Saturday, 21 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Facebook e escola

Uma das perguntas que a escola cada vez mais se faz é: como é possível estabelecer uma interface criativa e construtiva entre ela, os estudantes e as redes sociais? Como o Facebook, febre entre os jovens, pode favorecer esta relação? Isto seria recomendado? Ou as redes sociais não têm nada a ver com o cotidiano da escola e fazem parte apenas do universo particular dos alunos? Por meio delas, é possível criar tendências, reiterar novos ou antigos valores, criticar, denunciar irregularidades. São vistas com tanta importância que, no âmbito profissional, muitas empresas traçam o perfil de seus funcionários e dos que vão contratar considerando o que postam e defendem nas plataformas.

Se as redes já ocupam parte de nossa vida com tanta importância, naturalmente devem, pelo menos, fazer parte das discussões da escola. Bem, de uma escola que queira contribuir com o crescimento de um jovem que está neste cenário de múltiplas vozes e tecnologias. Sim, cabe às escolas – e aqui é bom que se diga que também cabe às famílias – pensar as redes sociais como espaço de informação, de constituição de conhecimentos e valores positivos ou negativos, de troca de saberes, ainda mais quando mais de 50% dos alunos, senão a turma toda, burlam idades e formulários, muitas vezes com o consentimento dos pais, para administrar as contas. Esta talvez seja a primeira grande discussão: crianças e jovens podem ter Orkut e Facebook?

As redes sociais, na perspectiva de ferramenta tecnológica e digital, são excelentes apoios do diálogo pós-sala de aula entre estudantes e professores. Mas a questão é que elas não são apenas ferramentas. São mídias, vitrines, megafones, espelhos e janelas. Qual é o limite? Quais são as regras? Tudo vale e é permitido? O que fazer quando as redes são usadas para reiterar preconceitos, para a difamação, para o bullying? As palavras respeito e ética fazem parte do glossário dos usuários? A ideia não é didatizar, cercear a liberdade e a criatividade dos jovens no uso das ferramentas nem violar a privacidade dos mesmos, mas pensar e refletir sobre quem somos, como agimos e de que forma nossas ações podem ser vistas, interpretadas e avaliadas.

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[Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia]