Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

‘Final da Copa deve quebrar recordes de tuítes’

A executiva Katie Jacobs Stanton, vice-presidente responsável pela expansão do Twitter em mercados internacionais, é apaixonada pelo Rio (passou aqui sua lua de mel). Em visita ao Brasil, ela contou ao GLOBO que a rede social espera quebrar seus recordes de mensagens durante a final da Copa do Mundo e que trabalha para que o site mude a relação entre candidatos e eleitores em outubro.

A empresa deu até treinamento para 300 políticos e assessores no Senado esta semana. O Brasil é um dos principais mercados do mundo para o Twitter, que tem 255 milhões de usuários. Mas nem tudo são flores: estudo divulgado ontem pela da Universidade Estadual de Michigan (EUA) indicou que jovens desconfiam das informações que leem no microblog. Setenta e quatro estudantes compararam textos no formato de tweets com versões em esquema web e acreditaram mais no estilo tradicional.

Por que o Twitter investe na criação de índices sobre televisão em vários países do mundo, como o que anunciou semana passada no Brasil, em parceria com o Ibope?

Katie Jacobs Stanton – Descobrimos que o Twitter se tornou a melhor companhia de quem assiste a televisão, não importando se o programa é uma novela, um jogo de futebol ou o “Big Brother”. Essas conversas suscitaram o interesse das TVs em medir esse fenômeno. Queriam uma métrica independente sobre o sucesso dos programas.

Por que isso é estratégico?

K.J.S. – Nós somos a única plataforma ao vivo, pública e de diálogo da internet. Assim, é importante que nossos parceiros entendam e possam medir esses diálogos. Isso ajuda um canal de TV a saber o real impacto de sua programação, por exemplo. Também proporciona mais informações aos anunciantes desses programas. Para o Twitter, é ótimo porque acabamos conhecendo melhor nosso usuário, aprendendo de quais tipos de programas eles gostam etc.

O que o Twitter espera da Copa?

K.J.S. – A seleção brasileira tem a conta de Twitter mais seguida do mundo no Twitter (cerca de 1,4 milhão de internautas). Esperamos que a final da Copa quebre todos os recordes, tanto em termos de volume de mensagens quanto no de pessoas participando de conversas sobre o evento. Vamos primeiro ajudar nossos usuários a descobrir os melhores perfis para seguir, sejam de um jogador favorito, de um clube ou mesmo de uma cidade-sede. Bastará ter um smartphone para viver a experiência.

Como vocês estão se preparando para as eleições?

K.J.S. – O que fazemos em eleições, e estamos fazendo no Brasil, é trabalhar com todos os partidos, mostrando as melhores práticas para se chegar aos eleitores. Também compartilhamos com grupos de interesse, seja na imprensa, seja em outros setores da economia, os benefícios da plataforma. Com canais de TV que transmitem debates, compartilhamos ferramentas que permitem exibir ao vivo a reação do telespectador sobre o que dizem os candidatos, se concordam ou não, se é verdade ou não.

De que maneira isso muda o processo eleitoral?

K.J.S. – O que vimos em outros países, como nos Estados Unidos, é que o ciclo de notícias de 24 horas rapidamente se transforma em um ciclo de 140 caracteres. As pessoas não esperam mais o dia seguinte para falar o que acharam do debate. Para os candidatos, a plataforma acaba funcionando como uma pesquisa de opinião em tempo real. As campanhas conseguem alterar ou reforçar uma mensagem no exato momento em que ela atinge os eleitores.

Vocês planejam algum tipo de “aula” sobre Twitter para os políticos brasileiros?

K.J.S. – Adam Sharp, gerente sênior de governo do Twitter, esteve esta semana em Brasília para falar com mais de 300 políticos e assessores sobre as melhores práticas. É a primeira vez que isso acontece no Brasil. Aqui, a presidente Dilma já faz um excelente trabalho, postando mensagens e até publicando vídeos no Vine. Ela também faz algo que nem todo líder tem feito, que é conversar com usuários individuais.

Os brasileiros são o segundo maior público no Twitter. O que eles têm de diferente?

K.J.S. – Existem muitas diferenças, mas elas não surpreenderiam quem já esteve com brasileiros. São mais receptivos, expressivos e falam livremente sobre suas opiniões. E isso se reflete no Twitter. Os brasileiros tuítam muito, sobretudo sobre os assuntos que amam, como futebol, TV, música.

A neutralidade da rede está sob escrutínio em vários países, inclusive EUA e Brasil. Isso representa algum risco à sua estratégia de crescimento?

K.J.S. – Acreditamos que a livre troca de informações tem um impacto positivo no mundo. Então apoiamos uma internet livre. O risco à neutralidade é ruim para todos, não só para o Twitter.

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Rennan Setti, do Globo