Este diagnóstico de mídia foi realizado para observar e fazer um levantamento da qualidade das notícias e informações publicadas pelo veículo Jornal Diário Corumbaense, suas publicações são diárias, mas nesta análise foram observadas apenas duas editorias: Cidade e Educação, durante um período de 14 dias. Dentro do tempo de coleta estabelecido foram publicadas 13 matérias, três sobre a editoria Cidade e nove em relação à Educação.
A avaliação foi feita seguindo os seguintes parâmetros: compromisso de isenção, número, origem e qualidade das fontes, pluralidade de vozes, linguagem jornalística e portuguesa, formato jornalístico, apuração, procedência, angulação, ética, sensacionalismo, elementos do jornalismo impresso e imagens de publicidade.
A frequência de publicações é considerada baixa por ser um jornal diário, principalmente na editoria sobre a Cidade. Em uma avaliação minuciosa, a editoria teve uma frequência média de cinco dias, após a primeira publicação, enquanto a com mais matérias teve uma repetição diária.
O compromisso de isenção é essencial para um meio de comunicação, pois a partir desse parâmetro é possível identificar se as notícias são confiáveis, transparentes e íntegras, o que garante a confiança da audiência. Nesta avaliação, o veículo se isenta de quaisquer obrigações partidárias ou comerciais, de maneira geral não há publicações com posicionamentos explícitos. Ainda assim, em sua grande maioria são releases ou materiais retirados de outros veículos de comunicação.
A linguagem jornalística não segue alguns critérios do jornalismo e alguns erros foram encontrados na língua portuguesa, que precisam ser checados antes de publicados.
Processo de Verificação de Conteúdos Publicados
A importância das fontes em uma matéria jornalística é crucial para tornar o texto mais confiável, além de transmitir credibilidade, diversidade, checagem e outros compromissos com o leitor. O jornal Diário Corumbaense não utiliza em suas publicações o recomendado para um texto de qualidade, que são mais de uma fonte no mínimo. O fato de utilizarem muitos releases fez com que sequer modificassem os textos, utilizassem o mínimo de fontes ou pluralidade de vozes.
Foi observada uma falta significativa de fontes nas matérias, no total foram duas matérias com fontes, com uma média de uma a duas citações diretas ou indiretas, enquanto as outras não apresentaram nenhuma fonte.
Grande parte do que é publicado vem de assessoria de imprensa, este tipo de conteúdo prejudica o próprio jornal, pois não são consideradas reportagens jornalísticas, apenas informações com intuito de divulgar instituições, empresas ou pessoas. Este tipo de conduta desvaloriza o jornal.
Um exemplo de publicação de outro jornal ou release e sem fontes, foi publicado no dia 22 de setembro, com o título “UEMS abre inscrições em seleção com notas do Enem; são 494 vagas em 27 cursos”, retirado do jornal “Portal de Notícias de MS”, com zero fontes. Apesar de interessar o público, este tipo de conteúdo desvaloriza o jornal, pois sinaliza um “Ctrl C” e “Ctrl V”, sem modificações, sem levantamento, análises e procedência.
Outro exemplo, mas dessa vez realizado pela redação do jornal e com fontes, foi a matéria publicada no dia 13 de setembro, “Matheus vai ser lembrado como um menino alegre, inteligente e que gostava de dançar”. Com um total de três fontes secundárias, a abordagem sobre o velório e morte de uma criança, com fotos do funeral, familiares entrevistados e conhecidos, diz muito sobre a ética e a importância que o veículo tem com os critérios de noticiabilidade.
Este tipo de cobertura abre um questionamento sobre a ética jornalista e o sensacionalismo. A informação obtida de pessoas em estados emocionais intensos pode ser temporária e sujeita a interpretações imprecisas, o que a torna menos confiável e de menor durabilidade. Esta matéria comunica apelo e exploração sensacional, com imagens impactantes e invasivas do momento, eticamente esse meio de conduta é um desrespeito com a dignidade humana.