Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Só 2% dos professores usam tecnologia

Mesmo tendo acesso a computadores com conexão à internet no trabalho e em casa, apenas 2% dos professores brasileiros da rede pública urbana usam a tecnologia como suporte em sala de aula. E os que usam se limitam – na maior parte do tempo – a ensinar a alunos como utilizar o computador, em vez de desenvolver práticas pedagógicas. As constatações fazem parte da pesquisa TIC Educação 2012, divulgada, na quinta-feira, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – entidade oficial que coordena serviços da web no País. Para chegar a esses indicadores, foram entrevistados pessoalmente 1.236 professores de mais de 570 escolas públicas de todas as regiões do Brasil, escolhidas aleatoriamente.

O estudo mostra que 92% dos docentes da rede pública já têm conexão à internet em casa. Praticamente todos os professores (99%) são considerados usuários em rede, ou seja, usaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses. Na escola, a realidade de acesso é semelhante. Quase todas as unidades têm ao menos um computador. Nas escolas que dispõem do equipamento, 89% possuem acesso à internet.

“O primeiro passo está sendo dado: existe o acesso. Falta agora usar a tecnologia de forma qualitativa, para melhorar a educação”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (Cetic.br), unidade vinculada ao CGI.br que realizou a pesquisa.

Portal do Professor

A professora Diana Mendes, de 36 anos, que trabalha há 12 na rede municipal de São Paulo, diz que nem sempre é possível usar a tecnologia na rotina das aulas. “As salas de informática podem até ser super bem equipadas e bacanas, mas as turmas só têm acesso a elas uma hora por semana”, conta Diana. O uso esporádico também é relatado pela aluna da rede estadual paulista Valéria Lage, de 17 anos, do 3.º ano do ensino médio da Escola Maria Juvenal Homem de Melo, no Grajaú, zona sul. “Os professores usam de vez em quando – de uma a duas vezes por semestre – o netbook e o projetor. Com o projetor, é mais fácil entender a aula.” Para Priscila Gonsales, diretora do Instituto Educadigital, faltam políticas públicas específicas para um melhor uso da tecnologia nas escolas. “Não adianta só comprar equipamentos.”

Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação espera melhorar a qualidade da conexão – um dos problemas identificados no estudo. “Efetuamos a troca de maquinários obsoletos e esperamos até o fim do ano aumentar a velocidade de internet das escolas”, afirma Jane Reolo, coordenadora de Informática Educativa da cidade.

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação informou que a rede paulista dispõe de computadores e acesso à internet e seus docentes recebem orientação contínua para o uso pedagógico de tecnologia. Já o Ministério da Educação afirmou que, com o programa Banda Larga nas Escolas, de 2008, 60 mil escolas públicas vêm se beneficiando da “ampliação periódica de conexão em alta velocidade”. O MEC cita iniciativas como o Portal do Professor, que oferece “recursos educacionais com grande potencial”.

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Davi Lira, da Agência Estado