Faltando um dia [segunda, 7/4] para o fim do suporte ao sistema operacional Windows XP, da Microsoft, bancos, órgãos de governo e empresas correm contra o relógio para concluir o processo de atualização de suas máquinas para versões mais novas do Windows. Mas para fornecedores de sistemas e provedores de serviços, a expectativa é de que haja demanda por projetos de migração até pelo menos o fim do ano.
A estimativa é que cerca de 13% dos computadores no país – quase 13 milhões de máquinas, o equivalente a um ano inteiro de vendas de equipamentos – ainda funcionam com o XP.
Na Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos dona das marcas Brastemp e Consul, a previsão é que a mudança para o Windows 7 seja concluída hoje. Ao todo, serão migradas quatro mil máquinas nas operações da companhia em toda a América Latina, segundo Renata Andrea Marques, gerente de tecnologia da companhia para a região. O processo teve início em meados do ano passado como parte de um projeto global.
O fim do suporte da Microsoft significa que a companhia deixará de fazer atualizações de segurança para o sistema operacional. Toda terça-feira, a companhia solta pacotes de correções que fecham as portas descobertas por hackers para fazer ataques a computadores de empresas e residências – é a chamada “Patch Tuesday”. A partir de amanhã, o XP não receberá mais esses pacotes, nem qualquer outra atualização, tornando-se vulnerável a novos tipos de ataques virtuais. Por isso a necessidade de fazer a mudança.
“Temos feito muitos projetos desde o fim do ano, mas nos próximos seis meses a demanda deve dobrar”, diz Agostinho Artur Schnaider, sócio-proprietário da integradora KeepIT, de Blumenau. Segundo ele, a demanda tem vindo de companhias de todos os portes e setores: desde pequenos escritórios de advocacia com algumas dezenas de máquinas, até grandes indústrias com milhares de equipamentos. “Até hoje a gente recebe demanda de empresas que, ao abrir um escritório novo, querem colocar o XP em máquinas novas que eles compram porque o resto da empresa usa o sistema”, diz Schnaider.
Maior ganho
Desde que o sistema foi lançado, em 2001, a Microsoft já atualizou o Windows três vezes: o Vista, em 2006, o 7, em 2009 e o 8, em 2012. Ainda assim, a máxima do “time que está ganhando não se mexe” fez sentido para muitos diretores de departamentos de tecnologia (CIO). “[O CIO] é pressionado a manter a operação e a entregar inovações. Se o sistema está estável, sem dar muita dor de cabeça, pra que mexer? Melhor investir em outra coisa. Mas com o fim do suporte, há um risco muito grande”, diz Alexandre Campos Silva, analista da empresa de pesquisa IDC.
Renata, da Whirlpool, diz que migrações como essa exigem muitos testes para minimizar impactos. “É um esforço muito grande”, diz. Segundo ela, a escolha do Windows 7 e não do Windows 8 como sucessor do XP está relacionada a isso: dos sistemas usados pela companhia, só 20% são compatíveis com o novo Windows. Os testes de compatibilidade também mostraram que dois programas não poderiam ser migrados nem para o 7. Por isso, duas máquinas em todo o parque continuarão a usar o XP. “Vamos mantê-las até conseguir fazer a migração”, disse a executiva. Ela observa, no entanto, que manter as máquinas em funcionamento não trará riscos à Whirlpool pois funcionarão de maneira isolada das restantes.
Na incorporadora Tecnisa, que fez o processo de migração para o 8 em seus 1,2 mil computadores no segundo semestre do ano passado, duas máquinas com o XP também serão mantidas. Mas, segundo Osvaldo Rodrigues, gerente de TI da companhia, o prazo para a retirada delas já está definido: o segundo semestre de 2014. Segundo Osvaldo Rodrigues, gerente de tecnologia da Tecnisa, os equipamentos vão funcionar de forma isolada dos outros sistema até o fim do ano. “Eu não ia parar a instalação porque o fornecedor não conseguiu atualizar o sistema que a gente usava”, diz o executivo.
Segundo Rodrigues, o principal ganho com a atualização dos sistemas foi a padronização dos sistemas operacionais usados nas máquinas. Até o ano passado, não havia um registro do que era usado, o que atrapalhava a manutenção das máquinas. A companhia também adotou o Office 365, versão do pacote acessível pela web.
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Suporte pode ser comprado, por um ano
Apesar do anúncio do fim do suporte ao Windows XP, as empresas que ainda mantiverem o sistema rodando em suas máquinas terão algum respaldo da Microsoft por pelo menos mais um ano. Segundo Fábio Gaspar, gerente de produto Windows da companhia, há uma opção de suporte estendido que pode ser comprada à parte.
Sob esse contrato, os técnicos da Microsoft vão desenvolver atualizações sob demanda para as necessidades dos clientes.
A Microsoft também tem oferecido suporte financeiro a quem quer deixar o XP de lado. “A pré-condição para ter acesso a esses apoios é apresentar um plano de migração”, diz Gaspar.
Ao consumidor residencial não restam muitas saídas além de trocar o PC, ou comprar uma licença do Windows 8 para instalar o sistema. Um paliativo para quem ainda quer dar uma sobrevida à máquina atual é usar o Baidu Antivirus. Criado pela empresa de internet chinesa Baidu, o software vai continuar a proteger equipamentos com o XP após o fim do suporte oficial da Microsoft. Segundo a companhia, esse investimento é importante frente à grande base de usuários que o sistema ainda tem no mundo.
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Gustavo Brigatto, do Valor Econômico