Às vezes descritos como “o novo petróleo”, os volumes imensos de dados que circulam pela internet também já foram comparados a inovações como a locomotiva a vapor, as redes elétricas e o rádio. Em 2005, havia 30 bilhões de gigabytes de vídeo, e-mails, transações na web e business-to-business analytics [processos de descoberta e comunicação de padrões significativos de dados entre empresas]. A expectativa é que em 2013 esse número aumente mais de 20 vezes e que seu crescimento seja exponencial nos próximos anos, segundo a Cisco Systems, do setor de hardware de redes.
A Cisco estima que cerca de 2 trilhões de minutos de vídeo circularam pela internet a cada mês de 2012, o que equivale a mais de 1 milhão de anos de vídeo por semana. A primeira onda da internet, entre os anos 1990 e 2005, trouxe novos serviços, como e-mail, busca online e banda larga. Para o segundo ato, o setor da internet depositou suas esperanças no poder do big data [captura e análise de dados em volume maciço] de energizar a economia.
Há apenas um problema: a economia se encontra estagnada e assim se manteve durante o aumento mais recente de tráfego de dados na web. A taxa de crescimento da produtividade, cujo aumento constante entre os anos 1970 e a década de 2000 foi atribuído às fases anteriores das revoluções do computador e da internet, vem caindo. As tendências econômicas globais são complexas, mas é possível argumentar que o desaquecimento começou por volta de 2005 – justamente quanto o big data apareceu.
Utilização inteiramente nova
Esses fatores levam alguns economistas a questionar se o big data algum dia terá impacto comparável ao da primeira onda da internet, o que dirá das revoluções industriais dos séculos passados. De acordo com uma teoria, o big data está crescendo graças à canibalização das empresas existentes na competição por clientes, não pela criação de oportunidades fundamentalmente novas.
Em alguns casos, empresas online, como Amazon e eBay, disputam clientes. Mas em outros – e é aqui que entra o canibalismo –, as empresas estão devorando empresas de publicidade, mídia, música e varejo tradicionais, disse Joel Waldfogel, economista da Universidade de Minnesota. “Um setor cai e outro se eleva. Está bastante claro que o digital é um substituto do físico”, disse o economista. “Não faz sentido enxergar a ascensão digital como incremento líquido à economia.”
O professor de economia Robert J. Gordon, da Universidade Northwestern, em Illinois, considera que comparar o big data ao petróleo é bobagem. “A gasolina possibilitou uma revolução dos transportes, com a substituição dos cavalos pelo automóvel e dos trens pelo transportes aéreos comerciais”, disse ele. “Se alguém acha que dados pessoais são comparáveis ao petróleo e a veículos, é porque não entende a realidade do século passado.” Outros economistas acham que o maior impacto do big data só virá quando engenheiros treinados na manipulação de dados se formarem e start-ups movidas a dados começarem a contratar. Eles observam que investimentos em infraestrutura muitas vezes levam anos para trazer recompensas grandes.
E é claro que a recessão pode estar mascarando o impacto da revolução de dados. Mesmo assim, alguns desconfiam que, no final, nossa visão atual do big data e da “nuvem” pode não passar de miragem. “Acho concebível que a era dos dados não possibilite as coisas para as quais as pessoas esperam que ela seja útil”, opinou Scott Wallsten, membro sênior do Instituto de Política de Tecnologia e do Centro Georgetown de Política Pública e Empresarial, em Washington. Para ele, será preciso surgir alguma utilização inteiramente nova para que os dados possam realizar seu potencial econômico.
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James Glanz, do New York Times