Há um ano, Mark Zuckerberg transformava os bits de sua rede social, o Facebook, em ações. A euforia que antecedeu a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) foi substituída por uma descrença dos investidores, apesar das receitas crescentes.
A cotação do papel nunca recuperou o valor alcançado no IPO. Com a precificação de US$ 38, a ação do Facebook encerrou o primeiro dia com alta de 0,61%, a US$ 38,23. Um ano depois, o papel acumula desvalorização de 31%, cotado a US$ 26,21 no fechamento de sexta-feira, 17.
A ação do Facebook alcançou seu menor nível em setembro de 2012 (US$ 17,73), quando expirou o prazo do primeiro bloqueio de venda de papéis, geralmente imposto a investidores iniciais. Mas, nos últimos meses, recuperou parte das perdas na bolsa e teve alta de mais de 50%.
Apesar do resultado fraco na bolsa, o Facebook tem receitas saudáveis. O faturamento bruto do primeiro trimestre deste ano foi 38% maior que o do mesmo período de 2012.
Há quem mostre entusiasmo com o crescimento da receita da companhia, principalmente por meio da publicidade em aplicativos, um dos pontos que eram considerados mais críticos pelos analistas no IPO. Em outubro, apenas cinco meses depois da estreia na bolsa, o Facebook surpreendeu ao informar uma alta de 14% em sua receita proveniente de celulares – na época do IPO, a cifra era zero. No primeiro trimestre deste ano, a receita com dispositivo móvel já equivalia a um terço do total obtido com propaganda na rede.
Segundo o último relatório da empresa, o uso da rede social em dispositivos móveis cresceu 54% em um ano, para 751 milhões usuários mensais. A rede de Zuckerberg continua a investir no nicho móvel. No início de abril, lançou o Facebook Home, plataforma que integra a rede social a smartphones Android.
Na avaliação de Karsten Weide, analista da IDC citada pelo site MarketWatch, o fato surpreendente não é o Facebook ir bem na publicidade para o celular, mas a velocidade com que a rede social conseguiu avançar nesse segmento mobile.
Relevância
Já os receosos com o futuro da companhia enxergam problemas no crescimento do número de usuários e a possibilidade de a rede perder relevância. O empresário Rupert Murdoch publicou em sua conta no Twitter nesta semana uma crítica ao Facebook. Ele diz que a quantidade de horas que os usuários gastam na rede social tem caído de forma preocupante e que o Facebook poderia se tornar o próximo MySpace, rede comprada pelo conglomerado de mídia de Murdoch em 2005. O MySpace chegou a ter 230 milhões de usuários pelo mundo, mas perdeu relevância ao longo do tempo, o que resultou em prejuízo para Murdoch.
Outra preocupação, nota o Financial Times, é o temor de que a audiência mais jovem da rede social esteja minguando. Segundo o diário britânico, ainda não há muitos dados sobre o assunto, mas uma boa parte dos investidores está certa de que usuários com menos de 25 anos estão com “fadiga” do Facebook e preferindo outras redes e serviços, como Twitter, WhatsApp e Snapchat. Um dos motivos é a perda de interesse dos jovens à medida que parentes mais velhos criam perfis na rede social.
Uma pesquisa do Pew Research Center mostra que quase 40% dos usuários norte-americanos de 18 a 29 anos pretendem passar menos tempo utilizando o Facebook em 2013.
O Facebook admite que os mais jovens estão usando outros serviços similares à rede social e muitas vezes substituindo o seu uso. Mas o site cita apenas um exemplo de substituto: o Instagram, adquirido por ele no ano passado por US$ 1 bilhão.
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Hugo Passarelli e Mariana Congo, da Agência Estado