Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Apple pode usar Twitter para “invadir” redes sociais

A Apple, que não tem obtido sucesso nos seus esforços para entrar na mídia social, manteve entendimentos com o Twitter nos últimos meses. Segundo fontes do setor, a empresa planeja fazer um investimento estratégico no site.

Apesar de a Apple ser extremamente bem-sucedida em vendas de telefones e tablets, ela tem pouca tradição em redes sociais, que se tornaram um grande motor de atividade na internet e em aparelhos móveis. A mídia social está influenciando de maneira crescente a maneira como as pessoas gastam seu tempo e dinheiro – uma consideração importante para a Apple, que também vende aplicativos, jogos, música e filmes.

A Apple estudou um investimento de centenas de milhões de dólares no Twitter, que foi valorizado em US$ 8,4 bilhões no ano passado, segundo essas fontes. Elas não quiseram ser identificadas porque as discussões foram particulares.

Não há garantia de que as duas empresas, que não estão em negociações no momento, chegarão a um acordo. Mas os primeiros entendimentos são um sinal de que elas poderão formar uma parceria mais forte em meio a uma intensificação da concorrência com empresas do porte do Google e do Facebook.

A Apple não fez muitos amigos na mídia social. As relações da empresa com o Facebook, por exemplo, têm sido tensas desde que um acordo para colocar recursos do Facebook no Ping, a rede social centrada em música da Apple, se desfez.

O Facebook também está alinhado com a Microsoft, que possui uma pequena participação nele. E o Google, um rival da Apple no mercado de telefones, vem batalhando por sua própria rede social, Google Plus. “A Apple não precisa ter uma rede social”, disse Timothy D. Cook, presidente executivo da Apple, numa recente conferência de tecnologia. “Mas a Apple precisa ser social? Sim”, afirmou.

Recursos

Twitter e Apple já vinham trabalhando juntos. Recentemente, a Apple costurou recursos do Twitter em seu software para telefones, tablets e computadores, enquanto, por baixo do pano, o Twitter pôs mais recursos na gestão de sua relação com a Apple. Embora um investimento no Twitter não seja uma grande jogada financeira para a Apple – ela tem investimentos de US$ 117 bilhões, e discretamente acertou a compra de uma companhia de segurança móvel por US$ 356 milhões na sexta-feira -, seria uma das decisões estratégicas mais importantes de Cook, como presidente. E seria um acordo incomum para a Apple, que tende a comprar empresas iniciantes pequenas que são, em seguida, absorvidas pela companhia.

O Twitter cresceu rapidamente, juntando mais de 140 milhões de usuários ativos por mês que publicam uma vasta corrente de mensagens curtas sobre suas vidas, as notícias do dia, e muito mais. Um investimento da Apple lhe daria o brilho de uma relação estreita com um ícone da tecnologia, e reforçaria instantaneamente sua valorização, que, como a de outras empresas iniciantes, tem ficado estagnada na esteira da estreia morna do Facebook no mercado.

Aliás, a notícia sobre os entendimentos surge num momento em que alguns estão perguntando se as expectativas para o potencial de empresas de mídia social não se cumpriram, e as ações de Facebook, Zynga e outras companhias esmoreceram.

Mas o Twitter não precisa do dinheiro da Apple. No início deste ano, Dick Costolo, presidente executivo do Twitter, disse que a empresa tinha “caminhões de dinheiro no banco”.

Os caminhões, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, seriam mais de US$ 600 milhões disponíveis. O dinheiro vem do financiamento de US$ 1 bilhão que a empresa levantou ao longo dos anos e, mais recentemente, de um fluxo saudável de receita publicitária.

Mesmo assim, há uma ampla expectativa de que o Twitter abra seu capital nos próximos dois anos, quer a empresa faça ou não acordo com investidores como a Apple.

Parceria lógica

Apple e Twitter são parceiros lógicos de certa maneira. Diferentemente de Facebook ou Google, o Twitter não tem planos de competir com a Apple no ramo de telefones ou qualquer outro. E como a Apple já percebeu, o social simplesmente não está no seu DNA. “Esses caras são uma ótima parceria”, disse Costolo da Apple numa entrevista recente. “Nós pensamos neles como uma companhia que nossa companhia respeita.”

Costolo não quis discutir algum investimento potencial ou alguma outra coisa relativa à relação da companhia com a Apple.

Representantes da Apple e do Twitter disseram na sexta-feira que suas companhias não comentavam rumores.

Se ocorrer um investimento, o diretor financeiro do Twitter, Ali Rowghani, seria fundamental para cimentar o acordo. Rowghani ingressou no Twitter no início de 2010, após nove anos nos Pixar Animation Studios, onde trabalhou diretamente com Steven Jobs, cofundador da Apple.

Os laços entre Apple e Twitter estão se fortalecendo num momento de grande incerteza no mercado de dispositivos móveis. Linhas divisórias que pareciam claras há um ano apenas estão ficando rapidamente borradas na medida em que companhias entram em novas áreas do mercado e se chocam com antigos aliados.

O Facebook, maior rede social do mundo, estaria trabalhando no desenvolvimento de seu próprio telefone ou em software básico para telefones. Da mesma forma, o Google adquiriu a Motorola Mobility e agora está no negócio de produzir telefones.

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[Evelyn M. Rusli e Nick Bilton, do New York Times]