Se o Twitter fosse um país, seria um dos mais populosos do planeta. Em meados de 2012, a rede de relacionamento social superou a marca de 500 milhões de usuários (venturebeat.com/2012/07/30/twitter-reaches-500-million-users-140-million-in-the-u-s/). É menos que o Facebook, é verdade, mas supera com folga a população de quase todos os países, Estados Unidos incluído, ficando apenas atrás da China e Índia.
O que mais chama atenção em tudo isso? É que a metade dos 20 países com mais usuários do Twitter é formada por países emergentes. Entre esses países, logo atrás dos Estados Unidos, deparamos com um país latino-americano, o Brasil. Também aparecem na lista o México (7º lugar), Colômbia (12º), Venezuela (13º) e Argentina (19º), além da Espanha (9º). Todos eles superam países como a França e a Alemanha, integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em outras palavras: a difusão tecnológica – ou, em todo caso, a das redes de relacionamento social – está se disseminando de forma cada vez mais rápida, alcançando os países emergentes e os mais industrializados com a mesma velocidade.
Outro dado ainda mais surpreendente: a cidade com mais tweets não é Tóquio (segunda), Londres (terceira) ou Nova York (quinta), mas Jacarta, na Indonésia. São Paulo, no Brasil, é a quarta, superando Nova York; Bandung, na Indonésia, supera Paris e Istambul, na Turquia, supera Madri. As cidades dos países emergentes, portanto, estão no mesmo nível que as dos países da OCDE. Entre as 20 cidades mais ativas nessa rede social, também vemos o Rio de Janeiro e Seul, à frente de Miami e Atlanta.
Reis do Twitter estão no mundo latino
Entre esses países, quais são os que possuem líderes mais atuantes no Twitter? Dos 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU), nem todos possuem dirigentes, chefes de Estado ou de governo ativos na rede. Apenas 30 das 264 contas de líderes analisadas por Burson-Masteller (twiplomacy.com/) são atualizadas pelo próprio líder e de forma regular. A metade dos dirigentes não “segue” outros dirigentes. Apenas 25% dos líderes mundiais seguem o presidente americano Barack Obama, que por sua vez segue só três outros dirigentes mundiais (o da Noruega, Inglaterra e Rússia). O mais conectado de todos com outros líderes é o presidente da União Europeia (UE), que segue 11.
Um dos dirigentes com mais seguidores no mundo está na América Latina: é o presidente Hugo Chávez, da Venezuela. Com mais de 3 milhões de seguidores, supera qualquer outro líder no continente, seja os do Brasil, Argentina ou Colômbia, todos com mais de 1 milhão de seguidores. Ele tem a maioria dos outros líderes da América Latina como seguidores e é um dos mais atuantes, com duas mensagens por dia, em média. A presidente do Brasil também está entre os dez líderes com mais seguidores: o número passou de 200 mil no dia de sua eleição para quase 1,6 milhão em agosto de 2012. Ela não envia mensagens desde 2010, no entanto. Não segue nenhum outro dirigente, mas tem 17 deles entre seus seguidores, a maioria na América Latina.
Uma das contas mais ativas, com média de 14 tweets por dia, é a de outro dirigente latino, o da Espanha: Mariano Rajoy. Com pouco mais de 300 mil seguidores, ele não é seguido por seus pares latino-americanos mencionados anteriormente nem pelos chefes de Estado do Chile e Equador, que possuem mais seguidores que ele. Rajoy, no entanto, supera com folga vários líderes europeus, como Angela Merkel (com apenas 65 mil seguidores e bem pouco atuante na rede), e chega perto do francês François Hollande (com mais de 400 mil seguidores). Na Europa, apenas David Cameron, com mais de 2 milhões de seguidores, se aproxima do patamar da (primeira) divisão “latina”.
As redes sociais estão se transformando em canais de comunicação política. Nem todos os governos e chefes de Estado, contudo, entendem dessa forma. Surpreendentemente, ninguém do governo e nem o chefe de Estado sueco, um dos países mais presentes no mundo digital, estão no Twitter; outros começaram apenas recentemente, como a Suíça, em julho de 2012. A avidez por comunicação, inclusive nas redes de relacionamento social, parece, no entanto, estar bem ancorada no mundo latino. Na região estão alguns dos reis do Twitter.
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[Javier Santiso é professor de Economia na Esade Business School]