A Viacom anunciou esta semana que abriu processo de US$ 1 bilhão contra o Google por causa do YouTube. A companhia americana, dona de canais de TV paga, alega que mais de 160 mil vídeos de sua propriedade foram exibidos sem permissão no popular sítio de compartilhamento de vídeos.
A Viacom é a primeira gigante do setor de entretenimento a abrir ação contra o Google desde que a empresa comprou o YouTube – por US$ 1,65 bilhão – em novembro do ano passado. Quando a junção foi anunciada, em outubro, analistas da indústria previram que uma enxurrada de processos por violação de direitos autorais se seguiria a ela.
A popularidade do YouTube se deu justamente pela base do sítio: depender de vídeos postados por internautas comuns. Enquanto muitos descobriram aí uma fonte de diversão, criando clipes de todos os tipos, uma grande parcela começou a compartilhar vídeos de filmes e programas de televisão – que, legalmente, precisariam de permissão dos donos originais.
Dois lados
O temor agora é que o YouTube acabe prejudicando o Google. As ações da companhia caíram 13% desde janeiro. A ação da Viacom pede, além de dinheiro, que o YouTube seja proibido de exibir vídeos protegidos por direitos autorais.
‘O modelo de negócios do YouTube, baseado em formar tráfego e vender publicidade a partir de conteúdo sem licença, é claramente ilegal e está em conflito com as leis de direitos autorais’, afirmou a Viacom em declaração.
‘Nós certamente não vamos deixar que este processo se torne uma perturbação ao crescimento contínuo do YouTube e a sua habilidade de atrair cada vez mais usuários e mais tráfego e de construir uma comunidade fortalecida’, respondeu o Google, também em declaração.
Acordos furados
O processo da Viacom, mais do que tudo, ilustra as dificuldades encontradas pelo Google e pelo YouTube para conseguir entrar em acordo com as grandes empresas de entretenimento que têm vídeos colocados no sítio por internautas.
A própria Viacom havia aberto negociações com o Google sobre o assunto, mas as companhias não chegaram a um entendimento. No início do ano, a Viacom ordenou que o YouTube removesse 100 mil clipes com trechos de programas de suas emissoras, como MTV, Nickelodeon e Comedy Central – e o pedido foi atendido em uma semana.
Enquanto vive às turras com o YouTube, a Viacom assinou acordo com o Joost, projeto de TV online fundado pelos mesmos executivos que venderam o serviço de telefonia Skype ao eBay. Rival do YouTube, o Joost terá permissão para distribuir conteúdo dos canais da Viacom na rede.
No processo contra o Google, estão incluídos os 100 mil vídeos já retirados do YouTube, além de outros 60 mil que a Viacom descobriu posteriormente no sítio. No total, os clipes teriam sido assistidos 1,5 bilhão de vezes. Informações de Ben Charny [MarketWatch, 13/3/07].