Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Tráfego de dados cresce menos que número de usuários

O tráfego global de dados na internet em todo o mundo poderá atingir 1,4 zettabytes por ano, até 2017, um índice três vezes superior ao observado em 2012. Cada zettabyte equivale a 1 trilhão de gigabytes, algo como 1 bilhão de DVDs assistidos por dia durante um ano inteiro. Embora seja um número gigantesco, esse índice representa uma desaceleração em relação ao período anterior: entre 2011 e 2016, a previsão era que o tráfego de dados na internet quadruplicasse, de acordo com a pesquisa Visual Networking Index, realizada anualmente pela multinacional americana Cisco.

Segundo o levantamento, o ritmo menor de crescimento se deve a dois fatores em especial: a forte demanda por aparelhos móveis, como tablets e smartphones, que oferecem uma capacidade menor de geração de tráfego em comparação a um PC ou notebook, e ao menor nível de investimentos das operadoras em infraestrutura, devido à crise mundial.

No Brasil, indica a Cisco, a evolução no tráfego de dados será inferior à global: em 2017, o país poderá apresentar um índice duas vezes e meia superior ao de 2012. No mundo, o crescimento será três vezes maior. “A inclusão de usuários na rede mundial continua acontecendo a um ritmo forte no Brasil, mas uma parte importante desse crescimento virá dos smartphones e tablets, que apresentam menor capacidade de transmissão de dados”, afirmou ao Valor Giuseppe Marrara, diretor de relações governamentais da Cisco no Brasil.

Para se ter uma ideia, o tráfego gerado por um smartphone gira em torno de 0,6 gigabyte (GB) por mês. Em um tablet, são 2,7 GB. Já em uma TV conectada, a capacidade é de 5,8 GB e, em um laptop ou computador pessoal, a média de tráfego é de 18,6 GB ao mês.

Velocidade média

Se no tráfego de dados o Brasil tende a desacelerar mais que o resto do mundo, quando o assunto é percentual da população conectada o país ultrapassa a média mundial. A pesquisa da Cisco indica que, em âmbito global, 48% das pessoas terão acesso à internet em 2017. No Brasil, esse índice será de 52%, com 110 milhões de usuários com acesso à internet. Em 2012, eram 67 milhões de usuários, o equivalente a 35% da população brasileira.

No Brasil, afirmou Marrara, 95% do tráfego gerado no ano passado foi através de PCs ou notebooks. “Com o desenvolvimento do mercado de tablets e smartphones no país, esse índice deve cair para 80% em 2017”, disse. Segundo o executivo, enquanto o tráfego local cresce duas vezes e meia entre 2012 e 2017 (considerando rede fixa e móvel), só o tráfego móvel será multiplicado por dez no período.

Em quatro anos, o número médio de dispositivos conectados por usuário no Brasil poderá aumentar dos atuais 2,5 para 5. Na conta, segundo Marrara, estão inclusos os chips que fazem a comunicação “máquina a máquina”, ou M2M. Exemplos dessa aplicação estão nas maquininhas de cartão de crédito e no rastreamento de veículos. De acordo com a pesquisa, serão 611 milhões de aparelhos conectados no Brasil em 2017.

Em nível global, a participação dos smartphones e dos tablets no tráfego gerado poderá crescer de maneira significativa: somados, esses aparelhos respondem, hoje, por uma fatia de 3,4% da transmissão de dados, percentual projetado para 27,8% em 2017.

Quanto à banda larga, a estimativa é que a velocidade média na rede fixa no Brasil passe de 5,5 megabits por segundo para 14 Mbps. O número é maior do que o previsto para a América Latina em quatro anos (13 Mbps), mas bem inferior ao da América do Norte (38 Mbps), Ásia-Pacífico (41 Mbps) e Europa Ocidental (43 Mbps).

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Daniele Madureira, do Valor Econômico