Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Troca de mensagem instantânea crescerá 260%

O uso de aplicativos de troca de mensagens tem se tornado a cada dia mais comum entre os usuários de smartphones. Esse comportamento apresentará um crescimento explosivo no próximo ano. Em todo o mundo, consumidores vão trocar nada menos que 71,5 trilhões de mensagens em 2014, ante 27,5 trilhões de mensagens em 2013. O crescimento em volume será de 260%. As estimativas são da consultoria Ovum.

Não por acaso, esses serviços tornaram-se alvo de aquisições neste ano. O mais recente foi o SnapChat, aplicativo americano de mensagens, que rejeitou propostas de aquisição de US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, feitas por Facebook e Google, respectivamente, mesmo sem gerar receita. O serviço possui pouco mais de 100 milhões de usuários e é responsável pelo tráfego de 400 milhões de mensagens por dia, com projeção de atingir 1 bilhão por dia no fim de 2014.

No início do ano, o Google fez uma oferta de US$ 1 bilhão pelo WhatsApp, que foi recusada pelos donos do aplicativo. Com 350 milhões de usuários ativos no mundo, a americana tem como fonte de receita a cobrança de US$ 0,99 por ano de cada usuário que baixa o aplicativo nas lojas da Apple, do Google e da Microsoft. A receita estimada para o WhatsApp neste ano é de pouco mais de US$ 100 milhões. A BlackBerry também comprou em maio uma empresa francesa chamada Scroon para impulsionar a sua ferramenta BlackBerry Messenger (BBM), como parte dos esforços para ampliar a oferta de serviços. A BBM tem 80 milhões de usuários ativos. Recentemente, a companhia passou a permitir o uso do BBM por consumidores que não possuem celulares da companhia, para expandir o uso da ferramenta e competir com aplicativos mais jovens, como o WhatsApp, WeChat e Line.

Pacotes de serviços

Os analistas da Ovum também destacaram o avanço rápido da japonesa Line, dona de um aplicativo para troca gratuita de mensagens, que foi lançada em 2011 e já conta com 300 milhões de usuários no mundo e uma receita anual de US$ 2 bilhões. A meta da companhia é chegar a 500 milhões de usuários em 2014. O aplicativo foi lançado recentemente em mercados emergentes, incluindo o Brasil. Em novembro, o Line alcançou a marca de 1 bilhão de mensagens trocadas. Na lista de aplicativos bem-sucedidos, a consultoria cita ainda o WeChat, da chinesa Tencent, que possui aproximadamente 270 milhões de usuários no mundo.

Esses aplicativos de troca de mensagens crescem não só em volume de mensagens, mas também em número de usuários. De acordo com a Ovum, as empresas desse setor já superam 1 bilhão de usuários e podem ultrapassar 2 bilhões no ano que vem. Além da troca de mensagens gratuita, as companhias também têm investido na oferta de outros serviços, como jogos, “emoticons” (carinhas que ilustram as emoções dos usuários), envio de fotos e de mensagens curtas de voz, para tornar seus aplicativos mais atrativos para os consumidores.

O efeito desse avanço é sentido principalmente pelas operadoras, que perdem receita à medida que consumidores substituem a compra de pacotes de mensagens de texto (SMS) pelos aplicativos de troca gratuita de mensagens. O estudo mais recente “Monitor Acision de VAS Móvel (Mavam)”, realizado pela Acision Innovation Assured, Quanti e Convergencia Research, indicou que, no Brasil, o volume médio de SMS trocados é de três por dia, enquanto o número de mensagens trocadas em serviços gratuitos de mensagens instantâneas é de 39 por dia. Os serviços de mensagens geraram para as operadoras no Brasil uma receita de R$ 3,57 bilhões no segundo trimestre deste ano, o que representou um aumento de 25,51% em relação ao mesmo intervalo de 2012. As operadoras passaram a oferecer o SMS em pacotes de serviços em vez de cobrarem à parte, para garantir a receita e desestimular a substituição do SMS pelos aplicativos gratuitos.

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Cibelle Bouças, do Valor Econômico