Num mundo em acelerada globalização impulsionada pela revolução digital, costumes se padronizam em meio a uma crescente troca de informações pela internet, na qual se expandem as redes sociais. Tanto quanto isso, a multiplicidade de aparelhos capazes de rodar incontáveis aplicativos, cada vez mais diversificados, tende a nivelar o acesso aos mais diversos tipos de serviços, em todos os continentes, nos países mais desenvolvidos e menos.
Na semana passada, ocorreu o fenômeno de taxistas cariocas protestarem em carreata contra aplicativos que organizam a carona remunerada, ao mesmo tempo em que o mesmo acontecia em várias cidades europeias, nas quais 30 mil taxistas fizerem greve. O alvo dos europeus é o Uber, lançado no Rio também na semana passada, onde concorrerá inicialmente com o Zaznu. Questões jurídicas à parte, a tendência deve ser a multiplicação das opções de aplicativo, uma das regras na internet.
Mais do que coincidência, a irritação de taxistas brasileiros e europeus se deve a um caso típico de quando um avanço tecnológico torna rapidamente obsoletos sistemas de produção, negócios inteiros. No jargão de especialistas, trata-se do poder de “disrupção” das invenções. Foi assim com o motor à explosão, causa inicial da falência das firmas de charretes e carruagens puxadas à força animal, desmanteladas pelo automóvel.
A internet, o sistema que permite a interligação de computadores, não para de evoluir desde o lançamento, na década de 90. E muitos setores já foram obrigados a mudar para tentar sobreviver, devido, entre outras características, ao poder da rede mundial de internautas de eliminar intermediários entre produtores e consumidores.
No negócio de táxis, os aplicativos que colocam o usuário em contato direto com o taxista são grande ameaça às cooperativas e mesmo à exploração de pontos de bairros. A questão da carona tende a ir para a Justiça e também a inspirar legisladores, sempre atentos em atrair votos de categorias profissionais. Mesmo, porém, que os atuais aplicativos sejam declarados ilegais, algo surgirá na internet para substituí-los.
Os grupos de comunicação, com destaque para a mídia impressa, há algum tempo tratam de se aperfeiçoar, se reinventar, a fim de utilizar a tecnologia digital, ameaçadora num primeiro momento, a seu favor.
O mundo passa por um daqueles momentos históricos de revolução tecnológica. Têm ocorrido casos de “destruição criadora”, termo do economista austríaco Joseph Schumpeter, da primeira metade do século passado, para designar inovações que tornam empresas e negócios obsoletos, mas trazem avanços importantes para a sociedade. Quebram paradigmas.
E o Estado não deve barrar este processo evolutivo, porque o país como um todo paga alto preço pelo atraso tecnológico.