Não é à toa que os capixabas reclamam da falta de eventos culturais no estado. Como poderiam eles saber o que está acontecendo, uma vez que a ‘grande mídia’ do Espírito Santo não faz uma divulgação decente?
O ‘Caderno Dois’ de A Gazeta tem uma coluna de dar vergonha de tão inútil. É uma página inteira de baboseiras de socialites e muito ‘tampa-buraco’. Na quinta-feira (18/5), foi publicada nessa coluna uma nota onde estava escrito: ‘Nasceu terça-feira Thomas, primogênito de Eliomar Venâncio, arquiteto responsável pela loja Misbella e Bill, inaugurada ontem, e Edilene Krieger’. Além da falta de coerência nesse texto, pois o fato noticiado não é o nascimento do bebê e sim as atividades profissionais do pai, fica a pergunta que um leitor mais bem informado faria: ‘E daí?’. E daí que nasceu o filhinho de Eliomar? Qual a essência cultural dessa nota?
Notas escondidas
Parece que a mídia perdeu o senso de discernir o que é cultura do que é fofoca. O jornalismo está confundindo cultura com espetáculo. A vida de celebridades (ou não) é estampada nas páginas dos jornais, tudo para reforçar o marketing de uma pseudocultura.
E os eventos culturais do estado ficam, assim, em segundo plano. Na mesma página há uma notinha, quase imperceptível a olho nu, sobre um filme de animação capixaba que seria exibido no Festival Jovem Mídia de Berlim, na Alemanha, no mesmo dia 18. Duas páginas adiante, encontra-se um lembrete sobre a exposição ‘Universo de Cordel’, no Museu de Arte Moderna do Espírito Santo. Mas as duas notas podem passar despercebidas. Afinal, seus realizadores não arquitetaram lojas de grifes famosas.
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Estudante de jornalismo da Ufes, integrante da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa