interior de um Estado da Federação e que tem como foco prioritário a cobertura da comunidade (definida tanto pelo critério geográfico como pelo conceito sociológico de comunidade – pessoas que interagem em função de suas expectativas, necessidades e uma cultura comum)."

Nassar (1996), em sua dissertação de mestrado a respeito de jornais de bairros paulistanos, chama de Imprensa Regional Urbana:




"Os veículos editados de uma região geográfica específica das grandes metrópoles, que veiculam noticiário preferencialmente voltado aos assuntos do dia-a-dia daquela região, tendo a maior parte parte de sua publicidade também daquela região e, feitos para aquele público específico. Um jornal regional urbano noticiará o buraco da rua tal, as enchentes que paralisam tal bairro em dias de chuva, o trânsito caótico de determinada avenida. Mas ao mesmo tempo, irá […] mostrar o que a região tem de bom (NASSAR, 1996, p. 8)."

Costa (2002) em sua dissertação sobre as vozes dissonantes da imprensa no interior conta que poucos jornais surgiram como grandes veículos, quase todos começaram de forma tímida em cidades do interior [neste trabalho, são chamadas cidades do interior aquelas de médio e pequeno porte, localizadas fora das imediações das capitais. As cidades de grande porte e visibilidade, com mais de 500 mil habitantes, geralmente conquistaram jornais melhor estruturados, tendo, inclusive, circulação regional].

A maior parte dos jornais de todo o mundo iniciou suas atividades em modestas redações, muito deles, em cidades do interior. Uns conseguiram espaço no mercado devido a inúmeros fatores, principalmente devido aos investimentos em equipamentos e à contratação de mão-de-obra qualificada. Outros, no entanto, continuaram com uma infra-estrutura reduzida, servindo apenas como alternativa de sustento para seus donos. E muitos, diante das dificuldades, sequer sobreviveram (COSTA, 2002, p. 45).

Os colaboradores, a solução

Marini (1997) contribui dizendo que mesmo os grandes veículos acabam por exercer um regionalismo e que esta nova tendência é uma forte realidade de mercado.

O Globo, mesmo circulando em Brasília, Belo Horizonte etc., continua sendo um jornal regional. Um jornal para cariocas. Assim como no Rio Grande do Sul, onde reina o Zero Hora, ou em Santo André, com o Diário do Grande ABC. O que os diferencia, portanto é o prestígio. Uns são conhecidos nacionalmente e o que publicam repercute até no interior. Outros têm o espectro limitado à sua área de circulação. (MARINI, 1997, on-line)

Uma imprensa industrial apresenta um setor de redação, princípios administrativos, funcionários desempenhando atividades específicas. O número de jornalistas aumenta gradativamente conforme a necessidade do veículo. Muitas vezes é preciso contratar não só jornalistas mas profissionais qualificados para diagramação, e outros setores. É pouco comum neste tipo de imprensa o repórter "faz tudo", os profissionais são destinados a editorias e se especializam nestes setores específicos. "A especialização permite um tratamento adequado da mensagem e um equilíbrio entre o vocabulário técnico e a linguagem do jornal" (BUENO, 1977, p. 7).

O jornal é, também, na imprensa industrial, o elemento mais importante, se não o único. Quase sempre, dentro de uma mesma organização, ele sofre apenas a concorrência de outros meios de comunicação por ela mantidos, mas, ao que se demonstra, esta concorrência não se estrutura no sentido de estabelecer prioridade e sim, como um elemento de reforço para todos os veículos que integram a rede (BUENO, 1977, p. 7).

De acordo com Bueno a palavra que fica para definir a imprensa industrial "jornal como empresa" é o planejamento, já que crises são superadas facilmente em razão de um planejamento empresarial bem estruturado.

As características são contrárias quando o assunto caminha para definições de imprensa artesanal. Neste caso não há separação entre redação e outros setores do veículo. O número de empregados é reduzido e um mesmo funcionário geralmente é o diretor do jornal, o "redator, o repórter, o revisor, o contato de publicidade, o paginador e o impressor" (BUENO, 1977, p. 11).

O jornal vive em função dos colaboradores, os "amigos do jornal", que se contentam em ver o nome aposto às colunas. A colaboração resolve, de imediato, dois problemas: o do jornal, incapacitado de remunerar repórteres e redatores e carente de "notícias" e o dos colaboradores que, através do jornal, fixam a sua posição de líderes da comunidade em suas áreas de especialização (BUENO, 1977, p. 11).

Prestígio aos proprietários

É interessante quando Bueno caracteriza a imprensa artesanal "pela ausência de um mínimo de agressividade em termos publicitários, pouco fazendo a empresa para se promover junto aos leitores e anunciantes" (BUENO, 1977, p. 13).

De acordo com professor Bueno, o principal problema da imprensa artesanal esta nos altos custos de produção. Hoje boa parte dos veículos de interior depende de pequenas empresas para sobreviver, ao passo que a matéria-prima e mão-de-obra são de custo elevado.

As grandes empresas vêem a imprensa artesanal como um conjunto de veículos de tiragem e alcance limitados. Cria-se, assim,um círculo vicioso: como elas não anunciam, o jornal tem chances reduzidas de aumentar o seu lucro; como o lucro não aumenta, não há possibilidade, inclusive, de se aumentar a tiragem; como a tiragem não aumenta, a grande empresa não anuncia. Além disso, a ausência de dados reais sobre o número de leitores dos jornais da imprensa artesanal e, principalmente, sobre o seu comportamento em termos de hábito de leitura, assusta as agências publicitárias que não se vêem tentadas a arriscar "no escuro" o dinheiro de seus clientes (BUNEO, 1977, p. 16-17).

Bueno corrobora alertando-nos de modo que boa parte dos veículos da imprensa artesanal serve apenas para dar prestígio a seus proprietários, assim os espaços são vendidos para órgãos públicos.

Abolicionista e republicano

Fundado em 11 de junho de 1882, pelo jornalista, advogado, político e poeta Dr. João Marcondes de Moura Ribeiro, o jornal Tribuna do Norte, de Pindamonhangaba, completa em 2008, exatamente, 126 anos de vida. É o segundo jornal mais antigo do Estado de São Paulo e o sétimo do Brasil ainda em circulação, conforme levantamento oficial realizado pela Fundação Cásper Líbero, de São Paulo.

A primeira capa do Tribuna do Norte é totalmente diferente do que estamos acostumados a ver nos impressos atuais.

A primeira edição do veículo circulou no dia 11 de julho de 1882, acompanhado do slogan "Folha Regional – Publica-se aos Domingos". Um fato curioso é que, além de ser fundador e primeiro proprietário, João Romeiro dirigiu o jornal no mais completo anonimato por 33 anos, até 1915, quando veio a falecer. Naquele ano, a direção foi assumida por seu primo, João Fernando de Moura Rangel (ASSIS, 2007, on-line).

Os estudos de Santos (1999, p.87) registram que a primeira edição da Tribuna foi impressa em papel jornal, em quatro páginas, com cinco colunas cada, no formato 34cm x 48,5cm, montado a mão e "impressão à tração humana". Em sua sétima edição, o veículo passou a publicar folhetins, que estavam em moda naquele final do século 19.

Seu fundador criou o jornal inicialmente para ser um veículo de comunicação destinado a defender as idéias do Partido Liberal, tendo se transformado mais tarde em órgão do Partido Republicano. Escreveram em suas páginas nomes de grande expressão no meio literário brasileiro como Olavo Bilac, Lúcio de Mendonça, Basílio de Magalhães e Monteiro Lobato.

Em 25 de fevereiro de 1888, Pindamonhangaba tornou-se exemplo para todo o país ao declarar seus escravos homens livres contratando-os como trabalhadores remunerados. Passados 78 dias, no dia 13 de maio do mesmo ano, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, decretando extinta a escravidão no Brasil. Não só abolicionista, como um homem de ideais republicanos, João Romeiro utilizou as páginas da Tribuna para divulgar artigos dos partidos da República.

Causas municipais

Após sete anos e meio de luta em defesa do movimento liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, a Tribuna pode publicar em suas manchetes a queda do Império e a vitória da República.

Logo após a morte de Romeiro, a Tribuna do Norte entrou em uma nova fase. Daí em diante, passou pelas mãos de diversos proprietários – alguns também ligados a segmentos políticos – e teve quase 40 diretores. O nome foi mantido, mas a linha editorial e a identidade visual foram alteradas várias vezes, chegando até a ser rodado em papel rosa na década de 1960. A Tribuna do Norte também passou por vários momentos de crises financeiras, mas mesmo assim conseguiu se manter em constante funcionamento por mais de um século (ASSIS, 2007, on-line).

