O fundador da enciclopédia virtual colaborativa Wikipédia criticou decisão da mais alta corte europeia que deu aos internautas o direito de exigir da Google a eliminação de links com informações sobre eles. Jimmy Wales classificou a sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), tornada pública na terça-feira, como “uma das mais amplas censuras à internet que eu já vi”.
“Se você analisar a fundo, isso (a decisão) não faz muito sentido. Ela diz que você pode reclamar de alguma coisa dizendo apenas que é irrelevante, e a Google tem que tomar uma providência quanto a isso”, disse Wales em entrevista à rádio britânica BBC 5. “Eu suspeito que isso não vai durar muito tempo.”
Na avaliação de Wales, a Google não é responsável pela publicação das informações que organiza: “A Google apenas nos ajuda a encontrar coisas que já estão online.”
Resolução só se aplica a mecanismos de busca
Wales previu que a Google enfrentará dificuldades para dar conta da enorme demanda pela retirada de links e disse esperar que a empresa resista. Caso contrário, observou o criador da Wikipédia, “ela terá que começar a lidar com todo mundo que reclamar de uma foto postada na semana passada”.
Segundo a agência de notícias Reuters, a Google já está recebendo solicitações de retirada de links do ar por usuários que se consideram prejudicados por eles. A empresa não está obrigada a acatar todos os pedidos, mas o TJUE não detalhou quais parâmetros serão levados em consideração para isso.
A sentença menciona, no entanto, que deve-se ter cautela quando o solicitante é uma figura pública, de modo a impedir, por exemplo, que um político recorra à nova regra para extinguir da internet links para notícias desabonadoras sobre seu passado.
A resolução europeia não tem impacto legal em países fora daquele continente. Ela também diz respeito apenas a mecanismos de buscas; os sites onde as informações foram originalmente publicadas (páginas de jornais e portais, por exemplo) permanecerão intactos após a eliminação do link nas pesquisas.