Campo Grande News é um jornal situado na capital sul-mato-grossense, fundado em março de 1999 pelo empresário Miro Ceolim e pelo jornalista Lucimar Couto. O noticiário foi objeto de análise neste Observatório de Mídia, seguindo os conceitos de compromisso de isenção, número de fontes, origem/qualidade das fontes, pluralidade das vozes, língua portuguesa, linguagem jornalística, formato jornalístico, apuração, procedência, angulação, ética e sensacionalismo e considerando a data do dia 21 de setembro de 2023, sem editoria específica.
Em primeiro momento, a matéria intitulada “Campo Grande terá festival paralímpico no Parque Jacques da Luz” possui alguns pontos a serem analisados, principalmente no que diz respeito à língua portuguesa e à linguagem jornalística. No parágrafo de introdução (lead) “A 2ª edição do Festival Paralímpico será no sábado (23) no Parque Jacques da Luz, nas Moreninhas, em Campo Grande. O evento está previsto para ocorrer das 8h30 às 12h e evento proporciona a crianças com e sem deficiência, de 8 a 17 anos, a vivência em modalidades paralímpicas”, a utilização do verbo ser no futuro passa a impressão de que o evento está muito longe de acontecer, mesmo o texto sendo escrito dois dias antes. A técnica de utilizar o tempo presente é essencial para dar a impressão de atualidade que o jornalismo tanto se importa.
Já em “Prefeitura distribui 5 mil mudas de árvores em menos de 1h30” falta informação em sua linha de apoio: “Para comemorar a data, a Prefeitura de Campo Grande fez a tradicional entrega” – a ausência de complemento em “a data” deixa o leitor alheio à situação. Esse erro logo nos primeiros contatos com a notícia pode prejudicar a leitura como um todo.
A apuração em “Cyberbullying contra crianças e adolescentes pode se tornar crime hediondo” se dá de maneira confusa. O parágrafo “O projeto cria ainda uma política nacional de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. De acordo com a proposta, serão considerados crimes hediondos: agenciar ou coagir esse público a participar de cenas de pornografia, atuar com essas pessoas nessas cenas, exibir ou transmitir pela internet ou aplicativos, em tempo real, cena de sexo explícito ou pornográfica com a participação de criança ou adolescente” não contextualiza como esses crimes se relacionam com o cyberbullying, não contribuindo para a diminuição do senso comum, uma vez em que a ideia que a população tem dessa prática não inclui as mazelas citadas.
Uma questão gravíssima de ética, procedência, sensacionalismo e outros problemas que ferem não somente o jornalismo, como também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), acontece na matéria “Após ataque de pitbull, criança passa por cirurgia na Santa Casa” que contém uma foto da vítima menor de idade e uma tentativa falha de desfoque, ferindo o direito de proteção à imagem, pois ela é facilmente reconhecida.
Por último, “Parte rica de avenida ganha acesso asfaltado, e a pobre fica com “trieiro” apresenta falta de repertório ao mesmo passo que estereotipa uma parte da cidade. Além disso, a ausência de uma fonte especialista para afirmar o que seria “parte rica” e “pobre” interfere mais uma vez na procedência, contribuindo para o sensacionalismo.
Visto os dados analisados, Campo Grande News é um periódico que necessita repensar suas estruturas textuais e seus limites éticos. A falta de contextualização, principalmente nos títulos e outras partes cruciais do texto, além do apelo sensacionalista para arrancar visualizações cruzam a linha tênue entre a notícia e a propaganda.