A primeira impressora adquirida pelo jornal, uma Alauzet importada da França em 1881, imprimiu o jornal até 1971. Mais tarde a Tribuna passou a trabalhar com o sistema Frankental, que foi substituido pela offset a partir de 1997. O jornal, durante vários anos, foi o órgão oficial do município, até que em 1980 foi criada a Fundação Dr. João Romeiro, dirigida por um conselho administrativo que tem como presidente e responsável pela edição da Tribuna do Norte o jornalista Irani Gomes de Almeida..

A partir do momento em que se torna a imprensa oficial do município e, posteriormente, quando se transforma em Fundação Municipal, essa característica de jornal profundamente preocupado com fatos locais e voltado para causas municipais acentua-se de forma incontestável (BONTORIN; CAMARGO, 2002, p. 44).

Atualmente o jornal Tribuna do Norte circula às terças-feiras com dez páginas e às sextas-feiras com 24 páginas, em formato standard. Cada edição é responsável por 1500 exemplares. Entre os membros do conselho administrativo estão: Álvaro Staut Neto, Raul Donizete Ribeiro, Paola Manella.

Troca de conteúdo

Para que possamos entender de que forma as edições do jornal Tribuna do Norte são construídas, passaremos a relatar momentos vividos durante uma semana na sede do veículo, localizado à Rua dos Bentos, 450, Chácara Galega, em Pindamonhangaba. As edições dos dias 25 de julho de 2008 e 29 de julho foram submetidas a uma pesquisa participante. O método nos proporcionou entender de que forma o segundo jornal mais antigo do estado de São Paulo desenvolve suas publicações.

A estrutura física do veículo é composta por uma sala de informática (redação), uma recepção, uma sala para o editor e um grande "salão" onde se desenvolvem as atividades administrativas do veículo, neste local também acontecem as reuniões de pauta. O jornal não possui uma sala reservada especialmente para reuniões. Ao todo são oito computadores, na redação há cinco máquinas, três para os jornalistas e dois para os revisores. Um computador fica para o editor, um para a publicidade e outra na recepção. São três scanners, três impressoras (sendo uma que imprime em A4 na redação, uma em A4 na recepção e outra que imprime em A3 e vegetal para a montagem do espelho da edição que irá para a impressão), e uma máquina fotográfica não profissional.

Nas bancas o jornal é distribuído por uma empresa especializada. Os 200 assinantes e os anunciantes recebem o jornal por meio de um entregador e uma motocicleta. Nas bancas em média são vendidos 90% exemplares colocados a disposição dos leitores. O quadro de funcionários do jornal Tribuna do Norte configura-se da seguinte forma: um diretor, uma secretária de administração, uma recepcionista, um paste up, dois repórteres, quatro diagramadores, uma ajudante de limpeza geral, um motorista e quatro colaboradores.

O processo de produção de pautas e apuração das matérias acontece de forma individual, além da reunião de pauta, sempre os jornalistas do Tribuna desenvolvem um material extra (reportagens, notas ou matérias) com o que recebem por e-mail. Como o que importa para o veículo é o conteúdo pronto no dia do fechamento da edição, o jornal de terça-feira, por exemplo, passa a ser produzido na sexta. Mas isso depende de cada repórter.

As matérias não ficam apenas no Tribuna, mas também vão para o site da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba. Há um convênio entre a Prefeitura e o jornal, por este motivo há uma troca de conteúdo.

Entrevistas e apurações

As reuniões de pauta, realizadas em forma de uma roda na sala administrativa, acontecem sempre às terças-feiras no período da tarde. Não há um horário fixo. São comandadas pelo presidente da fundação e editor do jornal Tribuna do Norte, Irani Lima, e contam com a participação do secretário de Integração e Meio Ambiente, Arthur Ferreira dos Santos, José Renato Campos Rosa, da Assessoria de Comunicação da Prefeitura e dois repórteres, sendo estes Marcos Cuba e Aiandra Alves Mariano. Durante a reunião discute-se os assuntos que serão abordados na edição de sexta-feira e da próxima terça-feira. Cada jornalista escolhe os temas que deseja cobrir, o editor prefere que o processo de cobertura aconteça mediante a afinidade de cada repórter.

