A definição de rede diz que ela é um sistema composto por no mínimo dois computadores conectados entre si, que podem compartilhar informações. Social é aquilo que pressupõe relacionamentos, sentimentos, condutas e ações. Junte as duas palavras e teremos as “redes sociais”, que nada mais é do que as duas definições citadas agindo ao mesmo tempo. Logo, é de se esperar que as pessoas compartilhem assuntos que são de interesse próprio, mesmo que isso desagrade outros usuários com quem ela “convive” no ambiente virtual. Em novembro de 2012, o Facebook anunciou que ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários ativos no site. O Brasil figura entre os cinco países que mais têm usuários no site de relacionamentos.
De uns tempos pra cá, é perceptível o descontentamento de alguns usuários do Facebook sobre a recorrência dos assuntos discutidos na rede social. O caso mais recente é sobre a teoria dos maias que, segundo uma profecia feita por eles, determinava que o dia 21 de dezembro de 2012 seria o fim de um ciclo (leia-se “ciclo”, não “humanidade”) para o início de outro. Na base do “quem conta um conto, aumenta um ponto”, a teoria passou a ser interpretada como o fim da existência da vida humana na Terra, e que o mundo acabaria nessa data, sem qualquer comprovação científica.
Remar contra a maré
Nas semanas anteriores ao dia 21 de dezembro, minha timeline foi tomada por fotos, textos e reportagens sobre o tema. Fiquei incomodado, mas relacionamentos são assim mesmo. Quem compartilha esse conteúdo de “gosto duvidoso” (duvidoso porque eu julguei que é) são pessoas do meu convívio que por alguma razão eu escolhi para fazerem parte da minha rede social.
Assim funciona em uma mesa de bar. Se você está na mesa e é o único incomodado com o tema da conversa, é correto pedir para mudar de assunto? Já fiz parte dessa turma do “não aguento mais ouvir falar sobre desse assunto” e, com o tempo, reparei que as coisas não vão mudar – portanto, não adianta remar contra a maré.
Foi assim com o fim do mundo, Avenida Brasil, BBB, Brasileirão 2012. E 2013 vai ser da mesma forma. Se essa linha de pensamento não for revista, é melhor analisar se realmente você deva fazer parte de uma rede social.
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[João Paulo Vale é jornalista, Belo Horizonte, MG]