A possibilidade de a obrigatoriedade da guarda de dados no Brasil ser aprovada junto ao Marco Civil da Internet está preocupando grandes empresas de tecnologia. Para o Twitter, que tem no país sua segunda maior base de usuários, atrás apenas dos EUA, exigir que informações de usuários sejam armazenadas em território nacional pode prejudicar a indústria local, inibindo a inovação e afugentando players estrangeiros. “Em geral, nós somos favoráveis ao Marco Civil, mas especificamente na questão da guarda de dados, temos questionamentos. Ter as informações armazenadas no Brasil ou não envolve questões técnicas mais complexas que não podem ser resolvidas com a assinatura de uma lei”, afirmou Guilherme Ribenboim, diretor geral do Twitter no Brasil, na noite desta segunda-feira (28/10), em palestra realizada na Casa do Saber. Uma decisão como essa pode inibir a inovação no país e impedir que empresas estrangeiras possam, tecnicamente, operar no país.
O projeto de lei que estabelece os princípios para o funcionamento da internet no país tramita na Câmara dos Deputados há mais de quatro anos, mas a revelação de que o governo e empresas brasileiras estariam no alvo da espionagem americana fez com que o Palácio do Planalto pedisse urgência para o texto, que deve ser apreciado ainda esta semana. Conhecida como Marco Civil da Internet, a proposta prevê, entre outros artigos, a exigência de que os dados dos usuários sejam armazenados em servidores instalados no país. O argumento utilizado pelo governo federal é que, dessa forma, as empresas de tecnologia teriam que colaborar com a Justiça local em investigações. Ribenboim discorda: “Trazer os dados para cá não é, necessariamente, a solução do problema. Nós achamos que o tema merece uma discussão técnica mais profunda, fora do calor do momento.”
#imaginanacopa
Apesar da preocupação com o que pode vir a ser decidido pelo governo, o Twitter está animado com as perspectivas para 2014. Este ano, o recorde de tweets por minuto foi alcançado na final da Copa das Confederações, entre Brasil e Espanha, com 18 mil mensagens a cada 60 segundos. “Imagina na Copa”, brincou o executivo.
Além do evento esportivo, a empresa está de olho nas eleições. Recentemente, funcionários da empresa se reuniram com representantes do Palácio do Planalto para planejar a volta de Dilma Rousseff ao Twitter. A estratégia definida foi fazer um bate-papo informal entre a presidente e o personagem Dilma Bolada, que mantém uma conta de sucesso na rede social. “Após os protestos, o Palácio do Planalto sentiu que faltava um canal direto com a população e nos convidaram para uma conversa. Surgiu a ideia de usar a Dilma Bolada, uma pessoa ativa e adorada no Twitter”, disse Ribenboim.
O executivo acredita que o Twitter vai ser a plataforma de disputa política nas eleições do ano que vem, assim como já vem acontecendo em outros países. Não só a presidente, como outros possíveis candidatos já estão de olho no potencial da rede social para conquistar eleitores. “O Aécio Neves, por exemplo. O slogan ‘Vamos conversar’ é uma hashtag – disse.
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Sérgio Matsuura, do Globo.com