Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Praga virtual desloca-se para ‘tablets’ e ‘smartphones’

Na primeira semana do ano, Skype, Twitter, Facebook, Snapchat e Yahoo foram alvos de ataques variados. O grupo de hackers Syrian Electronic Army (Exército Eletrônico da Síria) invadiu as contas do Skype (controlado pela Microsoft) e usou o blog do Skype, além do Twitter e do Facebook, para divulgar protestos contra a espionagem dos Estados Unidos. O serviço de distribuição de anúncios online do Yahoo que atende à Europa enviou publicidade infectada com vírus a milhares de sites.

Isso parece ser só o início de uma forte temporada de ataques. Especialistas em segurança preveem para este ano um aumento da atividade de hackers, na forma de protestos e na prática de crimes. O principal alvo são os dispositivos móveis. Os smartphones já ultrapassaram os computadores em vendas em 2012 e os tablets farão o mesmo em 2015, prevê a consultoria Gartner. O tamanho do mercado não é o único atrativo para os hackers. Embora realizem funções semelhantes às de um computador, os dispositivos móveis não são percebidos dessa maneira. “Os dispositivos móveis ficam mais desprotegidos e sujeitos a invasões que os PCs”, disse José Matias Neto, diretor de suporte técnico da McAfee para América Latina.

De acordo com a companhia de segurança, a cada trimestre surgem 20 milhões de novas ameaças. No terceiro trimestre do ano passado, 172 milhões delas estavam ativas. As pragas para dispositivos móveis avançam mais rapidamente, acima de 30% por trimestre.

Ataques de maiores proporções

O caso mais grave é o dos aparelhos com o sistema operacional Android, do Google. O Android responde por 38% do mercado mundial de dispositivos móveis, com 878 milhões de unidades vendidas em 2013, segundo o Gartner. O número de ameaças para o Android cresce 33% por trimestre, de acordo com a McAfee, chegando a 2,8 milhões de pragas virtuais. Esse volume é o triplo do número de aplicativos para Android.

Além de ser o sistema operacional mais usado, o Android tem código aberto, o que aumenta seus riscos em comparação com sistemas fechados, como o iOS, da Apple, e o BlackBerry. Além de criar mais ameaças para o Android, os criminosos estão mais ousados. Do total de pragas virtuais criadas, 25% são “assinadas”. Todo aplicativo possui uma assinatura digital, que identifica seu autor. Cibercriminosos têm conseguido burlar a verificação da assinatura digital para contaminar aplicativos legítimos ou colocar no ar aplicativos falsos.

André Carraretto, estrategista de segurança da Symantec, estima que cibercriminosos realizarão ataques de maiores proporções neste ano. Um exemplo disso foi a invasão, na semana passada, do SnapChat, um aplicativo para compartilhamento de fotos. Um dos hackers divulgou um banco de dados com nomes e telefones de 4,6 milhões de usuários do aplicativo. Para especialistas, o caso indica a facilidade de se obter dados de consumidores a partir de seus aparelhos.

Softwares de criptografia

Além das ameaças em aplicativos, Carraretto prevê um aumento das invasões a redes sociais e o uso de e-mails para a prática de golpes na internet. Outros fatores de risco são a perda ou roubo de aparelhos e o uso de redes de internet sem fio (Wi-Fi) gratuitas, que não oferecem muita proteção aos usuários. A Websense Security Labs estima um aumento dos ataques de grande porte para destruir dados de governos ou companhias.

O aumento do cibercrime e as preocupações crescentes com privacidade vão favorecer as empresas de segurança. A consultoria Infonetics estima que o mercado de software de segurança para dispositivos móveis movimentará US$ 3 bilhões até 2017, frente à soma de US$ 1,33 bilhão alcançada no ano passado. Em 2013, esse segmento do mercado de antivírus cresceu 38%.

Para a Unisys, uma das tecnologias que se destacará é o software de criptografia, que embaralha os dados, dificultando sua captura e decodificação. Esse tipo de programa é desenvolvido por empresas de antivírus, mas recentemente entrou no foco de companhias de equipamentos de segurança. Neste mês, as empresas francesas Bull e Thales e a alemã GSMK anunciaram o desenvolvimento de softwares de criptografia para proteger serviços de telefonia e de mensagens por celular.

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Cibelle Bouças, do Valor Econômico