Para Mark Zuckerberg, faltam apenas 6 bilhões de pessoas. Zuckerberg disse ontem [quinta, 4/10] que a rede social da Facebook Inc., criada por ele há oito anos em seu quarto de estudante em Harvard, atingiu a marca de 1 bilhão de membros ativos em 14 de setembro. A empresa de Menlo Park, na Califórnia, tinha 500 milhões de usuários ativos em julho de 2010, tornando-se assim um dos sites de maior crescimento na história.
A Google Inc. é a única outra empresa de internet que chegou a um bilhão de usuários, mas a gigante das buscas online levou treze anos, de 1998 a 2011, para chegar a essa marca, segundo a comScore Inc. O Facebook, que exige que a pessoa se registre para ter uma página, chegou a um bilhão em dois terços desse período. Algumas outras grandes empresas da web ainda não atingiram um bilhão de usuários em todo o seu tempo de vida; a Yahoo Inc., por exemplo, informou que tem mais de 700 milhões de usuários ativos.
Zuckerberg, de 28 anos de idade, mostrou bem como são amplas suas aspirações postando uma mensagem comemorativa em seu perfil no Facebook, em que compara sua rede social com outras invenções que “conectaram” os seres humanos. “Pertencemos a uma rica tradição de pessoas que fizeram coisas que nos unem”, escreveu ele. “Nós honramos a essência humana das pessoas a quem servimos. Honramos as coisas cotidianas que as pessoas sempre fizeram, que servem para nos unir: cadeiras, campainhas, aviões, pontes, jogos.”
Quebrando a promessa
Para a Facebook como uma empresa, o anúncio veio em boa hora. Os investidores hoje avaliam a Facebook a apenas uma fração do grande negócio de US$ 100 bilhões que viram na empresa quando ela abriu o capital, em maio. A questão é saber qual o valor monetário que Zuckerberg pode extrair de todos esses usuários que o Facebook aceitou gratuitamente. No ano passado, a empresa teve quase US$ 4 bilhões em receitas, principalmente de publicidade – muito menos do que os quase US$ 38 bilhões que a Google faturou com um conjunto de usuários igualmente grande no último ano fiscal. Um porta-voz da Facebook disse que Zuckerberg não estava disponível para uma entrevista.
Esta semana, executivos da Facebook estiveram na Semana da Publicidade de Nova York, tentando convencer os anunciantes de que sua combinação de acesso direto às pessoas, e também à rede de amigos destas, oferece uma ferramenta de marketing poderosa, equivalente a cinco finais do campeonato de futebol americano, a cada dia. Mas a Facebook ainda perde para outras empresas da web em faturar com seus usuários. Nos Estados Unidos, a Google e a Yahoo faturam cerca de US$ 88 por pessoa que usa seus motores de busca, enquanto a Facebook ganha cerca de US$ 15 por usuário, segundo a firma de pesquisas eMarketer Inc.
No início da semana, a diretora operacional Sheryl Sandberg disse que a Facebook também está considerando introduzir “serviços especiais para empresas”, como uma forma de aumentar o faturamento. Em paralelo, a Facebook tem feito esforços cada vez mais ousados para encontrar fontes alternativas de receitas. Na quarta-feira (3/10), a empresa começou a testar um serviço nos EUA que cobra US$ 7 dos membros para garantir que seus amigos vejam suas mensagens no site, irritando alguns usuários que disseram que o site estava renegando sua promessa de longa data de permanecer gratuito.
Reunião com Medvedev
“Estou empenhado em trabalhar a cada dia para tornar o Facebook melhor para vocês, e espero que algum dia, juntos, nós sejamos capazes de conectar o resto do mundo também”, disse Zuckerberg em seu perfil na rede social. Mas o próximo bilhão de membros do Facebook pode ser muito difícil de conseguir. Hoje há cerca de 2,5 bilhões de pessoas que usam a internet – e muitas que não estão no Facebook moram em países como a China, que não acolheram bem o tipo de comunicação online do Facebook. Zuckerberg já visitou a China, onde há mais de 500 milhões de usuários de internet, mas o site continua bloqueado no país, exceto para quem usa ferramentas para contornar os censores do governo.
Até agora, as pessoas já fizeram 140 bilhões de conexões de amigos no Facebook, segundo a empresa. Enquanto o site amadurece, os usuários estão cada vez mais jovens: hoje a idade média do usuário que entra na rede social é de cerca de 22 anos, em comparação com 23 anos na época em que o site atingiu 500 milhões de usuários.
Segunda-feira, Zuckerberg reuniu-se com o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, da Rússia, outro mercado onde o Facebook tem tido dificuldade para crescer.
“Levo a responsabilidade muito a sério”
Ultimamente, Zuckerberg também vem elogiando os esforços da Facebook de estar presente nos celulares, algo crucial para que a empresa possa atrair mais membros de países em desenvolvimento, e mais receitas de publicidade dos consumidores do mundo todo, numa época em que os hábitos de acesso à internet estão mudando. Ontem, a Facebook informou que tem 600 milhões de usuários de dispositivos móveis.
Há mais cinco bilhões de usuários de celulares no mundo.
Em uma entrevista no programa Today, do canal de TV americano NBC, Zuckerberg procurou tranquilizar os investidores e mostrar que ele é a pessoa certa para dirigir a Facebook, já que alguns do setor financeiro já questionaram se ele tem capacidade para comandar uma grande empresa de capital aberto. “Levo essa responsabilidade muito a sério”, disse ele.
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[Geoffrey A. Fowler, do Wall Street Journal]