Durante os encontros no "salão" os profissionais realizam a hierarquização dos assuntos da determinada edição. As chamadas de capa são decididas neste instante, destaca-se aquilo que é importante para o morador da cidade. Por exemplo, "a inauguração do Centro de Especialidades Médicas ganhou capa, pois a saúde é um tema que interessa a todos", destacou durante uma reunião de pauta o editor Irani Lima.

"Durante a reunião de pauta conversamos e decidimos quais matérias terão fotos, se a matéria será grande ou pequena e para quando o texto precisa estar pronto", afirmou o jornalista Marcus Cuba.

Os repórteres não recebem orientações quanto ao tamanho dos textos. O editor dá liberdade aos profissionais, se precisar aumentar ou diminuir as matérias o editor se reúne com o jornalista para fazer os ajustes no dia do fechamento da edição. No jornal Tribuna do Norte não há pauteiros, os jornalistas são responsáveis por produzir e finalizar a cobertura jornalística de determinado fato.

A partir da reunião de pauta os dois repórteres passam a fazer seus trabalhos. Em conversa com Marcus Cuba e Aiandra Mariano descobrimos de que forma são realizadas as apurações. Quando a pauta refere-se a Prefeitura o repórter não precisa ir a campo para fazer as entrevistas, a redação recebe os dados e as fotos. "Numa proporção eu diria que 70% das entrevistas e apurações são realizadas fora do veículo. A única que exige 100% de pesquisa de campo é a editoria Polícia", destacou durante uma conversa na redação a repórter Aiandra Mariano.

Revisão e fechamento

A produção de pautas é uma questão flutuante, em média os jornalistas para a edição de terça-feira produzem seis matérias e para a edição de sexta-feira são realizados dez textos. O editor distribui as orientações para os jornalistas durante a reunião de pauta e só volta a conversar com os profissionais no dia do fechamento. Na segunda-feira ou na sexta-feira ele faz uma análise dos textos e das fotos.

O jornal Tribuna do Norte não tem um fotógrafo jornalista e sim um profissional que trabalha com fotografia. Roberto Faria sempre está ao lado dos repórteres, mas quando há dois eventos em um mesmo instante, o repórter faz a matéria e o trabalho fotográfico.

Depois que as pautas estão cumpridas os textos vão para aos revisores, são eles: Altair Fernandes e o Luiz Manetti, ambos membros da Academia Pindamonhangabense de Letras. A revisão é realizada na manhã do dia do fechamento na redação, pela hora do almoço os textos são autorizados pelo editor e no período da tarde se faz a diagramação. Nas tardes dos dias de fechamento o jornal também recebe o material enviado pelos colaboradores.

Considerações finais

Diante de todas estas observações, avaliadas amplamente por meio da pesquisa participante, podemos definir o jornal Tribuna do Norte como aquele que produz seus exemplares a partir de técnicas artesanais. Percebemos que as edições são construídas sem planejamento e que boa parte do material publicado é oriundo de terceiros. Não há uma equipe de jornalistas na cobertura dos principais eventos e fatos da cidade de Pindamonhangaba. As reuniões de pauta muitas vezes não acontecem e a escolha dos textos a serem produzidos ficam sob responsabilidade dos dois profissionais que lá, atualmente, trabalham.

Outras características artesanais também podem ser constatadas. Irani Lima, editor-chefe do jornal desempenha diversas funções: faz reportagens, edita, revisa. Wilson da Costa Bueno nos colocou como particularidade desta rotina os "amigos do jornal". No caso do Tribuna pudemos constatar que boa parte das páginas são preenchidas por colunas que imprimem resgates históricos de uma Pindamonhangaba antiga.

O jornal analisado neste estudo nos leva a rotina produtiva artesanal sistematizada por Bueno e não a industrial, comum de observarmos nas grandes capitais. Estes resultados nos mostram que o que encontramos nas bancas muitas vezes não vai ao encontro da real essência do fazer jornalístico.

Referências Bibliográficas

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Graduando em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, pelas Faculdades Integradas Teresa D´Ávila (Fatea)