Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

“Vale do Silício brasileiro” mira os EUA

Uma máxima no Vale do Silício diz que um investidor só coloca dinheiro em empresas a que pode ir de carro em 40 minutos. Localizado no bairro histórico do Recife Antigo, na capital pernambucana, o Porto Digital (PD) levou a ideia a sério e vai fincar bandeira no polo tecnológico da Califórnia, nos EUA, no segundo semestre deste ano.

A ideia dos gestores do PD é expandir as atividades para dar vazão ao crescimento do centro de inovação e captar fundos para financiá-lo.

Criado em 2000, o Porto Digital chega a 2012 com 200 empresas, entre desenvolvedoras de software e prestadoras de serviços tecnológicos. Reúne gigantes globais, como IBM e Microsoft, e brasileiras, como a fabricante de sistemas para bancos BRQ. O faturamento somado delas foi de R$ 1 bilhão em 2010.

Em 2011, no chamado “Vale do Brasilício”, os investimentos cresceram 5,6 vezes. “Quem trabalha nessa área é condenado a crescer”, diz à Folha Francisco Saboya, presidente do polo tecnológico.

Cooperação

Saboya explica que o plano de ação para o Vale do Silício ainda é embrionário. Fechados, só os objetivos e R$ 500 mil para custear a operação. “Queremos ir para poder acessar aquela 'Floresta Amazônica' de capital de risco.”

Além de buscar financiamento, o foco é a cooperação entre empresas. Seja promovendo a ponte aérea Recife-Silício entre elas ou estabelecendo processos de “open innovation”. Isto é, solucionando problemas comuns em regime de colaboração.

A estratégia prevê a implantação de um escritório na cidade de São Paulo, que está adiantada. “Vimos prédios na avenida Paulista e na Berrini”, afirma Guilherme Calheiros, diretor de inovação.

A base paulistana será um entreposto para as empresas do PD e servirá para o polo manter contato direto com investidores de risco e diretores-executivos de empresas baseadas na capital paulista.

Suape

Além dessa operação, haverá outra em Suape, sul de Pernambuco, aproveitando o boom de investimentos no complexo industrial portuário. Com 64% do faturamento vindo de fora de seu Estado, o PD quer aumentar o contato com a indústria local.

Em Suape, segundo estimativa do próprio complexo, serão investidos cerca de US$ 19 bilhões até 2013. A quantia custeará obras de píeres, rodovias e um estaleiro, além da construção de refinarias e petroquímicas. Os escritórios funcionarão a partir de abril.

Em maio, o Porto Digital começará a expansão interna, focando negócios de economia criativa (games, multimídia, música, design etc).

A área recebeu o benefício de redução no ISS (Imposto Sobre Serviços) para 2%, concedido às empresas já instaladas no parque.

Com o Instituto Talento Brasil, ligado ao Grupo Jereissati, criará uma aceleradora de negócios que deve investir US$ 50 mil em empresas com ideias inovadoras.

As “startups” que receberem aporte de capital vão para a Incubamídia, a terceira incubadora do PD, outra novidade. Ela será voltada para a economia criativa. O parque também criará o Fundo de Capital Semente, para financiar negócios. O polo já conta com o fundo privado Ikeway.