O mercado principal do Google – o de buscas – está sob ameaça. Mas isso não é motivo de preocupação, afirmaram os executivos da companhia para seus acionistas. O Google está concentrado num futuro em que os computadores falam em voz alta para os usuários, dirigem nossos carros e enviam informação antes mesmo de nós a solicitarmos.
Os investidores que vivem no “aqui e agora” saíram com dúvidas quanto aos resultados financeiros da empresa no primeiro trimestre, divulgados na quinta-feira, que contribuíram para um aumento de 2% no valor das suas ações no pregão realizado depois do fechamento da bolsa.
O faturamento da companhia não correspondeu ligeiramente às expectativas dos analistas. Seus lucros superaram as previsões, mas apenas por causa de um anômalo incentivo fiscal do governo para a pesquisa e desenvolvimento. Sem ele, Google também não teria correspondido às expectativas dos analistas no em relação aos lucros.
Mas os resultados da empresa mostraram que, não importam as ameaças, suas operações na área de buscas na internet, base dos negócios da empresa, ainda são vigorosas – mesmo que as buscas e a publicidade em desktops e a publicidade estejam mais lentas porque os usuários estão abandonando o computador pessoal para utilizar aparelhos móveis, onde o Google luta para lucrar mais.
Futuro
O Google está se lançando em operações inovadoras, como os óculos que se conectam com a internet e carros que se locomovem sozinhos, sem motorista. Na quinta-feira Larry Page, diretor executivo (CEO) do Google, conversou numa videoconferência com analistas sobre a importância destes projetos para a companhia. No passado, os executivos consideraram que tais esforços não eram importantes, preferindo se concentrar ao máximo nas atividades principais da Google.
“Como CEO da companhia é também superimportante ter um foco no futuro”, disse Larry Page. “As empresas tendem a se acomodar e fazer o que sempre fizeram, com algumas alterações de menor importância. É natural querer trabalhar naquilo que você sabe. Mas alguns aprimoramentos graduais com certeza vão torná-lo obsoleto com o tempo, especialmente na área da tecnologia.”
Larry Page parece ter convencido os analistas e investidores preocupados com os gastos da companhia no campo da ficção científica.
“É um produto atrativo”, disse Colin Gillis, analista da PGC Partners, referindo-se às novas atividades. “Mas gosto do fato de que estão partindo para essas coisas. Quando olhamos para a Apple, nos perguntamos: ‘de onde virá a próxima rodada de crescimento?’. E, quando olhamos para o Google, dizemos: ‘ eles estão em busca de mercados realmente grandes’.”
Concorrência
Apesar dos desafios enfrentados pela empresa na área dos dispositivos móveis como smartphones e tablets, os investidores estão deixando a Apple e preferindo o Google.
Enquanto o valor das suas ações aumentou 26% no ano passado, os papéis da Apple caíram 36%, pois a empresa teve um crescimento mais lento e vem enfrentando uma concorrência mais forte dos celulares com o sistema Android do Google.
“Este reconhecimento da responsabilidade de um CEO para provocar uma mudança radical nos rumos da empresa talvez seja um indício de que as pessoas perceberam que a Apple não tenha mudado o suficiente”, afirmou Jordan Rohan, analista na Stifel Nicolaus, referindo-se às observações feitas por Larry Page sobre o futuro do Google.
A empresa começou a vender nesta semana seus primeiros óculos com conexão à internet, o Google Glass, para desenvolvedores de aplicativos e espera colocá-los à venda ao público no fim deste ano.
O Google também anunciou recentemente que venderá sua internet ultrarrápida, a Fiber, que no momento só está disponível na cidade Kansas, em Austin, no Texas e em Provo, Utah.
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Claire Cain Miller, do New York Times