Chega a ser absurdo ver com tanto desdém a notícia do fim da exigência de diploma para jornalistas, principalmente ao abrir os jornais e perceber que nem mesmo os colegas de profissão estão interessados em divulgar, protestar ou sequer questionar essa medida que põe abaixo quatro anos de estudos.
Ao ler os jornais pela manhã, constatei o pior: a notícia da votação no STF (que decidiu pelo fim da obrigatoriedade do diploma para jornalistas) estava, na maior parte dos jornais, como uma simples nota, esquecida num canto de página.
Nessas horas, me pergunto: como vamos alcançar melhorias para a classe jornalística se não conseguimos nem utilizar a nossa profissão para reivindicar o registro tão necessário para que se formem profissionais críticos e qualificados? Como cobrar ética dos jornalistas que saem das universidades se não será preciso nem mais entrar em uma?
Ao ouvir no tribunal um ministro, juiz, advogado ou presidente da corte dizer que ‘Quem quiser se profissionalizar como jornalista é livre para fazê-lo, porém esses profissionais não exaurem a atividade jornalística. Ela se disponibiliza para os vocacionados, para os que têm intimidade com a palavra’ somente respalda a afirmativa de que esses profissionais conhecem muito pouco ou desconhecem a nossa profissão. Vou além: é sinal de que estão mais interessados em ter amigos que escrevam a seu favor do que profissionais realmente interessados em divulgar a realidade tão triste que vivemos a cada dia nesse país.
Daqui a pouco vai tudo acontecer assim: pedreiro pode ser engenheiro, quem decorar a constituição pode advogar, quem sabe dirigir não precisa de habilitação, enfermeiro pode ser médico, afinal, como disse o nosso querido Gilmar Mendes, tudo é questão de vocação e intimidade com a área.
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Jornalista, Nova Lima, MG