Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

2011 na linha do tempo

Pois é, caro leitor, chegamos a mais um final de ano. Este, em particular, foi um ano incrível de mudanças e de grandes transformações. Como escrevi na minha coluna de janeiro, não sou muito fã das tradicionais previsões. Com uma capacidade disruptiva cada vez maior, novas tecnologias são praticamente impossíveis de prever.

Por isso, dedico minha última coluna do ano à capacidade disruptiva que observamos na tecnologia em 2011. Redes sociais, serviços de armazenamento de dados, música, comércio eletrônico, tablets, micropagamentos, mobilidade, serviços de geolocalização… todas essas tendências passaram a ser realidade graças à grande transformação pela qual passou a internet neste ano.

Desde o primeiro grande boom da tecnologia digital, no final dos anos 1990, não vivemos um ano tão intenso em termos de inovações, transformações e tecnologias que prometem mudar vários aspectos da nossa vida nos próximos anos. A transformação mais importante, na minha visão, é que 2011 entrará para a história como o ano em que a tecnologia definitivamente passou a ser desenvolvida ao redor das pessoas. Lembrem-se de que ao final dos anos 1990 a internet reproduzia o conteúdo das empresas de mídia tradicional, no mundo online. Se um usuário queria se atualizar, visitava um site de notícias; se queria saber do tempo, entrava no site sobre clima.

Loja virtual

Em meados dos anos 2000, a internet se transformou, ao permitir que usuários encontrassem informações relevantes por meio dos buscadores. Novamente, o nível de personalização era baixíssimo. Os algoritmos geram resultados relevantes, porém frios e impessoais. Essa realidade vem mudando de maneira bastante relevante nos últimos anos. E a tendência que veremos nos próximos meses é que as empresas passarão a definir suas estratégias colocando as pessoas no centro de tudo o que fazem.

Vejam o exemplo da Amazon. Seu grande diferencial é a capacidade de personalizar a experiência dos usuários que utilizam seus serviços. Para a Amazon, o que importa é poder oferecer produtos que estão alinhados com o interesse e o hábito de compra dos usuários.

No Brasil, o projeto de tecnologia social mais relevante de 2011 veio de outro varejista. Há alguns meses, o Magazine Luiza desenvolveu uma tecnologia que permite que usuários de rede social criem suas próprias lojas virtuais, com produtos que estão mais relacionados a suas características. Se você curte informática, pode criar uma loja somente com computadores e produtos relacionados e oferecê-los a seus amigos no Facebook, por exemplo. O Magazine Luiza se encarrega de toda a parte de venda e de logística. Para cada produto comercializado por meio da loja pessoal, uma comissão é paga ao vendedor.

Ainda mais inovador

Outras tecnologias que mereceram destaque por colocarem as pessoas no centro de sua estratégia: Zynga revolucionou a indústria dos jogos online ao possibilitar que as pessoas colocassem suas fotos e seus nomes reais nos jogos com amigos. Para ter uma ideia, em 2011 apenas um produto da Zynga, o jogo social Citiville, atingiu a marca impressionante de 100 milhões de usuários em pouco mais de 40 dias.

No campo da música, 2011 será marcado por um novo modelo de música que pode ser compartilhado com outras pessoas por meio das redes sociais. O produto de maior sucesso nessa área é o Spotify, que deve chegar ao Brasil em breve. Nele é possível encontrar milhares de músicas, compartilhar e ouvi-las na companhia de amigos, por meio das redes sociais.

Este foi também o ano em que foram definidas as empresas de tecnologia mais importantes dos próximos anos. Segundo a revista Fast Company, Amazon, Apple, Facebook e Google estarão cabeça a cabeça no meio de uma fabulosa disputa para determinar a empresa com maior capacidade de inovação em seus produtos e negócios. Não por acaso, todas dedicadas a criar soluções centradas na experiência das pessoas com seus produtos. O melhor é que os ganhadores dessa disputa serão os usuários.

Um brinde à tecnologia. E um 2012 ainda mais inovador!

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[Alexandre Hohagen é jornalista e publicitário, responsável pelas operações do Facebook na América Latina. Em 2005, fundou a operação do Google no Brasil e liderou a empresa por quase seis anos. Escreve às quintas-feiras, a cada quatro semanas, nesta coluna da Folha]